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Um convite ao autocuidado



  Um dos serviços mais importantes oferecidos pelo SATIE (Setor de Atenção Integral ao Estudante) são as oficinas que visam promover a manutenção do bem estar psicológico dos estudantes por meio de diversas atividades. Entrevistamos quatro estudantes que atuam como monitores nas oficinas, Esther Schmidt que ministra as oficinas de dança contemporânea e taekwondo; Elisa Lemos, que dá aulas na oficina de teatro; Felipe Limas, responsável pela oficina de “escriteratura” e Juliana Roeber, monitora da oficina de yoga. Eles contam os desafios na adaptação das oficinas durante a pandemia. Como ressalta o psicólogo do SATIE, Eduardo Bagolin, a ideia das oficinas é “apostar no lado que está saudável do aluno, tentar fazer com que ele consiga mobilizar os recursos psíquicos dele para não adoecer”.

  Com o foco na higiene mental para prevenir o adoecimento psicológico, as oficinas começaram a ser desenvolvidas no ano de 2015 e ofereciam três modalidades distintas. Hoje são 12 modalidades que incentivam o bem estar físico e mental dos estudantes da universidade. Segundo Eduardo, as oficinas podem ser até mais terapêuticas do que uma consulta psicológica. “O aluno aprender a se cuidar, a fazer atividades físicas traz benefícios não só nas questões fisiológicas, traz também em questões emocionais”, destaca o psicólogo.

Descrição de Imagem: Arte horizontal e colorida, de vários post-its coloridos sobre um fundo branco. Na parte superior da imagem, logomarca vermelha e redonda com a inscrição “Oficinas SATIE-PRAE” em letras vazadas. Ao lado, a frase, em preto, “Confira a programação das nossas oficinas”, seguido da palavra “On-line” em cor vermelha. Ao lado, o brasão da UFSM. Abaixo, dez post-its, divididos em duas fileiras, e fixados por alfinetes vermelhos. Na primeira fileira, da esquerda para a direita, um post-it verde, com as frases “Yoga”, na cor vermelha, seguido de “Segundas e quartas às 17 horas” em cor preta. O segundo tem cor amarela e nele, o título, “Escrita e Literatura” em azul, seguido de “Quintas às 18 horas” em preto. O terceiro é rosa, com a frase, “Taekwondo. Terças e quintas às 17 horas”, em preto. O quarto é verde, com o título, “Dança Contemporânea”, em vermelho, seguido de “Quartas e sextas às 18 horas” em preto. Encerrando a fileira, o quinto é rosa e leva a frase, “Contos e Fuxicos sextas às 18 horas”, em preto. Na segunda fileira: o primeiro post-it é rosa, com o título, “Teatro e Ballet”, em azul, seguido de “Terças às 18 horas”. O segundo é verde, com o título “Meditação”, em vermelho, seguido de “Terças e sextas às 17 horas e 30 minutos” em preto. O terceiro é amarelo, com  o título, “Xadrez”, em azul, seguido de “Sextas às 17 horas e 30 minutos” em preto. O penúltimo é verde, com o título, “Ritmos”, em azul, seguido de “Sextas às 17 horas” em  preto. O último, amarelo, possui um texto na vertical que diz “E muitas dicas…”; e, na horizontal, alinhados em cinco linhas, as palavras “+ Fotografia; + Culinária; + Pilates; + Corrida e + Karaokê” em múltiplas cores. Abaixo, a logomarca do Facebook e o endereço Oficinas SATIE-PRAE. Ao lado, a logo do Instagram e o endereço “Satie.prae”. Abaixo, a frase, “Dúvidas e informações pelo e-mail oficinas.satie@gmail.com”. Ao lado, dois retângulos vermelhos com letras vazadas e as frases “Cuide-se! #Fique em casa”.
Todas as oficinas ofertadas pelo SATIE neste semestre

  No entanto, o serviço essencial para a assistência estudantil chegou a ser ameaçado pela pandemia da covid-19 em razão da não continuidade das oficinas presenciais e manutenção das bolsas dos ministrantes. Eduardo recorda: “Chegamos até a falar para os bolsistas que nós cancelaríamos as oficinas no decorrer da pandemia, porque a universidade não iria conseguir pagar as bolsas durante esse período”. Foi apenas após reunião com a PRAE (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis) que foi decidido que as bolsas seriam mantidas devido ao momento de extrema necessidade. 

