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A Bengala Psicológica do Universitário



Crises de ansiedade são o estopim de vários fatores que atuam sobre cada indivíduo. No meio acadêmico, essas crises podem surgir com mais intensidade diante de uma maior pressão e estresse da universidade. O tabagismo, que sempre esteve muito presente na vida acadêmica, é considerado cada vez mais como um meio de “fuga” a situações de grande ansiedade e estresse.

Em uma pesquisa realizada pelas redes sociais, com estudantes da Universidade Feral de Santa Maria, constatou-se que 40% dos entrevistados começaram a fumar após o ingresso na universidade e, da porcentagem de alunos que já possuíam o hábito de fumar anteriormente, 83% afirmaram fumar com mais frequência. Basta uma caminhada pelo campus para perceber os inúmeros universitários com cigarros em mãos. Muitos desses alunos falam os motivos por que começaram a fumar e por que seguem com o vício.

Contudo, possuem dificuldades em dialogar com familiares e amigos sobre os reais motivo para estarem fumando. Janaina, 21 anos, nos contou que começou a fumar por estresse e que percebe que fuma mais em períodos de provas “fumar é uma válvula de escape”. Mariana, 18 anos, confessa: “geralmente quando eu estou tendo crise de ansiedade eu pego um cigarro”. Diovana, 21 anos, corrobora: “vejo muito a necessidade de fumar quando me sinto pressionada a provas e  trabalhos.”

A professora Liliane Bauermann, que atua na área de fisiologia na UFSM, observa que os alunos estão mais frágeis psicologicamente, e que falta diálogo entre a instituição e os alunos, para entender as necessidades dos profissionais que estão sendo formados e capacitá-los não apenas com técnica, mas também com humanidade.

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Uma exposição excessiva a situações de estresse gera danos em diferentes domínios do ser humano: o físico, o emocional, o cognitivo e o comportamental. Podemos considerar que o principal é o emocional, pois este tem a capacidade de sustentar os demais. 

Também é possível comparar a um efeito dominó: quando o emocional do indivíduo se mostra afetado, ele, muitas vezes, acaba alterando o seu comportamento, podendo provocar o isolamento do convívio social. Assim, o indivíduo pode buscar saídas alternativas, como por exemplo, o vício em comidas, medicamentos ou o uso de cigarro prejudicando de forma mais agressiva o organismo. 

A UFSM possui um projeto com foco na conscientização e prevenção ao uso de drogas, o “Prevendroga”. Atualmente coordenado pela Professora Doutora Liliane de Freitas Bauermann, é um projeto de extensão, criado há 21 anos. Entre as atividades, está o trabalho com jovens na busca de auxiliar da melhor forma para que os problemas do cotidiano acadêmico não se tornem uma indução para o consumo de cigarro. “O cigarro é mais uma bengala psicológica, um meio de fuga inconsciente. Porque no momento que você vai parar de fumar você toma consciência, se tornando mais difícil parar de fumar” – afirma a Professora Liliane. 

A psicóloga Karine Velasco acredita que é necessária uma maior atenção à saúde mental dos acadêmicos: “Penso que todos temos responsabilidade frente aos estudantes da graduação, e só campanhas de conscientização não serão eficazes, precisamos olhar para esse público e tentar compreender o porquê estão utilizando objetos como válvulas de escape”. 

Quando buscamos nos desvencilhar do vício temos a opção pelo meio medicamentoso e não medicamentoso. A segunda opção é a mais buscada, pois não agride tanto ao organismo e auxilia ao indivíduo de diversas maneiras além do abandono do vício, contribuindo, inclusive, para o equilíbrio mental. Assim, a parte psicológica das pessoas que desejam parar de fumar é a mais importante, pois a tomada de consciência do maleficio daquele hábito faz com que exista uma busca por terapias e, consequentemente, a gradativa mudança de comportamento. 

