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Do interior do Brasil ao cosmos

UFSM na reinvenção descolonial da arte tecnológica



Para escutar o áudio da reportagem, clique abaixo:

Planetário da UFSM | Fotografia: Lavínia Coradini

Dentro da cúpula do planetário da UFSM, o que se projeta e experimenta ultrapassa os limites da Astronomia. Imagens criadas com inteligência artificial, sons, cheiros e sensores de movimento formam experiências que acionam o corpo, o espaço e a memória. A proposta envolve tecnologia, mas também sensação, expressão e política. |

É dessa união entre arte, ciência e espiritualidade que nasce o projeto Ambientes Imersivos, Interativos e Inteligentes em Rede (AIR). Criado pela professora do curso de Artes Visuais Andréia Machado Oliveira, o AIR transforma o planetário em um espaço de escuta e presença. Nesse processo busca-se outras formas de narrar o mundo e o cosmos, romper com estruturas convencionais e explorar linguagens sensoriais, corporais e imersivas — sons, imagens, aromas e movimentos, que dialogam com a memória, a experiência e o território. 

A abordagem emerge a partir do Sul, e valoriza saberes locais, ao invés de seguir modelos externos: queremos estimular um modo de pensar que inclua o corpo e o espaço em que se vive, não apenas a lógica dominante”, afirma Andréia. 

Nessa iniciativa, o planetário deixa de ser uma estrutura voltada apenas para observação espacial e se transforma em um território. Para o arquiteto e integrante do projeto Matheus Moreno, o local propõe outra forma de relação com o céu. A ideia é reconhecer o cosmos como algo próximo, ligado à existência e à experiência. 

O AIR também levanta questões sobre os modelos presentes nas tecnologias, sobretudo na inteligência artificial. Instalações como Quantum of Humanities e Cyberfaces mostram como os sistemas de dados reproduzem padrões visuais e sonoros eurocentrados, mesmo quando tentam representar outras populações. Em resposta, o projeto cria bancos de dados próprios, com materiais de museus da África e da América Latina, e dá a esses acervos um papel ativo na criação: queremos que os dados façam parte do lugar e da história, não sejam apenas arquivos desconectados”, reforça Andréia. 

Essa perspectiva se articula com a ideia de cosmoceno: encontro entre diferentes formas de conhecimento, vindas da ciência, da tradição e da relação com a terra. A tecnologia se entrelaça com o corpo, ritmos, cheiros e imagens que guardam memória. 

Mais do que apresentar tecnologias, o projeto propõe novos usos para elas. Ao integrar realidade virtual, ambientes digitais e inteligência artificial com acesso ampliado, o AIR cria experiências que despertam sentidos e convida à reflexão. As formas de interação e envolvimento já transformam práticas de comunicação e aprendizado, embora também tragam o risco de nos afastarmos do mundo físico e das referências que sustentam a vida.

Em 2025, o AIR participará de uma mostra com planetários do Brasil e da África do Sul. A proposta busca fortalecer a presença do Sul global na criação de soluções estéticas, educativas e tecnológicas que considerem o contexto, o ambiente e as múltiplas vozes que compõem o mundo. Quando o planetário se transforma em território e o céu é escutado como parte da experiência humana, a arte deixa de apenas imaginar o futuro e passa a disputá-lo — com imagens, presença e ancestralidade. 


Repórter: Lavínia Coradini

Contato: coradini.lavinia@acad.ufsm.br









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