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Comunicação: Uma questão social



Reportagem: Amanda Xavier e Elisa Campos – Fotografia: Amanda Xavier;

Comunicação não é apenas uma matéria dos cursos da Comunicação Social é uma capacidade essencial que afeta diretamente a vida de uma pessoa. Dificuldade para comunicar-se pode também ser sinônimo de dificuldade de viver em sociedade. A Clínica Escola, do Curso de fonoaudiologia da UFSM, busca isso: tratar essa questão social e trazer dignidade  à comunidade que necessita desse tratamento.

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“Ele estuda de manhã, de tarde ele vai ao ASEMA (Apoio Sócio Educativo em Meio Aberto) no Pão dos Pobres e daí fica fácil de eu pegar ele mais cedo. Eu tiro três dias da semana pra ele, de tarde no caso, ele vem segunda e quarta aqui, e quinta ele vai à psicóloga na FISMA, aqui eu não consegui. Tá no quinto ano já de tratamento, desde os três anos ele faz tratamento da linguagem, da fala” – essa é a rotina de Otávio Dornelles, sete anos, contada por sua mãe Lisangela Dornelles, 42 anos, que o acompanha há cinco anos em seu tratamento fonoaudiológico.  Lisangela é diarista e não mede esforços para ajudar seu filho: três dias por semana deixa de ir ao trabalho, pega um ônibus e vai de sua casa até ao Prédio de Apoio da UFSM, localizado na Rua Mal. Floriano Peixoto.  Ao chegar, muitas vezes, tem ainda a difícil tarefa de subir sete andares de escada com Otávio, já que é recorrente o elevador do prédio estar em manutenção, para enfim chegar ao Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF), a Clínica Escola do curso de Fonoaudiologia.

A clínica, cuida de casos fonoaudiológicos e “oferece atendimentos a partir de disciplinas práticas, estágios curriculares, projetos de extensão e de pesquisa, aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)” como explica Ana Paula de Souza, ex diretora da clínica e atual chefe de departamento do curso de fonoaudiologia. Ela esclarece ainda que eles chegam encaminhados por outros serviços de saúde e educação da cidade e da região, por profissionais como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros.”Os pacientes abrangem vasta faixa etária, desde bebês até idosos. Eles são acolhidos, escutados e avaliados para definir a área de atendimento necessária para cada caso” detalha.

Assim como Otávio, milhares de pessoas usam o SAF para atender a demanda dos seus tratamentos. A Clínica Escola oferece um espaço para as práticas clínicas dos alunos de Fonoaudiologia nas grandes áreas de conhecimento clínico: linguagem, voz, motricidade orofacial e audição. A clínica atende pacientes da 4ª Coordenadoria Regional de saúde (4ª CRS), que abrange 32 municípios, ou seja, mais de 540 mil pessoas. De acordo com Ana Paula, o SAF realiza, em média, mil atendimentos mensais, divididos nos estágios do setor terapêutico, nos projetos de pesquisa e de extensão, atendimentos auditivos nos estágios e os atendimentos na saúde auditiva, realizados pelo setor de prótese auditiva ligado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

Em contraponto com a quantidade de pacientes atendidos mensalmente, o SAF possui ao menos mil pessoas na fila de espera acesso ao atendimento. A saúde é um direito fundamental do ser humano, e o Estado deve prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, de acordo com a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. O senhor Valdelírio Durigon, de 73 anos, gostaria que essa lei fosse cumprida. Morador de Santa Maria, espera há três anos por uma prótese auditiva e somente agora conseguiu consulta para medição de seu aparelho. “Eu tenho que andar sempre fazendo perguntas, ‘O que? Como?’, porque quando eu converso aqui contigo é fácil, mas se tem mais pessoas, se eu me encontro com uma pessoa com um timbre diferente dificulta muito minha audição”, desabafa o aposentado sobre como essa espera o prejudica. O SUS não disponibiliza número suficiente de profissionais da área para suprir a demanda das cidades da 4ª CRS, com isso, Santa Maria acaba sobrecarregada e os pacientes da cidade e região podem, como Valdelírio, ficar anos na espera. A precarização do SUS implica na falta de suporte desses municípios, principalmente no que diz respeito da contratação de profissionais de áreas específicas, como fonoaudiólogos. Isso acarreta na inferiorização de tratamentos de cunho intelectual e comunicacional, muito importantes na construção do desenvolvimento social de uma pessoa.

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A Clínica consegue oferecer atendimento de qualidade, já que conta com profissionais da fonoaudiologia, de psicologia, residentes da otorrinolaringologia, docentes e os contratados pela EBSERH. Ana Paula ressalta ainda que também existem parcerias com outros profissionais que participam dos projetos de extensão ou de pesquisa, como do Programa de Pós-Graduação (PPG), o qual abrange psicólogos, fisioterapeutas, educadores, terapeutas ocupacionais e outros. “Dificilmente um paciente vem aqui e não é atendido, as alunas são bem responsáveis nesses pontos”, explica a Auxiliar em Saúde, Roseli Preste, de 42 anos, que atua na Clínica há um ano e meio.

O atendimento satisfaz a todos, devido à competência e responsabilidade dos profissionais. Segundo Ana Paula, as pesquisas têm permitido parcerias internacionais com pesquisadores dos Estados Unidos, França, Portugal, Chile e Canadá, o que acaba por se refletir nos atendimentos mais qualificados, já que a maior parte delas é de aplicação clínica. Pode-se notar o resultado da qualidade no respaldo que os pacientes dão aos atendimentos: “Eu gosto! Ele adora! Não quer faltar nunca, ele adora ir à ‘fono’, ir à aula. E como é uma coisa boa para ele, eu tô dentro! Aqui é muito bom” elogia Joselaine de Oliveira, 44, moradora de Santa Maria, que leva Natan Oliveira, seu filho de oito anos, uma vez por semana para tratamento de fala na clínica escola.

De acordo com a vivência do estagiário Brian de Castria Pain, 20 anos, estudante do 3º semestre do curso de Fonoaudiologia, “tem comunidades que não oferecem condições da criança se desenvolver de forma adequada e isso gera bastante atraso, tanto na linguagem como no desenvolvimento. Isso afeta na comunicação, no aprendizado, pode acarretar problemas psicológicos tanto para a criança como pra família, o paciente em si pode se reprimir”. Trata também de restabelecer relações sociais e familiares, visto que muitas vezes problemas fonoaudiólogos resultam em dificuldades intelectuais que atingem diretamente essas relações. Tem um grande impacto na vida das pessoas, maior do que se imagina comumente. Como na vida do pequeno Otávio, do senhor Valdelírio e de Natan, ela tem o poder de transformar ao ajudar uma criança a falar, devolver dignidade para pessoas com dificuldades e facilitar a sua comunicação com o mundo.

A partir do ano que vem, os atendimentos deverão ocorrer no Campus, visto que a construção de um prédio novo para as dependências do curso, Departamento e serviços, está em fase de conclusão. Para entrar em contato com a clínica o telefone é: (55) 3220 9239.

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