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Atenção à saúde mental



Reportagem: Lucas Reinehr – Ilustração: Pedro Ernesto Lameira

A conciliação entre a vida acadêmica e a pessoal pode fragilizar a estabilidade emocional de diversos acadêmicos e afetar sua saúde mental. Nesse contexto, é extremamente importante que a universidade ofereça apoio e atendimento aos estudantes que passam por problemas que afetam sua saúde mental. A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) possui alguns órgãos institucionais preocupados com essas questões, no entanto, a maioria dos estudantes desconhecem essas entidades.

Somente pelo Sisu, em 2016, cerca de 4 mil estudantes ingressaram na UFSM. Para muitos, essa é a primeira experiência relacionada à independência. Sair de casa, conhecer pessoas novas, fazer amigos, adaptar-se à vida acadêmica e ter que conciliar os estudos com a vida pessoal. São diversos desafios postos à frente de quem, provavelmente, não teve essa experiência antes.

A rotina universitária é, muitas vezes, romantizada e idealizada fora do arco da UFSM. No entanto, o que acontece é que, com cargas horárias que ocupam os dois turnos de segunda a sexta-feira, disciplinas que exigem muito estudo e problemas que envolvem relações interpessoais, os estudantes também podem adoecer. Quando isso acontece, é necessário que algum órgão esteja disponível para dar suporte à saúde mental dos estudantes.

Na UFSM, existem três órgãos que lidam com esses problemas a fim de oferecer apoio e atendimentos para estudantes. Um deles é o Setor de Atendimento Integral ao Estudante (Satie), que é responsável pelo atendimento exclusivo de acadêmicos. Ele está localizado no segundo andar do prédio da União Universitária, no Campus Central, e é dividido entre quatro eixos principais de assistência: o projeto Nenhum A Menos, o Plantão Psicossocial, as Oficinas e o eixo de Atenção em Saúde Bucal. Desses, somente o último não está ligado aos cuidados da saúde psicoemocional.

Cada um desses eixos tem uma função essencial na qualidade de vida e permanência do estudante na universidade. O psicólogo do Satie, Eduardo Bagolin, fala sobre o que cada eixo representa e qual sua importância no combate à evasão dos universitários. Segundo Bagolin, o Setor se reestruturou e passou por uma ampliação após a tragédia da Kiss, em 2013, e agora possui esses setores.

O projeto “Nenhum A Menos” é direcionado exclusivamente aos estudantes que possuem Benefício Sócio Econômico (BSE). Ele existe porque, legalmente, alunos que não estiverem de acordo com a resolução 035/2015 do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), perdem o benefício. A resolução prevê que, aqueles que não cumprirem com certas exigências do curso – como 50% de aprovação nas disciplinas e carga horária semestral de, no mínimo, 240 horas -, perdem o BSE.

O que não pode ser ignorado, no entanto, é que alunos que possuem BSE também passam por situações de vulnerabilidade e necessitam de atendimento e compreensão. Nesse contexto, o projeto Nenhum A Menos, com a ajuda de assistentes sociais e psicólogos, acolhe e acompanha os estudantes em alguma situação de fragilidade e garante o benefício para eles mesmo que não cumpram com as exigências.

Além desse projeto, os atendimentos do Satie também contam com o Plantão Psicossocial. De acordo com Eduardo, este setor funciona de acordo com as demandas e trabalha diretamente com questões emocionais e sociais. O suporte do Plantão Psicossocial contempla também alunos que não possuem o BSE. O psicólogo afirma que as necessidades que mais aparecem ao setor são relacionadas à pressão acadêmica e familiar, dificuldades em relacionamentos e direcionamento de carreira. Ele afirma, ainda, que a auto exigência em relação aos estudos gera diversos problemas aos estudantes. “Conciliar vida acadêmica e vida pessoal talvez seja o nosso maior desafio com nossos pacientes”, coloca. O plantão acolhe os alunos, geralmente, em momentos de crise, mas também possui a possibilidade de agendamentos. Em último caso, os estudantes também são enviados à rede municipal de saúde, através de encaminhamentos a psicólogos e psiquiatras do SUS.

O serviço funciona de segunda a sexta, das 8h às 20h, sem fechar ao meio-dia, e não é necessário agendamento para momentos de crises. Para consultas periódicas, os estudantes devem reservar sua consulta com o setor. Segundo Eduardo, a mudança no horário de atendimento e o espaço do meio-dia, sem encerrar as atividades, fez com que mais estudantes pudessem buscar apoio.

