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Negressencia

Projeto valoriza histórias de mulheres negras gaúchas



A ancestralidade, as lutas diárias, as histórias de vida de mulheres negras gaúchas contadas através da dança. Esse é o objetivo do projeto “Negressencia: Mulheres cujos filhos são peixes”, financiado pela Fundação Nacional das Artes Funarte por meio de um edital que contempla artistas e produtores negros.

O espetáculo de dança é uma das etapas desse projeto. Para que ele pudesse chegar aos palcos a pesquisadora e antropóloga social, Maria Andrea dos Santos, etnografou e registrou depoimentos de 15 mulheres negras. Os registros foram repassados ao bailarinos do espetáculo que traduziram essas narrativas em dança. São histórias que se cruzam, tanto a das bailarinas quanto a das mulheres retratadas. Para a bailarina Gabrielle Barcelos, representar essas mulheres é também se representar em cena. “Ela é a protagonista desse espetáculo e ela me representa onde ela vive porque muitas das dores delas são as minhas também”.

As atividades tiveram início em 2015 e até esse ano foram mais de 60 encontros entre os bailarinos. Seja nos ensaios, nas aulas, nas preparações corporais e intervenções de rua que também fizeram parte do processo de criação do espetáculo. O produtor artístico e diretor do Negressencia, Manuel Luthiery, conta que em um experiência de uma disciplina do curso de Dança da Universidade Federal de Santa Maria iniciou a pesquisa sobre o nome Iemanjá – Yèyé Omo Ejá que significa mães cujos filhos são peixes. E a partir disso surgiram outras questões para o diretor. “E quem são essas mães? Quem são essas mulheres? Isso foi abrindo várias ‘janelinhas’”, relata.

O Negressencia foi apresentado nas cidades das mulheres que tiveram suas histórias contadas: Santa Maria, Porto Alegre e Pelotas. Os bailarinos realizaram ainda diversas oficinas por onde o espetáculo passou. Dança afro, danças urbanas e suas africanidades, danças negras contemporâneas e samba foram algumas delas. Além disso, os depoimentos dos integrantes, a preparação dos bailarinos e todod os registros desse processo serão transformados em um documentário para ser distribuído em organizações sociais.

Um dos propósitos do projeto é contar a história do Rio Grande do Sul a partir de outra perspectiva. A produtora executiva do Negressencia, Marta Nunes, afirma que é preciso desconstruir os estereótipos existentes. “Esse Estado tem uma história pra contar e que não tem visibilidade em função do racismo cultural, institucional e político”, pontua.

A força e a potência do espetáculo é sentida pela bailarina Amanda Silveira principalmente quando os dançarinos estão de braços dados e cantam o trecho de uma música que diz “Quando eu venho de Luanda eu não venho só”. Ela comenta que chega a se arrepiar nesse momento. “Essa é a parte que eu mais gosto porque eu vejo o quanto o espetáculo carrega a força de muitas pessoas. Não só das entrevistadas, não só dos envolvidos, mas de todas as pessoas que lutaram infinitamente para que o negro tivesse algum espaço” exclama.

As fotos foram registradas pelo fotógrafo da revista Arco, Rafael Happke, na apresentação do dia 22 de maio que ocorreu no Theatro Treze de Maio.

Intérpretes/Criadores: Venir Xavier, Karen Tolentino, Letícia Ignácio, Lenora Consales, Amanda Silveira, Jaine Barcellos, Gabrielle Barcelos e Vinicio do Carmo.

Reportagem: Gabriele Wagner de Souza
Fotografias: Rafael Happke

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