No dia 4 de dezembro, como parte da disciplina de Relacionamento com a Mídia, as estudantes do curso de Relações Públicas da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen, realizam uma entrevista com o professor Rafael Foletto, do Departamento de Ciências da Comunicação. Com uma trajetória acadêmica que inclui doutorado pela Universidade Autônoma de Barcelona
e pós-doutorado na UFRN, Foletto destaca a comunicação na transformação da realidade de migrantes e refugiados, promovendo acesso à saúde por meio de estratégias inclusivas, dialogadas e culturalmente adaptadas.
Durante a conversa, o professor Rafael Foletto comenta os desafios enfrentados por comunidades de migrantes e refugiados no acesso à saúde pública no Brasil. Barreiras linguísticas e culturais muitas vezes dificultam o entendimento
do sistema de saúde e limitam o acesso a serviços essenciais. Foletto menciona que, em algumas situações, migrantes chegam ao país sem sequer falar o idioma oficial de suas nações de origem, o que exige campanhas de comunicação em idiomas como línguas indígenas, além de espanhol e francês, comumente utilizados.
O docente aponta a importância de adaptar a comunicação às necessidades
específicas desse público, considerando não apenas aspectos técnicos, mas também as demandas culturais e emocionais dos migrantes. Ele cita como exemplo a relevância de abordar a saúde mental em campanhas voltadas para esses grupos. “O impacto psicológico de deixar o país de origem em condições adversas é significativo. Além de questões sanitárias, como vacinação e atenção primária, é fundamental pensar em estratégias que considerem a saúde mental dessas
pessoas”, afirma.
Além disso, há a necessidade de envolver os próprios refugiados no planejamento das campanhas de saúde. O protagonismo dos migrantes na construção das mensagens é essencial para garantir que as iniciativas atendam às demandas reais e sejam mais efetivas. O professor enfatiza que estratégias como oficinas e treinamentos para lideranças dentro das comunidades de refugiados têm se mostrado mais eficientes do que métodos tradicionais, como a distribuição de folders ou panfletos.
Assim, destaca o papel estratégico da comunicação organizacional e das Relações Públicas na mediação entre organizações públicas, instituições internacionais e comunidades vulneráveis. Ele explica que campanhas bem-sucedidas dependem de um planejamento estratégico sólido, baseado em diagnósticos que identifiquem as demandas e peculiaridades do público-alvo. Para ele, a comunicação intercultural é uma ferramenta indispensável nesse contexto, permitindo a criação de vínculos mais próximos entre os profissionais de saúde e os migrantes.
Para os futuros profissionais, Foletto deixa uma mensagem sobre a importância de uma comunicação que vá além das organizações e contribua diretamente para a sociedade, valorizando práticas cidadãs e próximas dos sujeitos, em alinhamento com o propósito social da área. Para o professor, ações como o
desenvolvimento de políticas públicas inclusivas e o fortalecimento da comunicação
comunitária são passos fundamentais para ampliar o acesso à saúde e melhorar a
qualidade de vida de migrantes e refugiados. Ao promover iniciativas que priorizem o diálogo, a adaptação cultural e a participação ativa desses públicos, a comunicação contribui para a construção de uma sociedade mais acolhedora e justa.
O release também está disponível em áudio. Ouça abaixo:
Júlia Gonsalo
julia.gonsalo@acad.ufsm.br
(11) 95058-1859
Júlia Weber
weber.julia@acad.ufsm.br
(55) 99650-7087