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Vamos precisar de uma terceira dose da vacina?



Dose de reforço pode ser uma aliada no combate às novas variantes. Imagem: Hakan German / Pixabay.

Com o avanço na vacinação contra a Covid-19, alguns países estão estudando a possibilidade de aplicar uma dose de reforço, ou terceira dose. Israel, que atualmente possui 60% da população totalmente imunizada, iniciou os testes no final de julho. Segundo dados disponíveis na CNN Brasil, os 4.500 israelenses que receberam a injeção de reforço da Pfizer entre 30 de julho e 1º de agosto, têm mais de 60 anos e participaram de uma pesquisa em forma de enquete. Os resultados mostraram que 88% dos participantes se sentiram “semelhantes ou melhores” em comparação à segunda dose, ou seja, os efeitos colaterais da dose de reforço parecem estar dentro do esperado. 

Ran Balicer, diretor de inovação da Clalit, o maior provedor de saúde de Israel, relatou para a CNN que, embora ainda não tenhamos pesquisas da eficácia e segurança da terceira dose a longo prazo, essas descobertas são fundamentais para o avanço da imunização. O país busca reforçar a proteção para conter o avanço de propagação da variante Delta, nova cepa do coronavírus que está causando preocupação mundial. 

Confira a reportagem da Agência da Hora sobre a variante Delta  

O Chile, um dos países com a campanha de proteção contra o coronavírus mais adiantada do mundo, onde 67% da população já está completamente vacinada, anunciou o programa de reforço na imunização, pelo qual cidadãos com mais de 55 anos receberão a terceira dose da CoronaVac e AstraZeneca. Segundo as informações disponíveis na BBC News Brasil, o país está seguindo estudos e orientações dos cientistas de instituições locais que, apesar de observarem uma certa queda no número de casos e mortes, também aceleraram a discussão sobre a dose de reforço em decorrência da chegada da variante Delta. 

Além disso, outro fator que motivou a aplicação da terceira dose foi um estudo da Universidade Católica do Chile e do Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia, que mostrou uma queda na produção de anticorpos e na imunidade celular seis meses após a aplicação das duas doses da CoronaVac. Mesmo assim, a vacina continua tendo uma eficácia considerável e a ideia do Ministério da Saúde do Chile é de reforçar a imunização para evitar um ataque do vírus. 

O médico André Freitas, doutor em Epidemiologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), esclarece que a possível aplicação de uma terceira dose possui dois objetivos principais, que são aumentar o nível de proteção contra as mutações do vírus que já estão em circulação e reforçar a imunidade contra as possíveis novas cepas. Segundo ele, “[a terceira dose] aumenta os anticorpos contra as linhagens do vírus já existentes, uma vez que é observada a chamada imunidade minguante que é quando o os níveis de anticorpos vão caindo ao longo do tempo fazendo com que a proteção contra o vírus seja menor”. 

André também acredita que a população terá que permanecer recebendo o imunizante para o novo Coronavírus como acontece atualmente com doenças como a gripe, por exemplo, para a melhora da imunidade e também a “atualização” da proteção para as variações do vírus que estejam circulando. Porém, a periodicidade da aplicação, segundo o especialista, ainda é especulativa e as doses poderão ocorrer de forma anual ou até semestral. 

A população provavelmente terá que permanecer recebendo o imunizante para a Covid-19 de forma periódica. Imagem: Pixabay

Posicionamento da Organização Mundial da Saúde 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu uma moratória mundial para uma terceira dose das vacinas contra a Covid-19. O apelo ocorreu por conta da desigualdade na disponibilidade de vacinas, pois, segundo informações disponíveis no EL PAÍS, os países ricos administraram quase 100 doses por 100 habitantes, em comparação com 1,5 dose por 100 habitantes nos países mais pobres. 

A OMS não apoia a aplicação da terceira dose enquanto as populações mais vulneráveis do mundo continuarem desprotegidas. Imagem: Lisa Marie David / AFP.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, explicou para o EL PAÍS que do total de 4 bilhões de doses de vacinas administradas no mundo, mais de 80% foram para países de rendas alta e média. Em razão disso, a moratória deve permanecer até que pelo menos 10% dos habitantes de cada país estejam completamente vacinados. “Entendemos a preocupação dos governos em proteger suas populações da variante delta, mas não podemos aceitar que os países que já utilizaram a maioria dos fornecimentos das vacinas usem ainda mais enquanto as populações mais vulneráveis do mundo continuam desprotegidas”, declarou o diretor-geral à imprensa. 

Mas grandes potências mundiais ignoraram o apelo da organização. Os Estados Unidos rejeitaram a proposta no dia que a mesma foi divulgada, enquanto a Alemanha e a França anunciaram a intenção de aplicar a terceira dose a partir de setembro. A consequência dessas decisões é o aumento da desigualdade na distribuição de imunizantes, onde países pobres demorarão ainda mais para alcançar o percentual indicado de vacinação. 

E no Brasil, será aplicada a terceira dose? 

O Ministério da Saúde iniciou, no dia 16 de agosto, um estudo inédito para avaliar a necessidade de uma terceira dose das vacinas para Covid-19 para quem tomou duas doses da CoronaVac. Entre 1.200 voluntários, uma parcela receberá doses adicionais de uma vacina diferente daquela com que completaram o esquema de imunização e, outra, uma terceira dose da mesma, a fim de descobrir se o nível de proteção aumenta ou permanece o mesmo com a dose extra. A pesquisa tem o objetivo de verificar o potencial de uma terceira aplicação, que pode ser de qualquer um dos imunizantes em utilização no país. 

Em entrevista à CNN, a responsável pelo estudo em São Paulo, Dra. Lily Yin Weckx, explica que pessoas imunocomprometidas, pessoas transplantadas, idosos e outros grupos que recebem constantemente muitas pressões respondem de forma inferior aos imunizantes e os tipos de anticorpos caem mais rápido. Para a especialista, esses grupos teriam, então, a possibilidade de uma terceira dose. 

De acordo com a Anvisa, existem atualmente três estudos autorizados no Brasil para investigação de doses extras, além do novo realizado com o imunizante da Sinovac, dois da AstraZeneca e um da Pfizer, sendo que o estágio de andamento dos estudos é de responsabilidade dos laboratórios patrocinadores de cada pesquisa. 

Com pouco mais de 52 milhões de doses aplicadas, ou 36% do total, a CoronaVac é atualmente a segunda vacina contra a Covid-19 mais utilizada em território brasileiro. A discussão sobre a necessidade do reforço, porém, está menos avançada em relação a outros países. A previsão é de que até o final de 2021, com os resultados dos testes atualmente em andamento, o país tenha uma decisão oficial sobre a necessidade ou não de uma terceira dose. Por enquanto, os esforços seguem na imunização completa (com duas doses) de toda a população. 

Reportagem: Caroline Schneider Lorenzetti e Kelvin Verdum

Edição: Luciana Carvalho

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