Na última quinta-feira (16), nove dos dez projetos contemplados no último edital do Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (PROEXT-PG) se reuniram no auditório da Coordenadoria de Tecnologia Educacional (CTE) para apresentar e debater o andamento das ações extensionistas. Além disso, compartilharam desafios e potencialidades das atividades com as comunidades. Apenas o projeto ‘FelizIdade’ não conseguiu comparecer ao encontro.
A Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP) e presidente do Comitê Gestor do PROEXT-PG, Cristina Wayne Nogueira, realizou a abertura do evento ao lado do Pró-Reitor de Extensão (PRE), Flavi Ferreira Lisboa Filho. O Assistente Administrativo André dos Santos Leandro, da PRPGP, apresentou um relatório da execução orçamentária do Programa.
Cristina comenta que ficou muito impressionada com as apresentações dos dez projetos. “Demonstraram ação, demonstraram o envolvimento de alunos de graduação e pós-graduação. Foi muito bonito ver os resultados, os reflexos nas comunidades, nos diferentes territórios. Fiquei muito satisfeita com o que vi”, afirma.
Confira, a seguir, os principais destaques de cada um dos projetos
Memorar das Águas e da Resiliência Climática da Quarta Colônia - Memorar QC
Apresentado pelo professor Adriano Severo Figueiró, o projeto surge a partir dos incômodos causados pelos deslizamentos de terra e alagamentos provocados pelas enchentes de maio de 2024 e que tiveram início na região central do estado. O conceito da resiliência climática norteia as ações, que estão em desenvolvimento: de educação ambiental e governança do território, por meio de oficinas com escolas; de mapeamento de áreas de risco e de gerenciamento de recursos hídricos, por meio de visitas técnicas; e de conservação do patrimônio da paisagem, a partir da descoberta de novo Geossítio arqueológico Guarani no município de Dona Francisca. Nos próximos passos do projeto, estão a criação de uma cartilha para oportunizar o aprendizado de Resiliência Climática nas escolas, além da aquisição de dez totens digitais para exposição de material interpretativo sobre as mudanças climáticas, e que será exposto no Museu do Conhecimento da UFSM.
Diagnóstico da aptidão agrícola das terras e fertilidade do solo em áreas agrícolas atingidas por desastres climáticos
O professor Gustavo Brunetto apresentou as ações do projeto realizado pelo Grupo de Estudos de Predição de Adubação e Potencial de Contaminação de Elementos em Solos (Gepaces-UFSM). O grupo realizou coletas de solo na região da Serra Gaúcha, em propriedades produtoras de frutas. A partir da análise das amostras, conseguiu definir as características do solo afetado pelas enchentes de 2024, que perdeu matéria orgânica e ganhou acidez. Além disso, o Grupo estabeleceu estratégias para a resolução destes problemas. Os resultados de pesquisa tiveram ampla divulgação na imprensa, desde veículos regionais até nacionais. Os próximos passos envolvem capacitação e treinamento dos técnicos e produtores, além de produção de soluções e materiais de divulgação científica.
Time Enactus UFSM
Representado pela professora Débora Bobsin, o Time Enactus já realizou duas ações extensionistas: em 2024, aplicou o ‘Projeto Florescer’ na Escola Estadual Augusto Ruschi, voltado para a educação ambiental no ensino fundamental. Já neste ano, realizou a ‘Escolinha de Negócios’, promovendo a educação empreendedora para o ensino fundamental das escolas Escola Municipal Lourenço Dalla Corte, em Santa Maria, e para a Escola Municipal Dagoberto Barcelos, que fica em Caçapava do Sul. Estão em andamento mais duas ações extensionistas. Em Santa Maria, no bairro Passo das Tropas, a comunidade escolar da Escola
Municipal Pedro Kunz, formada por mães e alunos, recebem oficinas para geração de trabalho e renda. Já em Caçapava do Sul, no grupo Harmonia Preta, são feitas ações de estruturação do negócio social, como plano de negócios e auxílio na captação de recursos. Além disso, produtos editoriais, como cartilhas, estão em fase de finalização.
Sumo Educacional
A mestranda Natali Morgana Cassola apresentou o andamento das ações do projeto Sumo Educacional, que leva educação financeira para espaços educativos, como as escolas. Já realizou formação de líderes, que tem a missão de levar o aprendizado para a sala de aula, aulas com jovens, testes de metodologias e jogos de forma interna e aplicação dos jogos nas escolas. Entre os próximos passos, estão a consolidação da metodologia própria, a ampliação da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento da plataforma In-Sumo, que objetiva capacitar os professores, integrar elementos de gamificação na formação para o aprendizado e ampliar o impacto das ferramentas tanto para as e os estudantes quanto para suas famílias.
Programa Integrado de Telessaúde: Resposta à Crise Climática no RS por meio da Parceria entre Programas de Pós-Graduação da UFSM
Apresentado pelo professor Gustavo Dotto, o projeto Telessaúde já está com o sistema de consultas online em funcionamento, com quase 300 atendimentos realizados de pelo menos cinco especialidades médicas. A meta, segundo Dotto, é alcançar 2000 atendimentos até 2026. O professor destacou que a implementação do projeto beneficia pacientes que moram em cidades vizinhas ou mesmo de regiões diferentes, uma vez que o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é referência em saúde especializada no Sistema Único de Saúde (SUS). Também contribui para a diminuição da quantidade de pessoas que circulam no HUSM diariamente, o que beneficia o aspecto da biossegurança.
