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“Houve um momento de conflito”



Iuri Müller – iuri.muller@gmail.com
Mathias Rodrigues – mathiasrb@gmail.com

O Reitor da UFSM, Felipe Müller, deixava a abertura da Jornada Acadêmica Integrada (JAI), no dia nove de novembro, para uma viagem de trabalho quando aceitou falar sobre os problemas de segurança da Casa do Estudante. E, apesar do tempo curto e do assunto delicado, o Reitor não desconversou – admitiu excessos e prometeu um novo comportamento por parte da vigilância. Confira a transcrição da entrevista de Felipe Müller para a .txt.

Para chegar num meio-termo, vigilantes e alunos concordaram que tem que haver um controle sem excessos. Houve então excessos nesses últimos meses?

Acho que sempre que trabalharmos com uma população de duas mil pessoas e mais de cem vigilantes, nós podemos ter situações de excepcionalidade. Eu sempre trabalho no sentido de que com duas mil pessoas, um ou outro caso de excesso vai haver  – e  houve denúncias e estão sendo apuradas. Isso chegou à ouvidoria, chamaram ambas as partes, sentou-se e conversou olho no olho e se chegou num bom senso – mas temos que trabalhar com isso como caso excepcional.

E temos que trabalhar, tanto em segurança patrimonial, quanto de pessoas – já que o nosso maior patrimônio é o estudante. Uma vez que tenhamos problemas com pessoas de fora do campus, com tráfico de drogas, com situações que fogem ao nosso controle, nós temos que nos precaver, para não chegar ao ponto de cercar a universidade e a CEU, e controlar o acesso de maneira quase que prisional.

Estamos trabalhando agora de forma muito clara, a direção da CEU foi muito bem no diálogo conosco. E vamos trabalhar de forma conjunta, para que as responsabilidades de cada um sejam esclarecidas, e que possamos ter, dentro de uma cidade como é o campus, uma convivência agradável, com cada um cumprindo sua parte. Ter uma boa formação acadêmica e fazer com que nossa universidade continue referência em assistência estudantil.

Para que esses problemas não voltem a ocorrer no seu segundo ano de administração, é possível que se realize um curso de tratamento humano?

Nós solicitamos à Pro-Reitoria de Recursos Humanos uma capacitação para todos os vigilantes, principalmente aqueles que trabalham mais próximos às CEUs. Uma capacitação em gestão de pessoas, e principalmente na gestão de jovens e adolescentes. Muitas vezes a gente sabe, somos mais contestadores nesse momento, somos mais afoitos, e as pessoas têm que ter essa compreensão para que a convivência possa ser agradável. Isso é necessário.

Da mesma forma que a conscientização das pessoas que moram na Casa é importante, para que se faça cumprir o regimento da Casa – que, se fosse cumprido por todos, talvez não tivéssemos nenhuma situação de abuso. Muitas vezes a situação de abuso é aquele extremo onde um ou outro perde a cabeça. Quando um perde a cabeça, independente se for estudante ou vigilante, perde-se a razão naquela discussão.

Temos que trabalhar no sentido de evitar isso ao máximo, trabalhando com essas situações de capacitação, e também fazendo com que a direção da CEU possa divulgar cada vez mais seu estatuto, o seu regimento. E tivemos já o pedido de cópias para que todos recebam o regimento quando entrarem na Casa. Se todos fizerem a sua parte, com certeza nós vamos ter cada vez menos problemas. E volto a dizer, numa população de mais de duas mil pessoas, convivendo diariamente, algumas situações vamos ter que enfrentar.

Os alunos disseram que, depois das reclamações, a vigilância deixou de estar presente na CEU II.

O que houve foi um momento no qual se entrou em conflito, mas isso não durou mais que três dias. Aí fizemos a reunião com a direção da CEU, vieram ao meu gabinete, abrimos espaço porque acreditamos que o diálogo é a melhor solução pra tudo. E estabelecemos prazos. Porque veio um documento da direção da Casa exigindo datas e horários. Não, vamos sentar e conversar. O que nós queremos não é a eliminação da vigilância, e sim uma vigilância que possa conviver de forma pacífica, que possa entender as necessidades de uma população, em termos de lazer e convivência, e também respeitar o bom uso do espaço público que é a CEU.

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