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Como controlar a disseminação de Mofo branco na cultura da da soja



O primeiro registro de mofo branco no Brasil foi em São Paulo, em 1921, devido às condições climáticas mais favoráveis daquele local. No passado, essa doença era mais restrita às regiões Sul e Sudeste do país. No entanto, desde a safra 2003/2004, ela vem se manifestando em regiões mais quentes e, atualmente, estima-se que mais de 6 milhões de hectares apresentam essa enfermidade, totalizando entre 9 e 10% de toda a área do território brasileiro. O fungo do mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) manifesta-se com tempos de chuva, alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas, variando entre 15 ºC e 25 ºC, apresentando maior severidade em áreas acima dos 600 metros de altitude. Devido a essas condições , o mofo branco encontra-se em ambiente favorável em quase todos estados do Sul e do Centro-Oeste do país, atacando diversas culturas, mas principalmente a soja, o feijão, a canola e o algodão.

A doença aparece no momento da produção, de difícil percepção na floração e, caso o produtor não se precaveja, pode ser uma doença com efeitos sérios na produtividade. A perda de rendimento é acompanhada por plantas murchas, podres e até a morte da planta inteira. Por ser um fungo que sobrevive no solo durante vários anos, é difícil erradicar esse organismo, resultando em uma grande dificuldade no manejo dos efeitos sobre as plantas.

 
Figura 1: Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em resíduo de pré-limpeza de grãos de soja provenientes de lavoura atacada por mofo-branco. Fonte: M.C. Meyer.

Na ausência de plantas hospedeiras, o fungo consegue sobreviver no solo através dos escleródios por um período de 5 até 10 anos. Esses escleródios possuem uma coloração escura e são formados pelo próprio micélio do fungo, contendo bastantes substâncias de reserva, as quais possibilitam a viabilidade no ambiente por muito tempo até o momento em que as condições ambientais sejam favoráveis à sua germinação. Os escleródios podem estar tanto na superfície quanto no interior da haste e vagens infectadas e, ao caírem no solo, tornam-se fonte de inóculo para as culturas hospedeiras subsequentes, iniciando o processo infeccioso da doença.

Figura 2: Formação de escleródios na soja. Fonte: Agro Revenda.

O mofo branco é capaz de infectar qualquer parte da planta de soja, mas intensifica-se na fase reprodutiva, mais especificamente entre R1 e R4. Nesses estágios as plantas são atacadas a partir das inflorescências, das axilas, dos pecíolos e dos ramos laterais. Portanto, é necessário um manejo eficiente para diminuir essa infestação e conseguir um maior controle das áreas já infectadas.

A adoção de medidas de controle visam reduzir a taxa de progresso dos escleródios no solo e manter um nível baixo de dano econômico. Entre as condutas tecnicamente eficientes destacam-se:

  • Aquisição e utilização de sementes certificadas e de boa qualidade, podendo garantir a ausência da estrutura do fungo;
  • Tratamento de sementes com fungicida, impedindo a ausência de propágulos viáveis da doença na superfície das sementes e também para proteger a plântula nos estádios iniciais;
  • Limpeza de máquinas e implementos utilizados em áreas com histórico de mofo branco, para não disseminar para outras áreas não infestadas;
  • Rotação e/ou sucessão de culturas não hospedeiras, principalmente com a utilização de gramíneas;
  • Cobertura de solo com palhada, promovendo uma barreira física, impedindo a luz direta sobre os apotécios;
  • Escolha de cultivares mais eretas, menos ramificadas e com folhas menores;
  • Aumento do espaçamento entre linhas em áreas com histórico da doença, permitindo assim uma maior aeração e boa penetração de raios UV na superfície do solo;
  • Controle de plantas daninhas hospedeiras com o uso de herbicidas pré-emergentes;
  • Controle químico que se inicia nas primeiras aberturas de flores (R1 da cultura da soja).

Outra maneira de prevenção é o uso de agentes antagonistas, como os fungos Trichoderma spp., que atacam os escleródios, diminuindo a população de Sclerotinia sclerotiorum. Apesar de no inverno o desempenho do Trichoderma ser comprometido por conta do frio, ainda assim é possível o seu uso para controlar e evitar a disseminação do mofo branco, mesmo com menor eficiência. Já no verão, é recomendável a sua utilização, mesmo em culturas como o milho, pois o escleródio está no solo, logo, acaba diminuindo os problemas posteriormente, principalmente na cultura da soja.

Assim, a eficiência no controle do mofo branco na soja só será efetiva com o manejo integrado das medidas citadas anteriormente, pois medidas isoladas não proporcionarão o controle desejado do fungo.

Referências:

CARDOSO, J. E. Mofo branco. In: SARTORATO, A.; RAVA, C. A. (Ed.). Principais doenças do feijoeiro comum e seu controle. Disponível em: <https://www.agro.bayer.com.br/essenciais-do-campo/alvos/doencas/mofo-branco>.

KOPPERT BIOLOGICAL SYSTEMS. Mofo Branco. Disponível em: <https://www.koppert.com.br/desafios/controle-de-doencas/mofo-branco/>.

LANDGRAF, Lebna. Manejo integrado é alternativa para controle do mofo-branco em soja. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/44464158/manejo-integrado-e-alternativa-para-controle-do-mofo-branco-em-soja>.

GODOY, C. V. et al. Doenças da Soja. In: AMORIM, L. et al. (Ed.). Manual de Fitopatologia: Volume 2 — Doenças das Plantas Cultivadas. Disponível em: <https://blogagro.basf.com.br/as-7-doencas-da-cultura-da-soja-813/n>.

CHINELATO, Gressa. Mofo-branco: como identificar, controlar e prevenir na sua lavoura. Disponível em: <https://blog.aegro.com.br/mofo-branco/>.

MEYER, C. M. Mofo-branco: desafios do manejo na cultura da soja. Disponível em: <https://www.grupocultivar.com.br/artigos/mofo-branco-desafios-do-manejo-na-cultura-da-soja>.

DALL’AGNOL, Amélio. Mofo-branco, uma das mais antigas doenças da soja. Disponível em: <https://blogs.canalrural.com.br/embrapasoja/2020/08/31/mofo-branco-uma-das-mais-antigas-doencas-da-soja/>.

Autor:

Benhur Sari Severo, acadêmico do 2º semestre do curso de Agronomia e Integrante do PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria

Texto publicado em:

https://maissoja.com.br/como-controlar-a-disseminacao-de-mofo-branco-na-cultura-da-da-soja/

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