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Telessaúde no HUSM pretende alcançar dois mil atendimentos até 2026

Projeto coordenado pela UFSM amplia teleconsultas, com foco em pacientes de mais de 40 municípios da região central do RS



O Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) está dando passos importantes na implementação da telessaúde, estratégia que permite que os pacientes se consultem a distância com profissionais de saúde. A iniciativa é coordenada pelo professor Gustavo Nogara Dotto, da Gerência de Ensino e Pesquisa do hospital.

A tecnologia traz benefícios concretos para pacientes que vivem longe do HUSM, seja em Santa Maria ou em outros municípios, e enfrentam deslocamentos longos e caros. “Muitas vezes, a consulta é apenas para renovar uma prescrição ou solicitar um exame. Isso pode ser resolvido com a teleconsulta, com prescrições contendo assinatura digital, sem a necessidade de viagem até o hospital”, explica Dotto.

A redução das viagens significa economia para famílias e prefeituras, além de liberar leitos e consultas presenciais para quem realmente precisa. Embora Santa Maria concentre cerca de 60% da demanda, o hospital atende pacientes de mais de 40 municípios da região central do estado, incluindo cidades como Júlio de Castilhos, São Sepé e São Vicente do Sul.

 

 

Como funcionam as teleconsultas?

A primeira consulta sempre deve ser presencial. Nesse encontro inicial, o profissional constata se o paciente tem acesso à internet, conhecimento técnico para participar da videochamada e se o caso pode ser acompanhado a distância. Em seguida, é colhido um termo de consentimento, autorizando o acompanhamento remoto. Nos casos em que há necessidade de exame físico, o retorno presencial é agendado.

Na prática, a maioria das teleconsultas do HUSM é realizada por vídeo via WhatsApp institucional, devido à facilidade de uso pelos pacientes, além da agilidade e rapidez que o aplicativo oferece. Dotto destaca que o Conselho Federal de Medicina permite o uso do app para teleconsultas e nada fica gravado. Embora exista um sistema oficial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o STT, a equipe relata que ele exige um nível de familiaridade digital que muitos pacientes não têm, o que limitaria sua aplicação e desestimularia tanto os usuários quanto os profissionais.

Segundo Dotto, a adesão inicial foi mais expressiva entre equipes multiprofissionais, como psicologia e enfermagem, que passaram a utilizar a teleconsulta em áreas como aleitamento materno e acompanhamento de pacientes oncológicos (pré-transplante e pós-transplante de medula óssea). Porém, em breve, pacientes oncopediátricos e da lista de espera de cirurgias cardíacas também devem começar a ser atendidos remotamente por médicos do hospital, o que deve contribuir para a redução das filas de espera.

Os desafios incluem a resistência de alguns profissionais, que ainda preferem o formato tradicional, presencial. Para Dotto, vencer essa barreira depende de mostrar as vantagens do telessaúde, como a otimização de tempo e a diminuição do fluxo diário de mais de cinco mil pessoas no hospital. A experiência do setor privado, onde consultas online já são comuns, também tem ajudado a impulsionar a aceitação, principalmente entre médicos. A capacitação oferecida no HUSM busca promover o letramento digital entre profissionais de saúde, mostrando que o processo é simples e pode ser integrado à rotina de trabalho. “O primeiro uso é decisivo. Depois que percebem que é simples e funciona, seguem utilizando”, afirma o professor.

Praticidade para pacientes oncológicos

Um dos tipos de atendimentos em que a telessaúde tem se mostrado efetiva é o acompanhamento de pacientes que realizam transplante de medula óssea. A equipe atua desde o período pré-operatório até depois do retorno para casa, unindo o cuidado presencial à teleconsulta para garantir segurança e adaptação à nova rotina de vida.

O enfermeiro Carlos Sangoi, que trabalha diretamente com esses pacientes, explica que o acompanhamento começa já no primeiro contato, com uma avaliação ampla que considera moradia, hábitos e rotina. O objetivo, segundo ele, é identificar e prevenir possíveis problemas no pós-transplante. “A teleconsulta complementa esse processo, permitindo orientar e acompanhar adaptações necessárias antes mesmo do procedimento”, afirma.

Em um dos casos, Sangoi relata que a análise de fotos da casa de um paciente revelou a necessidade de melhorias estruturais. As mudanças foram viabilizadas por meio de articulação com a Secretaria de Saúde. Para o enfermeiro, esse planejamento antecipado garante que, ao retornar para casa, o paciente encontre um ambiente seguro e adequado para a recuperação.

A teleconsulta, explica, também auxilia na organização de exames, na preparação para a internação e no esclarecimento sobre a rotina no Centro de Transplante de Medula Óssea (CTMO). Além disso, o recurso é usado em parceria com a equipe de psicólogos para apoiar pacientes que enfrentam dificuldades emocionais no pós-transplante, contribuindo para a recuperação e o bem-estar.

Outro ponto destacado pelo enfermeiro é o conforto e a praticidade do atendimento remoto, que evita deslocamentos e permite um cuidado mais acolhedor em casa. Para pacientes de outras cidades, a avaliação das condições de moradia em tempo real é especialmente útil, complementando o acompanhamento com visitas presenciais quando necessário.

Próximos passos

O financiamento obtido pelo projeto “Programa Integrado de Telessaúde: Resposta à Crise Climática no RS por meio da Parceria entre Programas de Pós-Graduação da UFSM” no edital PROEXT-PG permitiu a compra de webcams e fones de ouvido de alta qualidade, além do upgrade de computadores que estão sendo utilizados nas teleconsultas no HUSM.

A iniciativa também será fortalecida pelo recém-aprovado PET Saúde Digital, o maior da história da UFSM, com 254 bolsistas atuando tanto no HUSM quanto na Prefeitura de Santa Maria. Há ainda a previsão de novos investimentos via Rede Nacional de Pesquisa (RNP) para aquisição de equipamentos.

A ideia é que, a médio prazo, a telessaúde esteja integrada a diversas áreas do hospital, em parceria com a rede básica de saúde. A expectativa da equipe é atingir a meta de 2 mil atendimentos até agosto de 2026, consolidando o atendimento remoto no HUSM.

Reportagem: Luciane Treulieb, jornalista

Ilustração: Evandro Bertol, designer

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