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O projeto Bolsa de Sementes completa 20 anos



A Bolsa de Sementes é um projeto de extensão universitária desenvolvido há 20 anos na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra). No projeto estão cadastradas em média 233 escolas públicas localizadas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, tendo como principal objetivo a sensibilização para conservação de espécies arbóreas nativas.

E como isso é feito? Para conservar é preciso conhecer, assim as crianças, acompanhadas por seus professores e familiares, são estimuladas a coletar frutos e sementes. Entretanto, para isso são necessários estudos e observações, como a identificação das espécies e de suas mudanças ao longo do ano. Em parceria, professores e acadêmicos da UFSM e colaboradores da Afubra orientam as crianças a coletar de modo sustentável, mantendo frutos para fauna e sementes para autorregeneração das árvores.

Após a coleta, as escolas preparam e organizam pequenos lotes de sementes e encaminham Afubra e, então, à UFSM. Na universidade as sementes são analisadas quanto a sua qualidade aparente, visando a distribuição gratuita para diferentes ações na Região Sul. De acordo com a identificação correta das espécies e do local da coleta, data e qualidade das sementes, as escolas recebem uma bonificação da Afubra, revertida principalmente em materiais utilizados pelos colégio.

Durante os 20 anos, estima-se que foram recebidas cerca de 14 toneladas de sementes viáveis de 181 espécies. Entre as mais coletadas podemos citar Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), Annona sylvatica (ariticum), Eugenia rostrifolia (batinga), Schizolobium parahyba (guapuruvu), Eugenia uniflora (pitanga), Cedrela fissilis (Cedro), Eugenia involucratra (cerejeira), entre outras com valor ecológico e madeireiro. Do total de sementes recebidas, mais de seis toneladas foram distribuídas gratuitamente para diversos projetos, atendendo a 2.536 solicitações.

E a fração de sementes que não é distribuída? Para ter-se ideia, entre as dez espécies mais recebidas na Bolsa, oito apresentam sementes recalcitrantes (perdem a viabilidade rapidamente), assim não germinam mais, sendo então “descartadas” (usadas na ciclagem de nutrientes, retornando ao ambiente).

A partir da Bolsa de Sementes, professores e acadêmicos da Engenharia Florestal organizam e participam de minicursos, dias de campo com plantios nas escolas e comunidades. Na oportunidade, são abordadas as múltiplas possibilidades de utilizar o Projeto em atividades multidisciplinares. Assim, tornando-se de grande importância na formação dos acadêmicos, considerando a possiblidade de os estudantes trocarem experiências com as comunidades, colocando em prática o que construímos na universidade.

Destaco que projetos dessa natureza, que oportunizam a interação das instituições públicas e privadas, permitem melhor qualificar futuros profissionais. Assim, concordo com Stahl et al. (2022) que abordam em seu artigo “Extensão universitária em ações de educação ambiental: um estudo de caso no Sul do Brasil”, sobre a importância de ampliar projetos com a parceria entre os diversos setores, visando cumprir objetivos comuns para o desenvolvimento da sociedade.

Entendo que o projeto cumpre um papel relevante à sociedade, ao meio ambiente, bem como indiretamente à economia. Isso porque ao conservarmos florestas nativas, mantemos a qualidade e quantidade de água nos rios, viabilizamos habitat aos polinizadores, entre outros benefícios, que permitem otimizar a produção agrícola, pecuária e silvicultural.

Texto da Professora Maristela Machado Araújo – Professora titular da UFSM.

O projeto marca seu aniversário em uma cerimônia ao lado do obelisco em memória a José Mariano da Rocha Filho, fundador da UFSM, no dia 9 de junho, às 9h. Na ocasião haverá o plantio de um ipê amarelo.

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