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Histórico

O Pré-Universitário Popular Alternativa é um pré-universitário popular criado no ano 2000 e acolhido como projeto de extensão, com sua vinculação à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Sua criação partiu da iniciativa de universitários ligados ao movimento estudantil e oriundos do Centro de Ciências Rurais, que se inspiraram no Pré-Vestibular Desafio, da Universidade Federal de Pelotas.

A criação de um cursinho preparatório ao ingresso na universidade, de caráter popular, foi motivada pela elitização da UFSM, observada, sobretudo, na década de 1990, na qual a educação brasileira sofreu muitos cortes e houve uma proliferação de cursinhos pré-vestibulares, sem os quais era quase impossível a aprovação no vestibular. Foi então neste contexto de desigualdade no acesso ao ensino superior, em que as classes mais pobres não tinham condições de pagar por um curso preparatório para o vestibular e, portanto, não conseguiam acessar uma universidade pública, que nasceu o  Alternativa!

Os primeiros anos de atividades do Alternativa ocorreram de forma itinerante, passando por várias escolas de Santa Maria, uma vez que a UFSM não dispunha de espaço físico que acolhesse o projeto e não se tinha expectativa concreta de sua continuidade.

A primeira escola utilizada, seja para os processos seletivos, seja para as aulas, foi o Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. Com o local definido, as aulas tiveram início.

Em um primeiro momento, contando com um quadro pequeno de professores e com apenas 80 vagas, o projeto seguiu firme até o fim daquele ano. Além de contar com aulas de disciplinas obrigatórias para o vestibular, o Projeto diferenciava-se com um período chamado “Cidadania.” Por possuir a linha teórica da educação popular, os coordenadores decidiram na época ser importante debater diversos assuntos que não fossem os conteúdos obrigatórios.

UM BALANÇO DO PRIMEIRO ANO DE FUNCIONAMENTO DO ALTERNATIVA

No fim do primeiro ano do cursinho, os resultados obtidos foram muito expressivos: 10 aprovações, sendo elas:Pedagogia (2); Letras (1); Engenharia Florestal (1); Educação Física (1); Medicina Veterinária (1); Engenharia Mecânica (1); Matemática (1); Ciências Contábeis (1); Engenharia Elétrica (1). Além disso, foi importante a ideia continuidade do projeto para o ano de 2001, demarcando assim um espaço de educação popular na cidade. A permanência no Olavo Bilac também foi mantida. Analisando os números apresentados, a primeira impressão é que foram poucas coisas conquistadas. Porém, considerando-se o contexto da época e todas as dificuldades pelas quais a educação passava, é bastante expressivo e motivo de comemoração para os diversos estudantes que trataram o cursinho com seriedade.

18 ANOS DE HISTÓRIA

Em março de 2018 o Pré-Universitário Popular Alternativa completou 18 anos de vida. Do ano 2000 para cá, muitas foram as dificuldade encontradas, mas, ao mesmo tempo, foram muitas também as conquistas. Uma delas, por exemplo, foi a conquista de um espaço definitivo para o desenvolvimento das aulas, noPrédio de Apoio da UFSM, local onde até hoje as atividades ocorrem. Outra destas conquistas diz respeito à meia-passagem estudantil.

É importante destacarmos também alguns números que comprovam o quanto o Pré-Universitário Popular Alternativa vem contribuindo para a diminuição da desigualdade no acesso ao ensino superior ao longo dos anos. Assim como o número de vagas ofertadas pelo curso aumentou (hoje são 150), o número de aprovações no vestibular e no ENEM também cresceu, e muito!

A CONQUISTA DA MEIA-PASSAGEM

Nos primeiros anos de funcionamento, o Pré-Universitário Popular Alternativa conquistou algo que foi de suma importância para a sobrevivência do projeto: a liberação da venda da meia passagem de ônibus para seus educandos!

Tudo começou no ano de 2005, quando educadores e educadoras perceberam que a dificuldade de locomoção era um fator que influenciava muito na evasão dos educandos. Muitos moravam longe dos locais onde as aulas ocorriam na época, o Colégio Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, na região central de Santa Maria. Em decorrência dessa localização, os educandos dependiam do transporte coletivo municipal para frequentar o curso. Porém, muitos não tinham condições de pagar o preço integral da passagem de ônibus todos os dias, sendo este, portanto, um dos principais motivos de desistências dos estudantes ao longo dos anos.

