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O CÉU NÃO É O LIMITE

Conheça a engenheira eletricista Raíssa Raimundo da Silva, egressa do curso de Engenharia Elétrica e atualmente doutoranda da UFSM que trabalha com carros voadores



Para escutar o áudio da reportagem, clique abaixo:

A .TXT conversou com a engenheira para entender um pouco mais sobre sua carreira na pesquisa acadêmica e como isso a guiou para os carros voadores. .TXT: Como iniciou sua jornada acadêmica? Raíssa: Na pesquisa, eu comecei na iniciação científica durante a graduação. Sempre me interessou pesquisar e compreender mais sobre diversos assuntos, essa vida de buscar artigos. Atualmente o meu intuito com a pesquisa é mais de aprender, pois eu voltei para a indústria. Na área que estou trabalhando hoje, de desenvolvimento de motores para os carros voadores, tudo é novidade. Então qualquer publicação ou informação é valiosa. A gente está sempre lendo em busca de soluções para essas novas tecnologias. .TXT: O seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Engenharia Elétrica foi focado em energia solar. Como foi a migração para motores elétricos? Raíssa: A energia solar sempre fez meus olhos brilharem. Eu gostava muito da parte de sistemas elétricos de potência, que é essa parte de geração de e distribuição de energia, principalmente a parte das usinas. Eu queria trabalhar nessa área e estava procurando empregos. Porém a vida foi me levando pra outro lado, naturalmente. Eu fiz estágio na NASA, que é engenharia aeroespacial, e também na WEG Motores, na área de motores elétricos, e eu curti muito. Isso foi muito importante, de ir migrando, pois assim fui testando várias áreas. No final da graduação, quem me contratou foi uma empresa de São Paulo chamada SEW-Eurodrive, que é uma concorrente da WEG. .TXT: No mestrado, o título da sua dissertação foi “Detecção de barras interrompidas em rotores de motores de indução por meio de um método de subespaços para identificação de sistemas e algoritmos classificadores”. Como você explica a importância dessa pesquisa? Raíssa: A pesquisa em si é para detecção de falhas em motores elétricos com um algoritmo que determina a falha a partir da corrente do motor. Ou seja, através da corrente que passa no motor, podemos extrair informações sobre o estado dele, como se fosse um monitoramento da saúde do motor. Se o motor está bem, vai apresentar uma corrente de uma forma, se o motor tem alguma falha, na corrente vão ser apresentadas características que mostram que existe um problema. .TXT: Qual sua área de estudo atualmente no doutorado? Raíssa: No doutorado, decidi mudar um pouco o foco da pesquisa. Eu juntei os dois estágios que tive na graduação, na área aeroespacial e na área elétrica. O meu doutorado é sobre controle de motores para carros voadores, é uma área muito nova e eu ainda estou na parte teórica, em busca de literaturas e novos artigos. A fabricação de motores para a aviação é um outro mundo, são motores com bastante detalhes e especificidades. Bem mais complexo do que a gente trabalhar no motor industrial e eu me encantei por aquilo, né? .TXT: Pode nos contar sobre seu atual trabalho, na Eve Air Mobilty, que envolve um projeto de carros voadores? Raíssa: Hoje eu trabalho no desenvolvimento de motores para carros voadores. A previsão é que em 2026 sejam lançados os primeiros. A gente fala carros voadores por ser um nome mais simples, mas eles também são conhecidos como eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical). Eles são muito parecidos com helicópteros, mas eles são veículos silenciosos e completamente elétricos, então eles podem fazer voos mais baixos. O propósito é realmente que eles possam desafogar um pouco o trânsito nas grandes cidades, ofertando esse serviços como Uber para a população. A Eve Air Mobilty, que é uma empresa da Embraer, entrou em contato comigo pelo Linkedin para fazer uma entrevista. Era algo que eu não estava esperando agora, minha expectativa era terminar o doutorado para depois voltar para a indústria, mas passei na entrevista e aqui estou.
Ilustração de Raíssa Raimundo da Silva | Ilustração: Pedro Pagnossin

 

Com o sonho de conhecer o mundo, Raíssa Raimundo da Silva aprendeu a falar a língua inglesa sozinha. A vontade de ir além das fronteiras brasileiras é o gás que move a gaúcha até hoje. Desde pequena se mostrou uma criança curiosa e apaixonada pelas artes, com sonhos que fizeram a santa-mariense ter objetivos grandes, porém nunca impossíveis. 