  A continuidade das bolsas foi de grande importância para a estudante do 5° semestre de Licenciatura em Dança, Esther Avila Schmidt. “Na questão financeira me ajuda bastante porque eu dou aula em dois lugares e eu tinha vários alunos e fiquei só com duas pessoas, então reduziu bastante uma parte da minha renda mensal. Então, a manutenção também me ajuda a ficar um pouquinho mais tranquila”, completa.

  Após a decisão pela manutenção das bolsas, o processo de planejamento das oficinas online foi iniciado. Primeiro, uma reunião foi realizada com todos os professores pelo Instagram onde a ideia de executar as oficinas durante a pandemia foi lançada e bem recebida pelos monitores. Depois dessa reunião, veio o desafio de planejar as oficinas e as aulas virtuais para que o aluno pudesse se organizar e participar das atividades em casa. “A pandemia acabou desafiando todos os setores”, afirma Eduardo.

  A assistente social da PRAE, Juliana Barreto, conta que se surpreendeu com a criatividade dos monitores e assegura que o trabalho desenvolvido beneficia tanto o monitor, quanto o aluno: “além de gratificante, as oficinas beneficiam não só os participantes, mas também os próprios monitores que são estudantes”.

Adaptação das atividades

  Esther Avila Schmidt, que é faixa vermelha ponta preta (última faixa antes da preta) em taekwondo, ministra as oficinas de dança contemporânea e taekwondo desde o início do ano letivo. Sobre as mudanças que a pandemia trouxe para suas oficinas, ela conta: “há algumas limitações em relação ao espaço que  têm disponível em casa”, afirma. Devido a essas dificuldades, toda estrutura de ensino e os conteúdos planejados anteriormente tiveram que ser alterados. A prática do taekwondo exige equipamentos tanto para diminuir o risco de lesões durante a prática, quanto para os ritos de iniciação e de finalização de cada aula. “Tive que adaptar muita coisa e deixar muita coisa para a porção presencial e começar a trabalhar principalmente as técnicas de uma maneira mais sutil porque eu não tenho como cuidar eles e ver se eles estão conseguindo fazer corretamente”, relata.

  Uma das maneiras que a monitora encontrou para ensinar os alunos a executar os movimentos de forma correta parece ter saído de um filme de artes marciais. “Já fiz atividades para eles tentarem apagar a chama da vela com um soco ou um chute para treinar a potência do movimento e o seu caminho para que ele ocorra corretamente”, revela.

  Já as aulas de dança contemporânea se baseiam em técnicas de contato e de improvisação, uma prática em grupo que atualmente é inviável. Por ter muitos movimentos no chão, as aulas de dança também precisam de equipamentos tanto para diminuir o risco do aluno se machucar, quanto para deixar a prática mais agradável principalmente na época mais fria do ano. “Eu tenho que pedir muitas práticas que eles fiquem na vertical sendo que a dança contemporânea é majoritariamente no chão”, conta.

  Para a estudante do 7° semestre de Licenciatura em Teatro, Elisa Lemos, o ensino à distância é uma forma diferente de se pensar teatro e que possibilita um formato novo para oficina que ministra há três semestres. Enquanto oficinas presenciais focam na prática do teatro para ajudar o estudante no cotidiano em relação à dificuldade em se expressar, timidez e ansiedade, por exemplo, durante o isolamento social, o foco passou a ser falar sobre teatro e a vivência de uma peça teatral. Para driblar a distância, as oficinas se baseiam no encontro virtual. De acordo com Elisa,  a interação é fundamental para que os alunos se sintam como parte do projeto. “Estamos tentando trabalhar numa perspectiva de grupo, que é muito do trabalho teatral”, afirma. A oficina coordenada por Elisa, com o auxílio do bolsista Diordinis Baierle, tem cerca de 40 participantes e desenvolve apresentação de quatro peças teatrais: “Pode ser que seja só o leiteiro lá fora” de Caio Fernando Abreu, uma adaptação de “Romeu e Julieta” de William Shakespeare, “Marcha para Zenturo” e “Amores Surdos” ambas de Grace Passô. 

