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Relatos de Extensão 2023: Atendimento psicológico voltado às demandas do acolhimento institucional



Número: 053446

Nome do projeto: Atendimento Psicológico Clínico Especializado voltado às demandas do acolhimento institucional para crianças e adolescentes

Coordenação: Aline Cardoso Siqueira

Objetivo geral: Oferecer atendimento psicológico as crianças e aos adolescentes em situação de acolhimento institucional, bem como a mães e pais adotantes.

Linhas de extensão: Direitos humanos e justiça

Período de realização: 22/01/2020 a 19/01/2025

ODS: 01, 04 e 10

A jornada da adoção começa pelo interesse em criar um novo laço de maternidade e/ou paternidade para crianças ou jovens que têm essa conexão fragilizada. Após um período de espera que pode levar anos, os pais embarcam em uma nova fase do processo de adoção, a adaptação do adotando em um ambiente novo, e esse momento pode se tornar um desafio. Desta forma, é importante que exista acompanhamento especializado para a construção de uma relação saudável.

O projeto foi criado em 2020, com objetivo de realizar atendimentos psicológicos para crianças e adolescentes em instituições de acolhimento. Essa demanda foi reconhecida pela coordenadora do projeto e docente do Departamento de Psicologia, Aline Cardoso Siqueira, que atuava com discentes do curso de Psicologia da UFSM em atividades de Assistência Social junto a essas instituições. “Havia uma necessidade de oferecer atendimentos clínicos para as crianças e adolescentes para esse grupo”, explica. Segundo a docente: “A instituição de acolhimento entendia que era algo importante e que necessitava de um atendimento especializado, e nós [Universidade] entendemos que aquela era uma oportunidade de aprendizagem”.

Para saber mais sobre o surgimento, a abordagem da psicologia usada nos atendimentos e a importância da criação de laços afetivos, entrevistamos a coordenadora do projeto Aline Siqueira:

Como surgiu a ideia de estender o atendimento para os pais em processo de adoção?

O projeto funcionou muito bem no primeiro ano, no segundo ano foi pandemia, e nessa época as instituições ficaram mais restritas. O atendimento online de crianças, por discentes, não era permitido naquele momento pelo Conselho Federal de Psicologia. Ainda que o conselho permitisse atendimento online, não era algo prático e praticado na época, então nós passamos o ano todo estudando. Nesse momento, tivemos um período de afastamento da instituição e nos dedicamos mais aos casos de adoção, mais especificamente, os pais adotantes. O nosso público atendido é o mesmo, aquele que é adotado e aquele que era do acolhimento, a criança e o adolescente, nós seguimos focando para esse público, na possibilidade de olhar para adoção.

 

Como são realizados os atendimentos com esses pais?

A adoção abre outras camadas, a parentalidade adotiva têm questões bem importantes que podem fazer com que os pais desistam do jovem, então nos debruçamos nesse caminho nos últimos dois anos. O trabalho foi se ampliando, mas a ideia é sempre poder dar suporte e uma atenção para as crianças e os adolescentes que passaram por situações de violência, que é inevitavelmente a causa do acolhimento institucional. E isso tem repercussões no desenvolvimento humano, muitas vezes, os pais adotantes estão despreparados para lidar com os efeitos da violência, como agressividade, comportamento opositor, até dificuldades de confiar, acham que isso é algo de personalidade, de caráter. E é muito pelo contrário, a violência é uma vivência bastante diversa e impactante para a vida psíquica da criança e que certamente precisa de ajuda para poder superar isso.

Como surgiu a parceria com o Programa de Extensão Esperançando?

A parceria com o projeto existe desde o início, temos estagiários da psicologia no Esperançando, então fazemos essa conexão. A diferença é que aquele projeto tem uma atuação mais ampla, as discentes de Psicologia estão construindo um plano de futuro junto com os adolescentes. Um adolescente que entra e sai no acolhimento já teve uma série de vivências difíceis, eles tiveram poucas oportunidades de se sentir seguros e confiar em alguém, conseguir fazer um laço mais estável. O projeto proporciona isso, como se dissesse: “olha, eu estou aqui, estou olhando para você, para o teu futuro, o que você tá precisando? Estou te escutando”. O projeto Esperançando dá esse suporte, que em outros lugares eles não têm. Então, é excelente, só que claro, aquelas angústias e situações mais delicadas e profundas, que podem gerar uma dificuldade maior, o projeto não dá conta. Por isso, a gente pode complementar essa atuação.

