Eventos climáticos globais deverão afetar mais a biodiversidade em montanhas do que aquelas que estão ao nível do mar. Estudos com comunidades de plantas e animais que ocorrem em áreas montanhosas de regiões tropicais e subtropicais são ainda pouco conhecidos. O Parque Nacional de São Joaquim é uma das poucas Unidades de Conservação localizada em uma região montanhosa e está no limite sul de distribuição da Mata Atlântica brasileira, com áreas representativas de araucárias, matas nebulares e campos de altitude. Essa paisagem fornece uma oportunidade única para o desenvolvimento de estudos para a compreensão de processos e padrões geradores, mantenedores e impactantes da Biodiversidade da Mata Atlântica do sul do Brasil.

O objetivo principal deste projeto é instalar módulos de parcelas permanentes no Parque Nacional de São Joaquim para avaliar e monitorar a fauna (formigas de solo, insetos herbívoros, mosquitos picadores de anfíbios, anfíbios, morcegos e mamíferos terrestres não voadores) e a flora (riqueza e composição de espécies arbóreas e etnobotânica) a curto, médio e longo prazo. Para a realização desse projeto, contamos com o envolvimento de pesquisadores e alunos do Programa de Pós Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina, além de contar com a participação efetiva de pesquisadores da Universidade Regional de Blumenau, Universidade do Estado de Santa Catarina, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, como também do apoio dos técnicos ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – SC responsáveis pelo Parque Nacional de São Joaquim. Em cada uma das três fitofisionomias predominantes no Parque será instalado um módulo de 5km². O módulo será composto por duas trilhas no sentido Leste-Oeste e seis trilhas no sentido Norte-Sul. A cada 1km será instalada uma parcela permanente de 250m de comprimento com largura variável de acordo com cada grupo biológico envolvido.

Independente da largura das parcelas, todas serão instaladas acompanhando a cota do terreno. A altitude do terreno será determinada por uma equipe de topografia que medirá a altitude no início de cada parcela usando uma estação total de GPS, sendo obedecida a curva de nível do terreno, assim a altitude se manterá constante ao longo de toda a parcela. Nestas parcelas, os grupos biológicos serão avaliados e monitorados de acordo com os protocolos desenvolvidos pelo PPBio, fazendo as devidas adequações para realidade local.

Serão realizadas reuniões técnicas entre pesquisadores tanto desse projeto quando dos demais pesquisadores componentes da Rede PPBio Mata Atlântica para garantir a qualidade na coleta de dados. Com isso pretendemos consolidar um programa de pesquisa em biodiversidade baseado em conhecimento científico capaz de gerar e integrar informações importantes para a conservação da biodiversidade do bioma Mata Atlântica