  Criada após a instituição do regime de atividades domiciliares, “escriteratura” é resultado da unificação entre as oficinas de literatura e escrita. Ministrado pelo estudante do 7° semestre de Ciências Sociais, Felipe Nunes Limas, a oficina se divide em duas aulas de literatura e duas aulas de escrita durante o mês. Anteriormente, os textos eram lidos durante a oficina de literatura e as atividades eram feitas na aula de escrita, atualmente, a leitura do texto e a realização das atividades são feitas com antecedência para serem discutidas durante os encontros. Outra adaptação pode ser observada na oficina de yoga, a estudante do 9° semestre de Psicologia, Juliana Roeber destaca que a orientação do professor é essencial para que o praticante realize as posturas de forma correta e não corra o risco de se lesionar. Antes de poder ensinar, Juliana precisou aprender. Foi preciso encontrar uma nova forma de planejar e dar aulas. Por isso, ela define o processo como “desafiador e construtivo”.

Rotina de ensino

  Apesar de já ter experiência com gravação, edição de vídeos e Youtube devido ao seu trabalho como artista, a experiência de gravar aulas foi algo novo para Esther. Antes de gravar é preciso cuidar a organização do espaço, o quê e como vai ser ensinado, além da  preocupação constante com o bem estar dos alunos. “Tenho que planejar para espaços pequenos, para não fazer nada que utilize equipamentos, para coisas que eles possam fazer sem o risco de se machucarem, preparar o corpo deles e tudo mais. Isso demanda bastante atenção”, relata.

  Embora os alunos só vejam a monitora das oficinas de dança contemporânea e taekwondo em frente às câmeras, Esther também cuida dos aspectos técnicos das gravações: luz, o som, imagem, espaço e enquadramento da imagem. “Essas coisas mais técnicas são muito difíceis de trabalhar em casa, sozinha”, comenta. Depois de checar tudo e gravar, ainda há um longo processo de edição. “Um vídeo de aproximadamente 12 minutos eu fico umas 4 horas selecionando material e ultimamente os vídeos têm sido mais longos. Essas aulas de quarenta, de cinquenta minutos eu demoro umas seis, sete horas editando”, afirma.

  Na oficina de teatro, os grupos que apresentarão cada peça têm dias específicos para se reunir via videoconferência, cada reunião dura de duas a três horas. Atualmente, o tema das reuniões é o estudo de texto dos personagens escolhidos pelos próprios alunos. “Como eu prezo pela participação de todos no encontro, nós adaptamos os encontros. Se o aluno não pode, a gente troca para um dia que todos possam. O objetivo é contar com a presença de todos para que todos se sintam pertencentes ao projeto”, diz Elisa Lemos. Caso essa fase do projeto seja concluída antes do retorno às aulas presenciais, a próxima fase das reuniões virtuais será com ensaios individuais.

Os desafios

  As aulas de yoga também estão disponíveis no Youtube, no entanto, Juliana Roeber não possuía experiência com a gravação de vídeos para o Youtube. Ela também conta que fica um pouco difícil produzir as aulas sem saber quem é o público interessado, o que ele espera e como recebem as atividades propostas. Mesmo com o grupo no Whatsapp, poucas pessoas se sentem à vontade para dar retorno. Juliana passou a realizar algumas aulas via Skype para melhorar a interação com os alunos e o objetivo foi atingindo. No entanto, ela revela que poucos alunos acompanham as aulas ao vivo.

  Juliana explica que cada corpo reage e apresenta dificuldades diferentes durante as aulas, por isso é preciso que cada aluno tenha atenção especial. “Ter alguém olhando de fora para perceber o que pode ser melhorado na prática ajuda muito”, afirma. A segunda dificuldade consiste em ensinar os outros elementos presentes no yoga como relaxamento, respiração e filosofia da prática. “Parece difícil passar esse algo além do yoga, já que para isso eu tenho que estabelecer diálogo com a pessoa que está assistindo e com a distância isso não parece se dar de forma tão fluida quanto pessoalmente”, relata. Essa falta de contato com os alunos é algo desestimulante para ela. A estudante de Psicologia conta que já ficou desanimada a ponto de adiar as aulas por alguns dias.

  Juliana precisa conciliar as oficinas com seus compromissos acadêmicos, entre eles a etapa mais importante do curso: o desenvolvimento do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Ela conta que um dos desafios trazidos pelas atividades remotas é a criação dos próprios horários já que não há mais uma rotina a ser seguida. Para ela, o maior desafio é conseguir conciliar seus compromissos com suas necessidades como o cuidado com a saúde física e mental.

