Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria-RS (2011), Ana Méri Zavadil Machado possui graduação em Artes Plásticas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com habilitação em Pintura (2002) e em História Teoria e Crítica de Arte (2004).
Ana Zavadil, atualmeente é curadora independente, mas já foi curadora-chefe do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul-MACRS, curadora-assistente da 10ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2015), curadora chefe do Museu de Arte do Rio Grande do Sul-MARGS (2013-2014), fez parte do Comitê de Acervo e Curadoria do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do SUL-MAC/RS (2011-2013), e também foi Conselheira do Conselho Estadual de Cultura do RS (2011-2013).
Volver – Para começar, nos conte quais lembranças guarda da UFSM e como a universidade contribuiu para que você chegasse onde está hoje?
Ana Zavadil – A UFSM me acolheu para fazer o mestrado em um ponto em que a minha carreira enquanto curadora tornava-se proeminente. Vinha de uma graduação em História, Teoria e Crítica de Arte e a função/profissão de curador era de meu interesse. A formação que obtive lá no Mestrado consolidou minha atuação no campo escolhido. Fazer o Mestrado foi legitimar meus estudos e poder atuar em instituições.
Volver – Como foi ser a curadora-chefe do MAC-RS? Quais eram os principais desafios?
Ana Zavadil – Depois do Mestrado vieram as instituições: curadora-chefe do MARGS(2013-2014): curadora assistente da 10ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul e curadora-chefe do MACRS (2015-2018).
Em cada uma dessas instituições os desafios foram constantes, mas a experiência de ter no MARGS a direção do Gaudêncio Fidelis possibilitou um trabalho dentro de aspectos prioritários de uma curadoria excepcional, compatível com um grande museu e com a história de exposições. Na Bienal do Mercosul foi uma experiência importante, trabalhar com artistas de toda a América Latina e seguir minha trajetória também ao lado de Gaudêncio Fidelis e Marcio Tavares propiciou aumento elevado em experiências inovadoras e questionadoras. No MACRS foi um período intenso de curadorias tentando mostrar parte de seu acervo totalmente inexplorado. Mas a falta de recursos e funcionários gerou muito trabalho e reponsabilidades solitárias, mas igualmente trouxe muita experiência com a história de exposições.
Volver – Atualmente, você é uma curadora independente. Nos conte sobre esse trabalho e quais as principais dificuldades e recompensas.
Ana Zavadil – A curadoria independente é desafiadora, pois mantenho o padrão das curadorias realizadas em museus, persigo minha pesquisa em jovens artistas e, também na ação de dar maior visibilidade e legitimação às artistas mulheres do RS, trabalho que realizei nos museus e que sigo fazendo até hoje. A situação é diferente, porque num projeto independente os artistas é que pagam a conta para ter um bom espaço, catálogo e uma curadoria que se preocupa em legitimar com seriedade e dedicação. Faltam instituições no RS que tenham cargos de curadores.
Volver – Como foi desenvolver atividades durante a pandemia? Quais foram as principais dificuldades e o que fez para driblá-las?
Ana Zavadil – No início da pandemia realmente as coisa ficaram paradas com os espaços fechados, continuei dando aulas e orientando os meus grupos de estudos em Arte Contemporânea de modo virtual, pois foi o jeito de seguirmos trabalhando e trocando ideias sobre a arte em tempos de pandemia. De certa forma, os artistas continuaram trabalhando e pensando este fato como foco de seus trabalhos. Foi difícil o isolamento e a falta de exposições presenciais, mas os projetos continuaram, e continuei trabalhando em exposições que estavam aguardando uma nova data para abrirem.
Volver – Para você, qual a importância da cultura?
Ana Zavadil – A cultura e arte são fundamentais no desenvolvimento e relação entre as pessoas no mundo. A arte salvou tanta gente do desespero na pandemia, pudemos ver isso através de filmes, da música, das exposições virtuais e tantas manifestações que deram luz a um período muito intenso de desconforto, dúvidas, angustias sem saber o que esperar do dia seguinte.
Volver – Como você se vê daqui a 10 anos?
Ana Zavadil – Me vejo, até o fim dos meus dias, ou até quando minha saúde permitir dando aulas, e mais do que isso fazendo curadorias. Dentro dos ateliês dos artistas olhando para o mundo.
Texto: Júlia Ferrari