Contudo, abandonar o vício do cigarro, principalmente quando ele é uma saída prática para momentos de fragilidade emocional do âmbito universitário, é extremamente difícil, por isso o meio social de cada indivíduo é importante. Tanto as relações familiares quanto as de amizade são fundamentais, pois estas que fortalecem a decisão do indivíduo de mudar seu comportamento abandonando um vício lesivo. “Há serviços psicológicos disponíveis aos universitários, porém, percebo que seu andamento é muito precário. Já ouvi que o cigarro acaba tendo o papel de psicólogo para muitos estudantes, e isso é extremamente preocupante.”, ressalta a psicóloga. 

A professora Liliane vê como obrigação da universidade levar conhecimento aos seus alunos, em relação a prevenção e a conscientização dos malefícios do fumo. Todos estamos suscetíveis a crises de ansiedade ao longo da vida, porém, se é perceptível que as chances aumentam quando estamos imersos em uma instituição que tem o dever de estar comprometida com construções sociais, deve-se analisar onde está o erro para com seus alunos. A saúde mental dos acadêmicos é algo de significativa preocupação, porém, ainda falta suporte para esse público. Com isso, cada indivíduo busca o seu meio de amenizar situações estressoras. 

PARA QUEM PROCURA APOIO PSICOLÓGICO OU DESEJA PARAR DE FUMAR A UFSM OFERECE ALGUNS SERVIÇOS INSTITUCIONAIS: 

Ânima: O projeto do Núcleo de Ensino do Centro de Educação disponibiliza auxílio por meio de psicólogos, pedagogos e psicopedagogos, oferecendo atividades em grupo ou atendimento individual para alunos da graduação, técnicos, professores e alunos do ensino médio ou do colégio técnico. Localiza-se no Prédio 67, sala 1109 com atendimento feito das 8h às 12h e das 13h às 17 horas, o atendimento pode ser solicitado no site da Anima

SATIE: O Setor de Atenção Integral aos Estudantes oferece ajuda aos estudantes. Localizada no 2º andar do Prédio da União Universitária, conta com atendimento odontológico. O Plantão Psicossocial, que visa contribuir no enfrentamento do jovem com problemas psicológicos, sociais, interpessoais, acadêmicos e institucionais, e o Projeto Nenhum a Menos dedicado a quem tem Benefício Socioeconômico (BSE) fazendo acompanhamento dos estudantes que estão com risco de perder o BSE, o Satie funciona de segunda a sexta das 8 às 20 horas sem fechar ao meio dia, o telefone é (55) 3220 9535. 

GCCT: O Grupo de Controle e Cessação do Tabagismo é um serviço financiado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde. Teve início de suas atividades em 2017, na ala de Pneumologia do HUSM. O grupo busca curar o vício de pacientes que sofrem com o tabagismo por meio de sessões com rodas de conversa, tratamento com medicamentos e acompanhamento de médicos e enfermeiros da ala de pneumologia. O serviço não está aberto ao público em geral, apenas a quem for indicado por uma das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Para mais informações, visite a Ala de Pneumologia no 5º andar do Hospital Universitário.

BASTIDORES 

A matéria é fruto de observações dentro da universidade, onde podemos constatar o grande número de alunos fumantes, mas também de um contato próximo com jovens universitários que tentam fugir das crises de ansiedade e do estresse acadêmico por meio do fumo. Como conseguir ajudar esses alunos? Como utilizar a revista para cobrar um olhar mais cuidadoso da instituição sobre um mal tão grande? Foram essas as perguntas que guiaram inicialmente nossa matéria. 

Para entender um pouco mais sobre a abordagem necessária para o tema conversamos com a Professora Doutora Liliane de Freitas Bauermann, do projeto Prevendroga da UFSM, e a psicóloga Karine Velasco. As duas profissionais ressaltaram a responsabilidade da Universidade frente ao problema e destacaram possíveis alternativas para amenizar as situações de estresse e ansiedade que não envolvam o vício no tabaco.

Confira um pouquinho da entrevista com a coordenadora do projeto Prevendroga, a
professora Liliane B.:

áudio entrevista

 Reportagem: Katiana Campeol e Álvaro Bazana

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