  A oficina de literatura e escrita também ocorre por videoconferência, mas poucos alunos acompanham. Enquanto no grupo da oficina há mais de trinta pessoas, a presença nas reuniões é de normalmente quatro a seis pessoas que acompanha as aulas desde o começo, o “público fiel” como define Felipe. Ele também comenta que o principal motivo para a baixa adesão é o Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE). Felipe afirma: “Muitas das aulas que os alunos têm são próximas dos horários com o que a gente dá [as oficinas]”. Em uma ocasião especial, quando planejou atividades para mais pessoas, a baixa participação o frustrou: “Uma das últimas aulas de escrita que eu dei inclusive tive que adiar porque tinha pouquíssima gente, tipo duas pessoas e eu tinha planejado uma aula super legal que eu queria discutir com o pessoal. Realmente desanima um pouco isso”, lembra. Na semana posterior, eu dei essa aula e foi bem legal, o pessoal foi super receptivo”. Entretanto, apesar de todas as dificuldades, as oficinas seguem e isso é tão benéfico para os participantes quanto para ele. 

  Outro fator que dificulta a realização das oficinas é a qualidade da internet. Felipe recorda que os primeiros encontros eram realizados na plataforma Jitsi Meet, no entanto, por conta da lentidão os encontros atualmente são realizados pelo Google Meet. Mesmo assim, a conexão nem sempre está boa e isso gera problemas na comunicação. “Quase sempre a gente tem corte quando algum aluno fala. Temos problemas técnicos, digamos assim, quando a gente está falando, quando os alunos estão falando”, relata. Na opinião de Felipe, o ensino à distância é mais exaustivo, pois as aulas se resumem a uma série de textos e exercícios que presencialmente seriam resumidos e explicados pelos professores. “É um momento que, querendo ou não, estamos com responsabilidade triplicadas”, reconhece. Esses fatores levam o estudante de Ciências Sociais a afirmar que não enxerga nenhuma vantagem no ensino à distância.

  Já para Esther, as principais desvantagens do ensino de dança e taekwondo à distância são a ausência das práticas coletivas que prejudica a aprendizagem e há menor envolvimento dos participantes. “A questão da atmosfera, do envolvimento entre as pessoas, do coletivo e da relação isso se perdeu muito nas oficinas”, conta. Apesar de cada oficina contar com mais de 40 participantes, poucos entram em contato para avaliar as oficinas. Também há muitos alunos que saem do grupo sem explicar o motivo e isso gera inseguranças para a estudante. “A gente acha que é uma coisa pessoal, da minha metodologia, do meu ensino, do meu fazer e ser professora”, afirma. Uma outra dificuldade que a monitora enfrenta são dificuldades técnicas durante a produção das aulas como, por exemplo, a sua filmadora que estragou dias atrás, o que atrasou a aula. Essas situações são desmotivadoras para ela. Sobre a gravação de uma das últimas aulas, Esther relembra: “Já estava tudo pronto e eu deixei até o último minuto para eu gravar porque eu não estava nem um pouco a fim”.

  Além da organização das oficinas, os monitores precisam se dedicar às atividades de seus cursos e a outros desafios e preocupações que a pandemia impôs a todos, como o contato com os amigos, uma nova rotina e incertezas em relação ao futuro. Esther conta que para lidar com todos os compromissos, a organização é fundamental.“Se eu não me organizar para o dia que eu vou gravar, que eu vou editar, que eu estudar, que eu vou dedicar um tempo para mim fazer as coisas da minha faculdade eu me perco toda, fico totalmente improdutiva”. Mesmo assim, em alguns momentos ela precisa sacrificar algumas horas do seu sono para concluir as suas atividades. “Às vezes eu fico até às duas da manhã editando e tenho que acordar às oito para uma aula que eu tenho as oito e meia”, recorda.

As recompensas

  Coordenar as oficinas à distância é um grande desafio, mas os monitores afirmam que é recompensador ver o impacto positivo das atividades. Mesmo com o envolvimento abaixo do esperado, Esther recebe alguns relatos de quem pratica as oficinas. “Algumas alunas, no caso todas mulheres, elas me chamam pelo Whatsapp quase que semanalmente para conversar sobre como foi a aula”. Sobre o contato com os alunos, ela cita duas ocasiões em específico: “Uma menina que já dançava antes falou sobre como o meu método é diferente para criar, que ela se sente super potente para criar coisas”. O segundo relato que recebeu é de uma aluna especial: sua professora de teatro. Ela que participa da oficina de dança contemporânea gostou bastante das aulas e pratica com frequência. “Ela dança no gramado, ela experimenta dentro de casa, ela dança com o cachorro… ela inventa de tudo”, relata.

