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Uma conversa com o Rato do CPD



Maurício Brum – mauribrum@gmail.com
Yuri Medeiros – ymedeirosdelima@gmail.com

Quando conseguiu sua transferência da UFRGS para a UFSM, Jorge Luiz Alves, o Rato, ficou responsável por cuidar do supercomputador central que administrava os dados da Universidade. Como a máquina era muito dependente da temperatura externa para funcionar, coube a ele fazer os plantões que mantinham tudo em andamento. Entre 1990 e 2001, Rato morou no campus da Universidade, cuidando para que tudo saísse como esperado. Confira abaixo alguns trechos da conversa com o faz-tudo do Centro de Processamento de Dados (CPD):

Como foi sua vinda para o Campus?

Na época, quando nós tínhamos o supercomputador, ele era refrigerado à água. O sistema dele dependia do tempo. Se estivesse muito frio fora do CPD, ele congelava. Aí eu tinha que vir aqui, porque automaticamente ele se desligava. Se estivesse muito quente, ele esquentava demais e também se desligava. Então eu tinha que vir praticamente todo dia e estar toda hora no CPD, porque soava um alarme e o supercomputador se desligava. Na época nós já tínhamos também o hospital on-line, então era necessário ter um plantão aqui dentro – mais para cuidar o equipamento e a parte de regulagem do que uma manutenção propriamente dita.

E em 2001 não precisou mais?

Em 2001 o supercomputador foi desativado. O método de trabalho da Universidade mudou, e em vez de ter um computador central, hoje é distribuído em servidores. Então não havia a necessidade de ter um plantão interno, dentro da UFSM. Mas foi uma mudança normal.

Sua formação é aqui na UFSM ou em outro lugar?

Minha formação é em Porto Alegre. Eu sou Técnico em Informática, não tenho o 3º grau. Estudei lá no Colégio Politécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS0. Mas eu sou natural de Santa Maria, RS. Me casei e tive que ir para Porto Alegre porque na época não tinha oportunidade por aqui, então fiz o concurso lá e passei.

Você está quase se aposentando, não? Quantos anos mais pela frente?

Nos cálculos, a gente acredita em três ou quatro anos. Eu tenho 47 anos. Com mais quatro anos, 51. É que eu tenho periculosidade, então conta dobrado. Mas ainda não passa na cabeça me aposentar. Enquanto puder ficar na Universidade eu quero estar trabalhando.

Você seguiria depois desses quatro anos, então?

Não depende de mim e sim da administração. Mas, pela minha vontade, com certeza eu gostaria de ficar. Mas isso depende da administração, de um novo diretor…

A periculosidade do cargo é baseada em quê exatamente?

A gente faz de tudo. Dá um problema na manutenção, eu vou lá mexer. Eu cuido de toda a parte de energia, toda a parte mais pesada. Há um risco de vida porque tem eletricidade. Como eu tenho esse benefício, sou responsável por isso.

Qual seu cargo aqui hoje, exatamente?

Bah, agora me fugiu. Acho que continuo como Técnico em Informática do CPD.

E essa dificuldade pra lembrar o nome da função?

A dificuldade é porque a gente não é só técnico. A gente faz de tudo. É o “Severino”. O que mais me importa é a categoria que eu estou. Para mim o importante é estar trabalhando no serviço público, dentro da Universidade. Eu gosto da UFSM. Então se eu tiver que varrer, eu varro. Se tiver que limpar o chão ou, por outro lado, ocupar um cargo do lado do Reitor… o cargo é o que menos importa, e sim o trabalho da gente.

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