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Carvão vegetal sustentável: UFSM, produtores e poder público se unem em novo modelo regional



Um dos maiores municípios do Rio Grande do Sul em termos de território, com mais de 3 mil quilômetros quadrados, Encruzilhada do Sul aposta no carvão vegetal como nova forma de aproveitamento do seu potencial madeireiro. São mais de 75 mil hectares de área plantada de florestas, ocupando o primeiro lugar no ranking do Estado. O investimento iniciou há 20 anos, com plantações de pinus, e hoje há também eucalipto e acácia negra. As variedades têm sido matéria-prima para os cerca de 15 carvoeiros.
 
O produto é feito por agricultores familiares, em pequenas e médias propriedades, e vendido para empresas que empacotam e vendem ao mercado estadual. No município, já foram contabilizados cerca de 200 fornos, mas por conta de entraves, dificuldades e queda de mercado, hoje são cerca de 70. A quantidade varia de um produtor para outro – alguns possuem dois ou três e outros, 15 ou 20.
 
Atualmente, com o crescimento da demanda, principalmente pelo mercado internacional – como a Europa –, o setor quer se reorganizar, lançando mão de novas tecnologias e da regularização ambiental. Além disso, com o apoio do poder público municipal, a expectativa é de que programas de incentivo e de fomento auxiliem no processo.
 
A partir do auxílio da Prefeitura, por meio das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Agricultura e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), através do curso de Engenharia Florestal, o projeto está estruturado em quatro frentes:
• Organização de uma associação de produtores;
• Criação de legislação municipal com protocolo de licenciamento ambiental;
• Transferência de tecnologia, com reengenharia dos fornos existentes para torná-los mais competitivos e eficientes;
• Criação de marca de identidade regional.
 
O potencial de produção no município e a necessidade de habilitação do carvão para exportação têm recebido atenção do professor Jorge Farias, do Departamento de Ciências Florestais da UFSM, que está realizando pesquisas e assessoramento aos envolvidos no projeto.
 
Segundo o professor Farias, a produção de carvão vegetal no Sul do Brasil é altamente compatível com o tamanho das propriedades familiares, contribuindo para aspectos sociais, econômicos e ambientais. “Ele é totalmente sustentável, utiliza apenas árvores de plantios comerciais. E com o passar do tempo, a partir de novas tecnologias, será o fixador de carbono no solo, estratégia importante para retirar da atmosfera e mitigar o aquecimento global e as mudanças climáticas”, explica.
 
O coordenador da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Lucas Selbach, enfatiza que o objetivo é organizar a cadeia, com Poder Público, carvoeiros e empresas de madeira. O tripé para estruturar o setor envolve conhecimento, tecnologia e investimento, explica ele. “Com escalas de produção bem consideráveis, o Município se debruça na habilitação do produto para exportação e na busca de formas de fomentar a estrutura dos carvoeiros.”
 
O acesso a novas tecnologias para a carbonização da madeira – como adaptações ao sistema forno-fornalha – é uma das metas desta parceria entre a UFSM, Município e produtores rurais. Essa tecnologia queima os gases nocivos gerados no processo, o que reduz em cerca de 95% a poluição e ainda apresenta ganhos em qualidade e rendimento do carvão.
 
Clóvis Halinski Cardoso, que trabalha com o auxílio de três pessoas na localidade de Caneleira, comenta que a infraestrutura afeta a produção e a qualidade do carvão e, por isso, essa mudança de tecnologia dos fornos agregaria muito no processo. “Hoje dependemos muito do clima. Em tempos de seca e de calor, a lenha carboniza mais fácil, o que exige menos fogo e gera menos fumaça. E isso tudo influencia também na qualidade do carvão.”
 
Dion Porto Ferraz, da localidade de Alto da Aviação, dedica-se à atividade há cerca de 16 anos. Na sua propriedade são 22 fornos, que mensalmente produzem de 30 a 50 mil quilos. Cada queima, por forno, dura em média 50 horas. Ele ainda destaca que seu objetivo é obter o selo verde (produto ecológico) para o pacote próprio. “Com utilização de 100% de madeira certificada, mais a regularização legal, vai ser possível alcançar esta meta”, acredita. “Claro, com a chegada desse apoio da Prefeitura e da UFSM as possibilidades de adequação das legislações, começamos a ver uma luz no fim do túnel.”
 

Outras opções para o mercado

Com a cadeia organizada, a categoria já visualiza alternativas além da produção do carvão. Derivado do processo de queima da madeira, o extrato pirolenhoso é utilizado na agricultura como fertilizante e adubo e na indústria alimentar como aditivo para gerar o sabor defumado. Outros usos estão no tratamento de água, na indústria química e na produção de cosméticos.
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