  Nos momentos de desânimo é em relatos como esses que Esther encontra a força e a inspiração necessária para continuar. “Isso me deixa muito inspirada, me deixa muito feliz saber que eu estou conseguindo ajudar as pessoas e potencializar a criação artística delas”. Ela também explica que as oficinas a ajudam a se manter criativa e produtiva. Uma ideia que surgiu para as oficinas online e que Esther pretende dar continuidade, foi a criação de um diário de dança contemporânea. No diário, os alunos registram as aulas por meio de textos, áudios, desenhos e “tudo que eles puderem criar artisticamente”. 

Descrição de Imagem: Fotografia vertical e colorida de uma folha branca. Centralizado na parte superior, o texto escrito em caligrafia manual, “Além disso, amo dançar.”. Logo abaixo, desenho de um busto feminino em posição de meditação, envolto por folhas. Abaixo do busto há traços circulares, que crescem de cima para baixo em formato de redemoinho. Ao redor do desenho, símbolos de folhas e pássaros em um tom marcado de preto. Abaixo, as frases, “Em meio ao caos prático o conhecimento interior que me leva à compreensão última do universo e ao sentimento de calma e serenidade”.  O fundo da imagem é branco.
Diário de uma aluna da oficina de Dança Contemporânea. O texto diz: “Além disso, amo dançar. Em meio ao caos pratico o conhecimento interior que me leva à compreensão última do universo e ao sentimento de calma e serenidade”.

  Felipe conta que no início da oficina de “escriteratura” muitos alunos tinham dificuldades na leitura, na escrita e em acompanhar as atividades, mas esses desafios foram vencidos ao longo da oficina. O monitor deixa nítida a sua satisfação: “é muito legal como os alunos que nos disseram que não conseguiam ler, não conseguiam escrever, conseguiram e se sentiram bem com isso”. Não foram apenas os alunos que superaram obstáculos graças a oficina. Felipe conta que não conseguia manter uma rotina de leitura e escrita mas devido à oficina e ao apoio dos alunos conseguiu construir o hábito. “Tenho lido textos extras para produzir a minha parte da aula de escrita. Também tenho escrito junto com eles na oficina de escrita. Então nesse sentido está sendo muito bom para as duas partes”, afirma.

  De acordo com Elisa, boa parte dos alunos se expressa e participa da discussão durante os encontros da oficina de teatro. Mas ela lembra que nas primeiras semanas, o cenário era totalmente diferente: “eu tinha no início quase um monólogo, eu falava o tempo inteiro”.  Ao falar sobre a mudança, ela diz: “Isso é muito gratificante porque eu percebo que além de eles se sentirem mais pertencentes, eles se sentem mais confortáveis”.

  Elisa também conta que fora do horário das aulas recebe mensagens dos alunos que falam sobre coisas que os fizeram lembrar da peça ou para compartilhar as reflexões que tiveram sobre seus personagens. A dedicação dos alunos faz com que a monitora da oficina de teatro se sinta privilegiada e motivada a produzir cada vez mais. Essa produção, segundo ela, se baseia nas relações e nos afetos, que a ajudam a manter a sua saúde mental durante um período tão difícil. “Isso aqui me alimenta, isso aqui me mantém equilibrada, me mantém para cima”, afirma.

  As aulas por videoconferência permitiram que Juliana tivesse um contato maior com os alunos da oficina de yoga. Ela afirma que esse contato é “muito importante para ela, para os alunos e para o ensino em si”. Por mais que em alguns dias se sinta indisposta, Juliana se sente melhor quando produz as aulas. “yoga propicia um momento de contato com nós mesmos que traz bem-estar”, conta.  As aulas de yoga são um meio de Juliana manter contato com a universidade, além de ser um grande aprendizado sobre autoconhecimento: “Sinto que dar uma aula pros alunos também é dar uma aula para mim mesma”, conclui.

  No momento atual, a prevenção é vital para evitar o adoecimento físico, mas a saúde mental também precisa de cuidados preventivos para evitar maiores danos. Esse é o foco das oficinas do SATIE que visam o bem estar dos estudantes da universidade, sejam eles  praticantes ou monitores. 

  Se interessou por algumas das oficinas? Além das aulas disponíveis no Youtube muitas oficinas são abertas fazem lives no seu perfil do Instagram ou divulgam suas salas de encontro no Facebook

Reportagem: Bernardo da Silva

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