Estratégias e alternativas para o desenvolvimento regional sustentável
Desenvolvido na UFSM de Palmeira das Missões, o projeto pretende construir estratégias para o turismo rural em torno da produção de erva-mate. A professora Rosani Spanevello destacou as parcerias do projeto com entidades públicas, como a prefeitura, Conselho Municipal de Turismo, Secretaria da Agricultura e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), além da empresa Júnior do curso de Zootecnia. O projeto se insere nestes conselhos e ajuda a discutir estratégias e alternativas para o desenvolvimento regional sustentável. Já auxiliou na constituição da Associação dos Produtores de Erva-Mate de Palmeira das Missões (APEMPM), com capacitação na produção, projeto municipal de mudas e confecção da marca. Por meio da disciplina ‘Formação em Extensão na Pós-Graduação I’, que acontece neste semestre, mestrandos, doutorandos e parceiros visitam propriedades rurais produtoras da planta erva-mate para diagnóstico e análise das potencialidades turísticas. Também proporciona viagens de estudo de estudantes e produtores para conhecer outras associações e formas de comercialização. No próximo semestre, será ofertada a disciplina ‘Formação em Extensão na Pós-Graduação II’, que tem o objetivo de elaborar os roteiros turísticos da rota da erva-mate em Palmeira das Missões.
Programa de Geração de Renda e qualidade do pescado (ProgeAqua)
As ações do ProgeAqua foram apresentadas pelo professor Rafael Lazzari. Este projeto foi contemplado também na primeira edição do PROEXT-PG na UFSM, em 2015. Entre as ações realizadas até o momento estão a definição dos municípios contemplados, a elaboração de materiais didáticos e os primeiros encontros com técnicos e produtores. As ações serão realizadas em Santa Maria, São Pedro do Sul, Jari, Quevedos, Cacequi, São Sepé, Novo Cabrais, São João do Polêsine, Nova Palma, Pinhal Grande, Dona Francisca, Nova Esperança do Sul, Tupaciretã, Silveira Martins e Júlio de Castilhos. Entre as dificuldades encontradas estão a mobilização dos produtores, a precariedade da área regional para a piscicultura, principalmente devido às chuvas e à realidade da catástrofe climática. As próximas ações envolvem palestras, visitas técnicas, acompanhamento de produtores e capacitações práticas, promovidas pela UFSM e parceiros, sobre temas relacionados à piscicultura, como legislação ambiental, sistemas de cultivo e instalações, qualidade da água, alimentação e doenças dos peixes, entre outros.
Coletivo FLUIR: territórios educativos intersetoriais de ações e políticas em defesa das crianças em contextos vulneráveis
O Coletivo Fluir foi representado pelos professores Fabiane Bridi, Taciana Segatt e Joe Bulsara. O projeto se insere em três escolas de Santa Maria para promover Territórios Educativos Intersetoriais (TEI), que buscam a valorização das infâncias em vulnerabilidade por meio da educação. Quinzenalmente, as equipes se deslocam até as escolas EMEI Montanha Russa, EMEF Chácara das Flores e EMEI Monte Bello e Lar de Joaquina. Também realizaram a disciplina de extensão, que busca capacitar professoras da educação infantil para a formação em metodologias de ensino a partir das realidades e vivências de cada escola. São quatro Territórios formados: o TEI 1, composto pelas crianças, famílias, escola e comunidade local; o TEI 2, que busca a formação da comunidade escolar (grupos compostos por professoras; monitoras e estagiárias; e colaboradores); o TEI 3, de gestão educacional e políticas públicas, e o TEI Andarilho, em que o Coletivo Fluir está em movimento. A partir de demandas da comunidade escolar, está em criação mais um braço do último TEI: o Território Fluir Comunidade, que dialoga com a Associação de Bairro Montanha Russa e busca construir saberes e experiências acadêmicas para a comunidade.
Comunicação de proximidade: memória, resiliência e adaptação social a riscos climáticos e catástrofes naturais na Quarta Colônia
A professora Aline Dalmolin apresentou as ações do projeto ‘Comunicação de Proximidade: memória, resiliência e adaptação social a riscos climáticos e catástrofes naturais na Quarta Colônia’. O projeto se constitui em três eixos: 1- Cartografia da malha de comunicação de proximidade da Quarta Colônia e ações para superação de seus vazios de notícias; 2 – Fortalecimento do sistema de alerta e protocolos comunicacionais dos municípios da Quarta Colônia em situação de risco climático; e 3 – Desenvolvimento de ações em Educomunicação para o combate à desinformação climática. No ano passado, foram iniciadas as conversas com o poder público dos nove municípios para estabelecer parcerias. Também foram feitas oficinas de educomunicação em escolas da região, além do mapeamento dos veículos e comunicadores populares que compõem a cartografia da malha de comunicação. Em 2025, o foco foi a continuidade do andamento destas atividades, além da realização de 29 entrevistas em profundidade, feitas para mapear os impactos da catástrofe climática de 2024 em gestores, moradores e veículos de comunicação. Foram feitos dois grupos de discussão acerca dos protocolos. Entre os próximos passos, estão a capacitação de comunicadores e entrega dos produtos, como policy papers, oficinas em escolas, plano de comunicação para a malha de comunicação de proximidade, criação da identidade visual e sonora, série de podcasts; dois videodocumentários, entre outros.
Reportagem e fotografias: Samara Wobeto, jornalista.
Edição: Luciane Treulieb, jornalista.