 

Aos 10 anos, ganhou do pai um dicionário da Turma da Mônica em inglês, que tinha um CD. O livro ilustrado se tornou seu melhor amigo e a fizeram se interessar pelo idioma. Falar inglês  era a diversão da pequena sonhadora, tanto que uma de suas metas passou a ser conhecer o mundo. 

 

Com a fluência na língua inglesa, Raíssa teve uma certeza: queria  ser professora. Mas os planos mudaram quando passou no Politécnico e no Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM). De última hora, ela seguiu o curso integrado em Eletrotécnica e assim nasceu a paixão pela engenharia elétrica. Hoje doutoranda, ela afirma que a preocupação com a aprendizagem dos alunos foi o ponto principal para se apaixonar pela eletricidade, por mais desafiador que pareça ser. 

 

A escolha da graduação foi uma consequência. Em 2011, Raíssa ingressou no curso de Engenharia Elétrica da UFSM. Desde o início,  se envolveu em pesquisas e projetos. Sua maior paixão durante a graduação foram os tópicos sobre energia solar. Entretanto, o intercâmbio para os Estados Unidos mudou tudo. Mesmo depois de procurar empregos na área de energia solar, a vida conduziu a pesquisadora para outras áreas, como a indústria aeroespacial.

 

Em 2013 e 2014, a acadêmica realizou o sonho de conhecer os Estados Unidos e embarcou em seu maior desafio. A gaúcha fez parte de um dos primeiros grupos de brasileiros do Programa Ciências Sem Fronteiras e foi para a Universidade Católica da América, em Washington D.C.. Durante a estadia na capital norte-americana, teve a oportunidade de estagiar por nove meses na Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA).

 

NASA

 

A NASA selecionou dez universidades americanas para participar de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento no mesmo período em que Raíssa fazia intercâmbio pelo Ciências Sem Fronteiras. A instituição onde a gaúcha estudava, em Washington D.C., foi selecionada para o estágio. Eram apenas duas vagas e a santa-mariense ocupou uma delas. 

 

Raíssa conta que cogitou não se inscrever por causa da paixão pela energia solar. Porém, ela mudou de ideia porque muitos estudantes se inscreveram.. Para a menina que aprendeu inglês sozinha, estar na NASA parecia um sonho. Raíssa acredita que ter o curso técnico do CTISM foi um diferencial no currículo, a ponto de ser elogiada por um dos engenheiros responsáveis. 

 

O estágio permitiu que portas fossem abertas para outras oportunidades  e inclusive inspirou a investigação de doutorado, que tem uma linha de pesquisa na Engenharia Aeroespacial. 


Carreira profissional e pós graduação

Raíssa também estagiou nas empresas WEG Motores WEG Energia, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, na área de motores elétricos. Durante a graduação, a gaúcha caminhou entre as diversas áreas do curso, porém com foco em energia solar. Ao começar procurar empregos, recebeu a oportunidade de trabalhar na SEW-Eurodrive, onde ficou por cinco anos. Com isso, a pesquisadora descobriu que motores elétricos também eram sua paixão. 

 

Mesmo na indústria, ela não deixou os estudos de lado. Em 2020, ingressou no Mestrado em Engenharia Elétrica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sua  dissertação foi uma pesquisa sobre a detecção de falhas em motores elétricos a partir de um algoritmo criado para identificá-las por meio da análise da corrente elétrica. 

 

Depois de finalizar o mestrado, Raíssa continuou com o doutorado na Unicamp, porém o vento norte a trouxe de volta à UFSM. Ela demorou para achar um caminho para a pesquisa. Depois de alinhar com o orientador, definiu a investigação da tese na área de controle de motores para carros voadores. Por ser um campo novo, a pesquisadora está nos momentos iniciais do estudo e em busca de artigos sobre o assunto. A tese é o resultado da união dos dois estágios que Raíssa teve a oportunidade de fazer durante a graduação.

 

Meses atrás, a doutoranda participou de uma entrevista para trabalhar com carros voadores. Voltar para a indústria não estava nos planos atuais da pesquisadora, mas ela não perdeu a oportunidade de fazer parte de algo que vai mudar o mundo da engenharia. Atualmente, Raíssa íntegra o time da Eve Air Mobilty, uma empresa da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), que projeta os carros voadores, ou eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical), como são chamados. A previsão de lançamento dos primeiros modelos é para 2026. 