A MOBILIZAÇÃO:

Detectado o problema, um grupo de educadores e educadoras do Alternativa iniciou um processo de mobilização, juntamente com educadores e educadoras do Práxis Coletivo Popular (projeto também surgido na UFSM) para tentar minimizar esta situação que era comum aos dois pré-universitários populares.

É importante destacarmos aqui também a participação de educandos e educandas nesta mobilização para a conquista da meia passagem, já que a partir do momento em que teve início a busca por este direito junto à prefeitura, o que ocorreu foi um verdadeiro embate com os empresários donos das empresas de transporte da cidade, representados pela ATU (Associação dos Transportadores Urbanos).

Em um primeiro momento, o Conselho Municipal de Transporte (CMT), órgão ligado à prefeitura, aprovou o pedido de meia-passagem dos pré-universitários ligados a UFSM. Foi a partir desta decisão que aquele grupo empresarial passou a fazer uma grande pressão dentro da prefeitura e por meio da imprensa para que este direito não fosse cumprido.

É importante destacar que com o reconhecimento do vínculo dos pré-universitários populares com a UFSM, a prefeitura municipal de Santa Maria encontrou uma base legal (lei municipal Nº 562) para manter a decisão do CMT de liberação da meia passagem.

Dentro deste contexto é que dizemos que a união entre educadores(as) e educandos(as) na luta pela meia passagem foi uma ação política, surgida de um trabalho de conscientização e diálogo entre estas duas partes! Desta conscientização é que resultou uma série de manifestações dos educandos e educadores pelas ruas da cidade para reivindicar um direito que era (e ainda é) garantido por lei. Destacamos aqui também o apoio do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM e alguns movimentos sociais naquelas mobilizações.

A CONQUISTA!

Após toda esta luta para assegurar um direito previsto em lei, no final do mês de setembro de 2005, a meia passagem foi então liberada na ATU, e até o presente momento todos os educandos do Alternativa não precisam pagar o valor integral da tarifa de ônibus. Por isso dizemos que esta foi uma conquista que deve ser lembrada na história do PUPA, não só por sua importância na diminuição da evasão dos estudantes, mas também pelo o que representou em termos de educação popular, com a união de educadores e educandos na luta consciente por uma sociedade menos injusta. Com certeza a conquista da meia-passagem contribuiu muito para um amadurecimento de ideias dentro do Alternativa no que se refere a uma educação dialógica e reflexiva, servindo de exemplo para outras ações políticas de transformação da sociedade nos anos seguintes. 

Capa do Jornal A Razão, de 27 de setembro de 2005. Fonte: Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria.
Reportagem do Jornal A Razão, de 28 de setembro de 2005. Fonte: Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria.

O PRÉDIO DE APOIO DIDÁTICO-COMUNITÁRIO

 

Nos primeiros anos de funcionamento do Pré-Universitário Popular Alternativa as aulas ocorreram em diversos lugares da cidade de Santa Maria e, por um curto período, até mesmo no município de São Pedro do Sul. O curso, portanto, funcionava de maneira itinerante, dependendo de instituições que cediam algumas de suas salas de aula para as atividades, tais como as escolas estaduais Olavo Bilac, Cilon Rosa,Augusto Ruschi, e Manoel Ribas. O curso também funcionou por um tempo no Serviço Social do Comércio (SESC).

Foi no ano de 2007 que o Alternativa teve definido um local fixo para funcionar, sendo este, o Prédio de Apoio da UFSM, localizado na Rua Floriano Peixoto, região central de Santa Maria, onde até hoje está instalado. Destacamos que naquele mesmo ano houve uma grande mobilização estudantil para que este prédio não fosse privatizado pelo governo federal. Depois de uma série de manifestações lideradas pelo DCE da UFSM o prédio não foi vendido, sendo esta mais uma conquista para os educadores e educandos do curso popular!

Reportagem do Jornal A Razão, de 25 de maio de 2007. Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria.