O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta, sendo que um número expressivo de suas espécies é usado como alimento, matéria-prima para construção, medicamentos ou aromatizantes.
Atualmente, percebe-se grande interesse mundial pelas plantas medicinais por seu valor terapêutico, no entanto, muitas vezes essas espécies são exploradas de forma destrutiva ou retiradas do país, retornando na forma de produtos patenteados. Essas espécies são economicamente interessantes, porque o comércio de medicamentos fitoterápicos brasileiros movimenta cerca de U$260 milhões ao ano.
O conhecimento das técnicas de cultivo, a adaptação dos materiais genéticos à região e ao clima e a utilização de sementes são requisitos básicos para alcançar alta produtividade e obter produtos com as concentrações de princípios ativos dentro dos padrões exigidos para a comercialização das espécies medicinais.
A semente é o elemento de multiplicação das plantas medicinais, a qual deve possuir todos os atributos de qualidade para o estabelecimento da espécie, com as características que contribuam com o bom rendimento e qualidade dos princípios ativos ou dos óleos essenciais.
A multiplicação de um grande número de espécies medicinais encontra sérias limitações, em razão do pouco conhecimento que se dispõe das características fisiológicas, morfológicas e ecológicas de suas sementes. As informações sobre o processo germinativo ainda são escassas e insuficientes se comparadas com as espécies ornamentais e hortaliças.
Nas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992) são indicadas as condições para a avaliação da qualidade de algumas espécies, dentre elas, hortelã, anis, funcho, melissa e losna (Tabela 1), porém ainda não contempla um grande número de espécies. Sendo assim, não estão relacionadas às condições para avaliação de espécies importantes, tais como poejo, marcela, guaco, boldo, entre outras. Sem saber as recomendações de temperatura, água, luz e substratos mais convenientes, as dificuldades se acentuam.
Tabela 1. Condições necessárias para o teste de germinação para algumas espécies medicinais encontradas nas Regras para Análise de Sementes.
Espécie | Nome Popular | Substrato | Temperatura(°C) | Dias para contagens | Superação de dormência |
Melissa officinalis | melissa | EP, SP,EA* | 20-30, 20 | 07 – 21 | luz |
Mentha piperita | hortelã | SP, EP, EA | 20-30 | 14 – 21 | KNO3, luz |
Pimpinella anisum | anis | SP, EP | 20-30 | 07 – 21 | – |
Foeniculum vulgare | funcho | SP, EP | 20-30 | 07 – 14 | – |
Artemisia absinthium | losna | SP | 20-30 | 07 – 21 | – |
* SP: sobre papel; EP: entre papel; EA: entre areia.
A qualidade indicada nas embalagens nem sempre representa a real porcentagem de emergência no campo e a falta de métodos para comprovação facilita o comércio livre com sementes de baixa qualidade.
São necessários estudos que estabeleçam técnicas agronômicas para garantir a qualidade e a quantidade do material produzido e avaliar corretamente como os fatores ambientais, genéticos e técnicos influenciam no produto final. Os resultados de pesquisa nesta área podem estabelecer políticas de exploração sustentável, atividades de produção econômica, permitindo, também, a capacitação de processos e a formação de conhecimento útil permitirão a substituição da importação de sementes e do extrativismo na produção de plantas medicinais.
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DND/CLAV. 1992. 365p.
Autora:
Raquel Stefanello – Bióloga, MSc – Agronomia/UFSM. E-mail: raquelstefanello@yahoo.com.br