Ir para o conteúdo Além do Arco Ir para o menu Além do Arco Ir para a busca no site Além do Arco Ir para o rodapé Além do Arco
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Totens interativos e exposição fotográfica são estratégias para a conscientização sobre a crise climática

Projeto Memorar Quarta Colônia, da UFSM, objetiva sensibilização e resiliência climática



No início de novembro, a Jornada Acadêmica Integrada Mirim (JAI Mirim) recebeu pequenos cientistas do ensino infantil e fundamental no Museu do Conhecimento da UFSM. Dentre os projetos presentes no evento, um dos destaques foi o Memorar – Memorial das Águas e da Resiliência Climática da Quarta Colônia. Foi a estreia de totens digitais interativos, adquiridos com recursos do Pró-Equipamentos, projeto parceiro financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal (Capes). Por meio dos totens, as crianças puderam visualizar e interagir com histórias em quadrinhos, quizzes, imagens das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul e mapas que mostram o movimento das águas no estado.

Criança interage com totem durante JAI Mirim, na UFSM.

O professor Adriano Figueiró é do Departamento de Geografia da UFSM e coordena o projeto Memorar. Segundo ele, mais de 300 pessoas, entre crianças e professores, passaram e interagiram com os totens. “Todo mundo ficou bastante impactado e surpreso com o conteúdo que observaram. Eu acho que isso cumpriu um primeiro objetivo [do projeto], que é justamente a sensibilização”, afirma Adriano.

 

Os totens funcionam como ferramentas de divulgação científica e difusão do conhecimento sobre mudanças e resiliência climática, pois permitem compreender, visualizar e interagir com explicações sobre causas e efeitos dos eventos climáticos extremos, que estão cada vez mais frequentes. “A partir da mudança climática, nós transformamos o extraordinário em ordinário”, declara Adriano. Para o professor, esse entendimento é importante para sensibilizar e conscientizar diferentes gerações. Crianças, adolescentes e jovens, que no momento são os públicos-alvo do projeto, têm mais facilidade de compreender a seriedade do fenômeno por terem nascido imersos nesta complexidade. Consequentemente, tem mais possibilidade de incorporar práticas sustentáveis no seu dia a dia.

 

Por outro lado, por não ter presente a vivência da memória de eventos climáticos extremos que já aconteciam no século passado, a noção de urgência e de planejamento de ações a longo prazo encontra mais dificuldades. Já para os adultos, essa mesma característica dificulta a compreensão da mudança climática, uma vez que enchentes, estiagens, chuvas de granizo e vendavais já causavam destruição em décadas passadas. “Mas a partir do momento em que eles começam a compreender que a mudança climática é, na verdade, a intensificação dos fenômenos extraordinários que sempre aconteceram, eu diria que eles são parceiros mais fáceis de serem incorporados, porque têm uma noção  de mundo que os jovens não têm”, explica Adriano.

 

Foram adquiridos dez totens que atualmente estão no Museu do Conhecimento da UFSM. No entanto, de acordo com Adriano, futuramente alguns deles podem ser instalados no Memorial da Resiliência Climática, objetivo principal do projeto e que está em fase de planejamento.

Memorial Quarta Colônia: da Tragédia ao Sonho

A fim de ampliar a visibilidade do projeto, o Memorar QC inaugurou na semana passada a mostra fotográfica ‘Memorial Quarta Colônia: da Tragédia ao Sonho’ no hall do Centro de Ciências Naturais e Exatas. “O nosso objetivo é tentar partir de diferentes instrumentos para sensibilizar diferentes grupos da comunidade”, diz Adriano. São 20 fotos das enchentes de 2024 selecionadas a partir de materiais midiáticos, que também são dados coletados pelo projeto. Estas fotografias representam a tragédia. Por outro lado, Adriano afirma que a ideia da mostra surgiu para fazer uma espécie de contrapeso, já que a atuação no projeto exige reviver a catástrofe e rememorar a tragédia. Por isso, criaram um concurso fotográfico para selecionar fotos de paisagens da Quarta Colônia, que significam o Sonho. “[Serve] para que as pessoas possam perceber o potencial dessas paisagens para construir a vida”, declara.

“A paisagem da Quarta Colônia é excepcionalmente linda. Mas quando você confronta essas duas realidades, ou seja, uma paisagem linda e uma paisagem submetida a uma catástrofe, nós percebemos que a passagem de uma paisagem linda para uma de perigo, morte e destruição, é uma passagem muito rápida, que pode se dar num tempo muito curto. Por isso temos que criar estratégias para tentar evitar que o impacto seja tão grande como foi em 2024”. - Adriano Figueiró, coordenador do projeto.

Para Adriano, este comparativo demonstra que, para além da tragédia, aquela paisagem tem capacidade de resiliência e recuperação. A mostra fotográfica é itinerante e será levada para diferentes espaços da UFSM, de escolas e da Quarta Colônia em 2026.

Mostra fotográfica ‘Memorial Quarta Colônia: da Tragédia ao Sonho’, no Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE).
Mostra fotográfica reúne imagens das paisagens da Quarta Colônia antes e depois das enchentes de 2024.

Memória como ferramenta para o futuro

O nome do projeto já informa um de seus objetivos: transformar a enchente em memória. Adriano explica que, apesar de ser um processo doloroso, rememorar as paisagens e consequências das enchentes de 2024 é necessário. “Costumamos dizer que a memória é a única coisa que efetivamente consegue ligar o passado ao presente, para construir o futuro”, declara. Por isso ela se torna ferramenta de conscientização: permite compreender a noção da passagem do tempo. “[Ela] nos permite ter a noção de onde as coisas vieram, de como chegaram até aqui, do que aconteceu lá atrás, porque esse processo se repete no tempo. E se não temos a memória, não temos a compreensão de repetição”, conta Adriano. Isso é importante para compreender, inclusive, a intensificação de fenômenos climáticos extremos. 

“Esse é o princípio para nós. Vivemos um momento, na sociedade planetária, submetido a um modo de produção capitalista, em que a memória tende a ser sistematicamente apagada porque quando temos um indivíduo sem memória, ele é mais vulnerável para o processo do consumo, da construção de imaginários que não são reais”, finaliza Adriano.

Um dos instrumentos para a preservação da memória das enchentes será o Memorial da Resiliência Climática, cuja previsão de instalação é para o próximo ano.

Reportagem: Samara Wobeto, jornalista

Fotografias: Memorar Quarta Colônia

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-929-402

Publicações Recentes