A santa-mariense foi motivada a desenvolver motores elétricos para aviação pelo desafio, pois como explicou, eles têm características bem específicas, o que os diferencia de um motor industrial. Um exemplo está no peso: um motor comum pesa em torno de 400 kg, enquanto o motor para aviação tem que pesar por volta de 20 kg – e com a mesma potência para conseguir voar. 

 

Entrevista

Pesquisa além dos portões da universidade

A .TXT conversou com a engenheira para entender um pouco mais sobre sua carreira na pesquisa acadêmica e como isso a guiou para os carros voadores. 

 

.TXT: Como iniciou sua jornada acadêmica? 

Raíssa: Na pesquisa, eu comecei na iniciação científica durante a graduação. Sempre me interessou pesquisar e compreender mais sobre diversos assuntos, essa vida de buscar artigos. Atualmente o meu intuito com a pesquisa é mais de aprender, pois eu voltei para a indústria. Na área que estou trabalhando hoje, de desenvolvimento de motores para os carros voadores, tudo é novidade. Então qualquer publicação ou informação é valiosa. A gente está sempre lendo em busca de soluções para essas novas tecnologias.  

 

.TXT: O seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Engenharia Elétrica foi focado em energia solar. Como foi a migração para motores elétricos? 

Raíssa: A energia solar sempre fez meus olhos brilharem. Eu gostava muito da parte de sistemas elétricos de potência, que é essa parte de geração de e distribuição de energia, principalmente a parte das usinas. Eu queria trabalhar nessa área e estava procurando empregos. Porém a vida foi me levando pra outro lado, naturalmente. Eu fiz estágio na NASA, que é engenharia aeroespacial, e também na WEG Motores, na área de motores elétricos, e eu curti muito. Isso foi muito importante, de ir migrando, pois assim fui testando várias áreas. No final da graduação, quem me contratou foi uma empresa de São Paulo chamada SEW-Eurodrive, que é uma concorrente da WEG.

 

.TXT: No mestrado, o título da sua dissertação foi “Detecção de barras interrompidas em rotores de motores de indução por meio de um método de subespaços para identificação de sistemas e algoritmos classificadores”. Como você explica a importância dessa pesquisa?

Raíssa: A pesquisa em si é para detecção de falhas em motores elétricos com um algoritmo que determina a falha a partir da corrente do motor. Ou seja, através da corrente que passa no motor, podemos extrair informações sobre o estado dele, como se fosse um monitoramento da saúde do motor. Se o motor está bem, vai apresentar uma corrente de uma forma, se o motor tem alguma falha, na corrente vão ser apresentadas características que mostram que existe um problema.

 

.TXT: Qual sua área de estudo atualmente no doutorado?

Raíssa: No doutorado, decidi mudar um pouco o foco da pesquisa. Eu juntei os dois estágios que tive na graduação, na área aeroespacial e na área elétrica. O meu doutorado é sobre controle de motores para carros voadores, é uma área muito nova e eu ainda estou na parte teórica, em busca de literaturas e novos artigos. A fabricação de motores para a aviação é um outro mundo, são motores com bastante detalhes e especificidades. Bem mais complexo do que a gente trabalhar no motor industrial e eu me encantei por aquilo, né? 

 

.TXT: Pode nos contar sobre seu atual trabalho, na Eve Air Mobilty, que envolve um projeto de carros voadores?

 

Raíssa: Hoje eu trabalho no desenvolvimento de motores para carros voadores. A previsão é que em 2026 sejam lançados os primeiros. A gente fala carros voadores por ser um nome mais simples, mas eles também são conhecidos como eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical). Eles são muito parecidos com helicópteros, mas eles são veículos silenciosos e completamente elétricos, então eles podem fazer voos mais baixos. O propósito é realmente que eles possam desafogar um pouco o trânsito nas grandes cidades, ofertando esse serviços como Uber para a população. A Eve Air Mobilty, que é uma empresa da Embraer, entrou em contato comigo pelo Linkedin para fazer uma entrevista. Era algo que eu não estava esperando agora, minha expectativa era terminar o doutorado para depois voltar para a indústria, mas passei na entrevista e aqui estou. 

Reportagem: Prisley Severo Zuse

Contato: prisley.zuse@acad.ufsm.br

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