O último eixo do SATIE, que envolve a saúde mental dos estudantes, é o das oficinas. Essa linha promove um espaço de vivência de expressões culturais, artísticas e esportivas para a população universitária. Entre as ações coletivas promovidas, estão oficinas de dança do ventre, de xadrez, pilates, culinária e, também, o Efêmero Café. Segundo Eduardo, as oficinas são para qualquer acadêmico que tenha interesse em participar e a intenção das atividades é fomentar o lazer dos estudantes e fazer com que isso ajude na busca pela estabilidade emocional. “Esses eixos se ligam no que o aluno tem de saudável, não de doente”, afirma.

O Satie tem, portanto, o desafio de oferecer um serviço de acolhimento e suporte aos estudantes da UFSM. Eduardo afirma que o foco do setor é proporcionar qualidade de vida para o universitário, com a prevenção através das oficinas e com acompanhamento para situações mais fragilizadas.

Outro órgão responsável por auxiliar os acadêmicos é o Ânima, que passou a ser reconhecido com esse nome e como setor de atendimento psicopedagógico aos estudantes desde 1998. O espaço faz parte do Núcleo de Aprendizagem da Coordenadoria de Ações Educacionais, e tem suas ações voltadas a contribuir com a promoção, potencialização, qualificação e ressignificação dos processos de ensino e aprendizagem na UFSM. Embora o foco do setor não seja o atendimento psicossocial, os serviços oferecidos pelo programa são atendimento psicológico, psicopedagógico, de orientação profissional e educação especial.

Segundo a coordenadora de Ações Educacionais da Universidade, Silvia Maria de Oliveira Pavão, há cerca de 344 alunos, em atendimento de diferentes naturezas, que vão desde apoio pedagógico até orientações mais específicas. O estudante de Engenharia Química, Millôr Silveira, participou de atividades do Ânima em 2016 e conta que as ações do programa foram bastante produtivas e o ajudaram a perceber em qual perfil se encaixava melhor. Além disso, ele afirma que o programa o ensinou a fazer um planejamento de estudos.

O Ânima fica localizado na sala 1109 do prédio 67 e, para solicitarem atendimento no programa, os estudantes devem entrar na página do Ânima (www.ufsm.br/anima) e preencher o formulário de Solicitação de Atendimento. Após o preenchimento do formulário e disponibilidade de horário, o núcleo entra em contato com o estudante e agenda o atendimento.

Além do Satie e do Ânima, a UFSM conta também com a Clínica de Estudos e Intervenções em Psicologia (Ceip) junto ao curso de Psicologia da instituição. A Ceip foi criada no ano de 2001, sob a coordenação do Departamento de Psicologia, a partir da primeira turma de acadêmicos a passarem pela experiência de Estágio Específico do Curso de Graduação em Psicologia. No início, a clínica possuía o nome de Serviço de Atendimento Clínico-Institucional (Saci), porém, o setor foi reestruturado até se tornar o que é agora. A equipe da Ceip é formada pela coordenação geral do curso de Psicologia, por uma coordenação técnica, um secretário, bolsistas, estagiários e extensionistas graduandos do curso de Psicologia.

O serviço realizado pela Clínica é aberto a toda a comunidade, sem exclusividade para universitários. Segundo o coordenador da Ceip, Luís Fernando de Oliveira, as inscrições para atendimentos são feitas através de editais publicados periodicamente. Oliveira afirma que a procura é muito grande, e que os atendimentos são realizados por estagiários a partir do 7º semestre do curso, com supervisão de um psicólogo. As sessões são realizadas na sala da CEIP, que é localizada no térreo do prédio 74B.

#NaoÉNormal

No ano de 2016, o Diretório Acadêmico do curso de Nutrição, no campus de Palmeira das Missões, lançou uma campanha de conscientização para os estudantes sobre os cuidados em relação à saúde mental. A campanha, que chegou também ao campus de Santa Maria através do Diretório Central de Estudantes (DCE) da época, recebeu o nome de #NãoÉNormal e foi trazida à Universidade para aproximar dos estudantes o debate sobre saúde mental. Segundo um dos integrantes do Diretório Acadêmico da Nutrição da época, Arlan Machado, outras universidades também fizeram parte da campanha, como a coletiva Enefar, da Universidade Federal do Piuaí (UFPI).

Arlan conta que as hashtags foram criadas, impressas e espalhadas pelos campi. “O intuito era mostrar tanto para os nossos professores como para os pais, que a gente sofre muitas vezes em silêncio. O legal é que muitos estudantes aderiram à campanha e se identificaram com as hashtags, o que fez a gente discutir entre nós e se colocar mais um no lugar do outro”, conta Arlan. As hashtags continham frases como “Sentir culpa por sair no final de semana #NãoÉNormal”, “Deixar de comer por falta de tempo #NãoÉNormal”, entre outras manifestações de conscientização que apontavam problemas como má alimentação, falta de exercício físico e instabilidade emocional.

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