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Relatos de Extensão 2023: Psicologia Escolar e Educacional nas escolas de Educação Básica



Número: 058435

Nome do projeto: Psicologia Escolar e Educacional nas escolas de Educação Básica: diagnóstico e intervenções institucionais (PEDI)

Coordenação: Naiana Dapieve Patias

Objetivo geral: Realizar ações interventivas nas escolas, por meio do diagnóstico institucional e da intervenção com crianças, adolescentes, professores, famílias e equipe pedagógica.

Linhas de Extensão: Saúde

Período de Realização: 12/09/2022 a 20/03/2028

ODS: 03

A iniciativa começou em 2022 e tem o objetivo de realizar ações de Psicologia em escolas de Santa Maria. A coordenação do projeto é feita pela docente do Departamento de Psicologia, Naiana Dapieve Patias, e no momento cinco escolas são atendidas pelo projeto, sendo elas três escolas municipais, uma privada – que já tinha uma psicóloga -, e uma estadual. O propósito do projeto não é realizar atendimento psicológico, mas ações ampliadas em grupo, rodas de conversa, produção de materiais psicoeducativos como cartilhas, e posts nas redes sociais, sobre diversos temas que são sempre demandados por cada escola em particular. “Tentamos entender de maneira geral qual é a necessidade da escola, e não trabalhar com foco no problema. Queremos ampliar o olhar e fazer uma intervenção que seja mais contextualizada, mais ampla, que permita que todos possam falar e serem escutados sem julgamento”, explica a docente.

O “diagnóstico” das instituições escolares é o processo que os participantes do projeto, que incluem alunos da graduação e pós-graduação em Psicologia, psicólogos voluntários e a coordenadora Naiana, realizam antes de começar as ações em si. Primeiro é feito um levantamento de informações a partir do que é coletado pela observação e interação com os integrantes daquela comunidade escolar, por períodos que variam de 1 a 3 meses. “Conversamos com todos os atores da escola, professores, estudantes, gestão, e inclusive com os pais. Fico muito contente de ver o quanto eles acreditam no nosso trabalho e valorizam o que estamos fazendo ali”, conta Naiana. Depois as informações são levadas para a Universidade, onde o grupo estuda e discute os casos, e as ações são direcionadas de acordo com a demanda de cada escola.

As práticas são realizadas principalmente por meio de ações grupais, constituindo não apenas os estudantes – crianças e adolescentes -, mas de professores e familiares. Naiana explica que trabalhar com um público tão diverso é um desafio para os alunos da graduação, que estão sempre acompanhados de um profissional formado – psicólogo. “Sempre conversamos sobre o quanto essas atividades que fazemos e essas relações que se estabelecem com vários públicos acabam impactando. Cada um carrega a importância da terapia e da gente conversar”, relata a docente.

Em relação às principais demandas nas escolas, Naiana explica que para os alunos a maior parte dos casos envolvem temas como: a gestão de tempo e organização dos estudos, bullying e cyberbullying, transtornos de ansiedade, e a regulação emocional, que seria aprender a controlar emoções e comportamentos, característico de um público mais jovem. A docente comenta que há várias situações referentes a sintomas de ansiedade e depressão após a pandemia, e que isso se manifesta de maneira diferente dos adultos: “Eles acabam tendo um humor mais irritadiço, mais agressivo, e isso se expressa na escola por meio dos comportamentos impulsivos, opositores”, além de casos comuns de bullying/cyberbullying. “Há muitas situações de bullying que os profissionais não estão conseguindo lidar. Os professores e os familiares têm que aprender formas de não invalidar o que aquelas crianças e adolescentes estão sentindo, mas escutar e entender que aquilo gera sofrimento”.

Além dos estudantes, a principal questão dos professores é o excesso de trabalho e a dificuldade de manejar questões do trabalho e a relação com a família.“Tanto nas escolas estaduais e municipais quanto na escola privada, repete-se a mesma demanda: excesso de trabalho, cansaço, dificuldade de lidar com o comportamento das crianças e adolescentes”, explica Naiana. E que após a pandemia, muitos alunos passaram de ano sem estarem alfabetizados, o que sobrecarrega ainda mais os educadores. “Tudo isso acaba impactando na saúde mental do professor, por isso promovemos esse espaço de escuta e validação do que eles estão sentindo. Quando se tem um espaço para os docentes falarem eles se sentem mais à vontade, a relação deles melhora, e isso vai melhorar a relação com seus alunos também”.

O próximo passo do projeto é tentar envolver mais os familiares dos alunos nas ações psicoeducativas, o que ainda é um desafio. A coordenadora explica que persiste um sentimento de desconfiança dos pais com temas relacionados à saúde mental e à Psicologia em si. Para isso, os integrantes da iniciativa participam de eventos das escolas com os pais para levar os materiais produzidos pelo projeto (cartilhas) como uma forma de ir se aproximando dos familiares, para que se possa “criar uma cultura de ir para escola e ser escutado sem julgamento, e não apenas para falar sobre notas baixas e “maus” comportamentos dos filhos”. 

No entanto, há dificuldade dos pais em se aproximarem da Psicologia, como a docente conta sobre um evento realizado em uma das escolas, em que nenhum dos pais os procurou. “Alguns vieram com desconfiança, olharam as nossas cartilhas e questionaram. Uma das cartilhas que produzimos tem como título “Palmadas educam?”. Ela produziu uma série de comentários de professores e pais que liam o título e respondiam, quase que predominantemente, “educam sim!”. Acabamos fomentando uma discussão, mas ainda não conseguimos interagir com esses pais que nem conseguimos com os professores”.

A necessidade de um espaço para os professores dialogarem e de aproximar os familiares da pauta da saúde mental são apenas alguns pontos que demonstram a importância das ações extensionistas do projeto nas escolas de Santa Maria, sendo que todas as públicas (municipais e estaduais) não contam com psicólogos em sua equipe. No entanto, a professora ressalta que “Psicólogos têm que estar na escola, e precisamos que eles estejam lá no dia a dia. A relevância do nosso trabalho é que queremos possibilitar que as pessoas se sintam bem no ambiente em que elas estão, mas não substituímos a necessidade de psicólogos escolares que devem ser inseridos nas escolas diante da Lei 13.935/2019”, relata Naiana. 

A coordenadora explica que eles auxiliam, mas que todas as escolas deveriam ter esses profissionais presentes. “Na pandemia, todo mundo percebeu como nunca tinha percebido antes que a escola é essencial na vida da criança, dos adolescentes e também dos docentes. Praticamente tudo começa a não funcionar direito, porque a escola é um ambiente de desenvolvimento tão importante quanto a família, é na escola que as crianças vão aprender sobre regras no espaço público, sobre habilidades sociais, empatia, compaixão, sobretudo sobre amor, quando na escola as relações são saudáveis. A escola é um espaço motor do desenvolvimento”. 

Texto por: Giulia Maffi

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