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É possível produzir gasolina utilizando fósseis de dinossauros?

Com o aumento do preço dos combustíveis, memes sobre a produção de gasolina caseira com fósseis de dinossauros voltaram a circular pelas redes sociais



 

Você já deve ter visto tiras de humor como esta:

Descrição da imagem: tirinha em tom de laranja e amarelo com três quadros. O primeiro é vertical em amarelo, com o texto "Todas as criaturas de Deus possuem um propósito na terra". No segundo quadrinho, ilustração de um dinossauro vermelho em frente a um homem de barba branca. Ao fundo, montanhas verdes. Ao lado do dinossauro, balão de fala branco com o texto "Senhor, qual o meu propósito?". Abaixo do homem, balão de fala branco com o texto "Virar petróleo!". No terceiro quadrinho, o dinossauro vermelho está cabisbaixo, na mesma paisagem de montanhas, e, ao lado, balão de fala com o texto "Ok".
Ilustração: Carlos Ruas

Ou postagens nas redes sociais como esta:

Descrição da imagem: captura de tela do twitter da conta "Faria Lima Elevator". O texto: "Como fazer gasolina caseira: primeiro enterre um dinossauro". O fundo é branco.

A crença de que é possível criar gasolina a partir de fósseis de dinossauros circula entre as pessoas há bastante tempo. Isso porque a palavra “combustível fóssil” remete aos fósseis e também porque, segundo algumas teorias, o petróleo é um derivado de restos de animais que viveram há milhões de anos na terra. 

 

Mas será que isso é verdade? A Arco preparou um mitômetro para descomplicar o assunto, verificar se é realmente possível criar gasolina caseira com fósseis e se a origem do combustível está ligada aos animais.

Para isso, consultamos o professor Edson Müller, do Departamento de Química da UFSM, e o pesquisador Átila da Rosa, do Departamento de Geociências da UFSM.

Qual a origem do petróleo?

Descrição da imagem: card quadrado e colorido com cinco dinossauros de brinquedo ao centro. Acima, em preto, o texto "Se petróleo é feito de dinossauros e plástico é feito de petróleo...". Abaixo da imagem, em preto, o texto "... dinossauros de plástico são feitos de dinossauro?". O fundo é branco.
Créditos: Alexandre Berbe/Pinterest

De acordo com Edson Müller, docente do Departamento de Química da UFSM, a teoria de que o petróleo é originário dos fósseis de dinossauros é equivocada. “O petróleo é um combustível fóssil e a origem da etimologia está relacionada com resquícios de animais e plantas. Ele acaba sendo produzido a partir da degradação desses animais e plantas quando são submetidos à alta temperatura e à alta pressão. Então obviamente pode estar relacionado com a questão de restos de dinossauros, mas não só restos de dinossauros”, explica. 

 

O pesquisador Átila da Rosa, do Departamento de Geociências da UFSM, completa explicando que o petróleo é formado pela maturação da matéria orgânica existente no plâncton marinho – organismos microscópicos, de origem animal (zooplâncton) e vegetal (fitoplâncton), que flutuam na superfície do mar.


“Quando morrem (os organismos microscópicos) seus corpos são depositados no fundo lamoso (do mar). Depois de soterrados, ocorre o processo de maturação da matéria orgânica e transformação em querogênio (parte insolúvel da matéria orgânica modificada por ações geológicas), que, por sua vez, se transforma em petróleo. Os dinossauros, ou quaisquer vertebrados marinhos, ocorrem em menor número, e embora sua matéria orgânica também se degrade, são insuficientes para formar tanto petróleo”, afirma o especialista.

Descrição da imagem: ilustração horizontal e colorida de uma cabeça de fóssil de dinossauro e uma bomba de combustível ao lado de um carro. No lado esquerdo da imagem, cabeça de fóssil grande atrás de três vasos com terra e ossos, ao lado, uma pá amarela. No lado direito, bomba de combustível vermelha e um carro amarelo. Um dos vasos está ligado à bomba de combustível por um cano verde marinho abaixo da terra, que é da cor laranja. Ao fundo, torre verde e esboço de uma indústria e uma torre petrolífera. O fundo é laranja com nuvens brancas.

Ok, a origem do petróleo está, em parte, ligada aos dinos, mas eu posso produzir gasolina caseira com os fósseis desses animais?

Não. O pesquisador Átila da Rosa ressalta que a finalidade dos fósseis, atualmente, está no aprendizado sobre os ambientes e climas do passado. “Servem para auxiliar a entender como e porque aconteceram transformações climáticas e ambientais em tempos remotos, e quais suas repercussões para a extinção de algumas espécies e surgimento de outras”, defende.

 

Ainda, segundo o especialista em química Edson Muller, o combustível é feito a partir da prospecção do petróleo (etapa de localização dos depósitos em bacias sedimentares a partir de análises e observações do subsolo na região), que é submetido a um processo de refino (feito por meio de processos químicos com a finalidade de melhorar o produto). 

 

Geralmente, utiliza-se uma torre de destilação e é possível produzir os diferentes derivados de petróleo: nafta (fração líquida do petróleo), gasolina e óleo diesel. Ou seja, é um processo complexo, não envolve fósseis de dinossauros e só um especialista pode realizá-lo.


“A gasolina é uma mistura bastante complexa. São adicionados antidetonantes para não comprometer o funcionamento do motor do automóvel e ela tem todo um controle de qualidade. Tem que tomar bastante cuidado com os vídeos da internet. Nós dependemos da produção da gasolina a partir do petróleo, o resto é um risco muito grande”, ressalta Muller.

Veredito final: Mito!

 

Não podemos fazer gasolina caseira com fósseis de dinossauros. A origem está ligada a animais e plantas, mas não significa que podemos produzir o combustível em casa. O processo de produção de gasolina é delicado e complexo e só pode ser realizado por especialistas!

Expediente:

Reportagem: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista;

Design gráfico: Luiz Figueiró, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista;

Mídia social: Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Rebeca Kroll, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Ana Carolina Cipriani, acadêmica de Produção Editorial e bolsista; Ludmilla Naiva, acadêmica de Relações Públicas e bolsista; Alice dos Santos, acadêmica de Jornalismo e voluntária; e Gustavo Salin Nuh, acadêmico de Jornalismo e voluntário;

Relações Públicas: Carla Isa Costa;

Edição de Produção: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista;

Edição geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas.

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