Qual área da Psicologia o projeto trabalha nos atendimentos?

Os atendimentos oferecidos ocorrem pela perspectiva da psicanálise. A psicopatologia é uma grande área da Psicologia/Psiquiatria que descreve os transtornos mentais, as dificuldades mais acentuadas da saúde mental dos indivíduos. Olhamos para as dificuldades das crianças e adolescentes a partir das lentes da psicanálise, entendendo que a criança e o adolescente estão em plena constituição psíquica num processo de formação subjetiva. Uma das possibilidades de olhar para a saúde mental é entendê-la para além do diagnóstico, indo além do entendimento de ter ou não ter saúde mental. Entendemos que ao longo do ciclo vital, todos nós enfrentamos eventos estressores em momentos de maior ou menor fragilidade. Ajudamos o sujeito a entender os efeitos desses eventos em suas vidas. Aqueles que ingressam em acolhimentos institucionais enfrentaram as vivências estressoras muito intensas, são crianças que viveram negligência e outros tipos de violência. Essas vivências podem levar a uma sensação de insegurança que pode acompanhá-los durante a vida. Então, uma vez que essas vivências são bastante fragilizantes, é possível que doenças mentais se constituam, e estas precisam de tratamento. Quando escutamos de um adolescente que ele não quer ir para a escola, pode ser porque na sua história de vida ele não teve a oportunidade de perceber que dar o melhor de si era importante, porque ninguém olhava muito bem para ele. Então esse olhar de alguém que deseja coisas por ele, por vezes é muito frágil nesses jovens acolhidos, mas é fundamental, para que essa vida adulta consiga ser constituída.

De que forma esses laços podem ser construídos no processo de acolhimento/adoção?

O olhar tão necessário para as crianças e adolescentes que vivem em acolhimento pode ser provido pelos sujeitos que os cuidam, os educadores do acolhimento, por exemplo, mas não só por eles, pelos sujeitos que interagem com eles nos diferentes ambientes que os jovens circulam. Um programa que, se bem conduzido, pode ser uma forma de proporcionar o laço do jovem com o social. É o que chamamos de apadrinhamento afetivo. Nesse programa, a ideia é que tenha um adulto que possa acompanhar aquela criança, não de maneira caridosa, não querendo fazer um “teste para adoção”, o objetivo é poder ser uma pessoa constante e que faça esse processo de cuidado pela criança/adolescente. E mesmo que ela volte para a família de origem ou seja adotada por outra família, que essa pessoa se coloque como uma pessoa presente. Em outros países, tem a figura do mentor, em situações de famílias mais frágeis, tem um mentor que faz um pouco disso, de inclusive organizar a vida acadêmica, por conta de que às vezes o acolhimento não consegue, ou porque para a família de origem não faz sentido. Então esse mentor seria uma pessoa que poderia dar esse apoio – que é objetivo, mas também que fala de um afeto.

Todo ano o projeto organiza alguma ação em comemoração ao Dia Nacional da Adoção, neste ano foi realizado um seminário em parceria com o Grupo de Incentivo à Adoção (GAIA), que buscou a interlocução da Universidade com a sociedade. Na semana seguinte promoveu rodas de conversa no Espaço da UFSM no Shopping Praça Nova. A iniciativa realiza capacitações de bolsistas e voluntários que participam do projeto. “Como o atendimento clínico não é algo tão simples, eles passam por alguns meses de capacitação, isso exige leituras e acompanhar supervisões clínicas”, afirma Aline. Segundo a coordenadora, é importante que os atendimentos realizados se tornem uma amostra da sociedade para que: “Quando esses discentes forem formados e depararem-se com essas situações, possam conduzir as práticas profissionais de maneira mais tranquila e capacitada”.

Texto por: Júlia Almeida

Ilustração: Samuel Teixeira

Número: 053499

Nome do projeto: Patrimônio histórico cultural, memória, educação e preservação

Coordenação: Maria Medianeira Padoin

Objetivo geral: Propiciar ações de extensão que envolvam especialmente acadêmicos e servidores da UFSM e a comunidade regional, com o fim de colaborar efetivamente na preservação, valorização, divulgação da memória e do patrimônio, como fator e instrumento/política educacional de desenvolvimento regional e de valorização e preservação da cultura

Linhas de extensão: Patrimônio cultural

Período de realização: 01/02/2020 a 31/01/2025

ODS: 04

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