Com o objetivo de apresentar o “Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar” e as experiências vividas neste, esteve palestrando aos acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal da UFSM/FW, na noite de ontem, terça-feira, no salão da Escola de Educação Básica Sepé Tiaraju (FW), o Mestre em Ciências Militares e Coronel da Reserva da Arma de Engenharia, Hiram Reis e Silva, atualmente um dos maiores especialistas em questões da Amazônia Brasileira.
O projeto, segundo Coronel Hiran, tem como objetivo fundamental despertar a juventude brasileira para que exerça uma pressão cidadã, no sentido de reverter as ações que afligem a Amazônia, exigindo das autoridades providências que contemplem o meio ambiente e os povos da floresta, sem negligenciar a soberania nacional.
“Paixão extrema pela esposa enferma, fé inquebrantável no Grande Arquiteto do Universo e na sua capacidade de operar milagres, amor pela Amazônia e pelas águas”, foram os motivos pelos quais nasceu, segundo Coronel Hiran, a ideia. Ela, porém, vai além do aspecto pessoal, e tornaou-se um grande projeto multidisciplinar desenvolvido pelo Colégio Militar de Porto Alegre, desde o ano de 2008. O Militar já percorreu aproximadamente 48 mil quilômetros à caiaque, dos quais cerca de 8 mil foram na Amazônia, lugar que, para ele, tem valor incomensurável, mas jamais terá preço. Uma das maiores dificuldades enfrentadas no projeto, de acordo com Silva, foi a questão da higiene. “Foi a mais difícil empreitada que já enfrentei. Um grande desafio e uma grande experiência”, conta.
Sobre a população indígena, predominante na região – 370 mil divididos em 220 etnias, alguns vivendo em situação de completo isolamento e outros já inseridos em diferentes culturas –, Coronel Hiran comenta que devem ter seus direitos prescritos na Constituição garantidos, mas devem ser tratados como cidadãos normais e não especiais.
Acerca do desenvolvimento sustentável, o Coronel defende a utilização consciente da madeira, de acordo com a dinâmica natural da floresta. “Tem como explorar, tem técnicas, é só saber usar das formas certas”, afirma. Para ele, viver do extrativismo, hoje, é impossível. Mas, há outras alternativas rentáveis e que possibilitam uma melhor condição de vida. “Não podemos analisar a Amazônia como um todo, cada lugar tem suas particularidades que podem ser desenvolvidas”, ressalta.
Como soluções para os dilemas encontrados nos lugares que percorreu e conheceu, ele menciona algumas, como a preservação do Programa Calha Norte (que promove o desenvolvimento regional, com programas de assistência); a limitação da criação dos núcleos populacionais; a incumbência da formulação, execução e supervisão de projetos à pesquisadores da região, já que esses são os que melhor conhecem-na; o aproveitamento dos recursos energéticos locais e o impedimento dos isolamentos raciais ou étnicos, tendo em vista que o Brasil é um país de povo miscigenado.
Para concluir, cita a frase de Tiago de Mello: “Só se pode amar as coisas que se conhece e entende. Só lutamos e defendemos o que amamos”. Como dica de livro, Silva indica aos acadêmicos “Quando o Amazonas corria para o Pacífico”, de Evaristo Eduardo de Miranda.
Assessoria de Comunicação da Direção do Centro