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Fusarium solani na Cultura da soja



No atual cenário da cadeia produtiva da soja (Glycine max), diversos são os fatores limitantes na busca pela alta produtividade, tais como teor adequado de nutrientes no solo, fatores meteorológicos limitantes (excesso ou falta de chuva, ventos, granizo…), fotoperíodo, qualidade genética, incidência de plantas invasoras e de pragas. Além disso, diversas doenças podem atingir a cultura caso encontre um hospedeiro suscetível e o ambiente seja favorável ao desenvolvimento das enfermidades, podendo comprometer o ciclo da planta e afetar a sua produtividade . Dentre os principais patógenos, o fungo Fusarium solani, listado entre os 20 principais patógenos fúngicos recorrentes na cultura da soja, é causador da doença denominada “Podridão-vermelha-da-raiz” (PVR), também conhecida por “Fusariose”. Esse patógeno vem ganhando uma crescente importância devido ao seu nível de dano nas lavouras de todo Brasil, principalmente em áreas de várzea, dessa forma é importante conhecer as principais características que favorecem o desenvolvimento do fungo para adoção do manejo adequado.

A PVR é uma doença fúngica do solo que afeta principalmente a raiz da planta, costuma ocorrer em ambientes úmidos e com temperaturas na faixa de 25 ºC a 28 ºC. Quando a colônia se estabelece, a doença causa diversos danos à raiz, reduz drasticamente a nodulação e consequentemente, a capacidade de absorção de nitrogênio e produtividade. O estádio mais crítico ao ataque da doença é no período reprodutivo da planta, porém logo após a semeadura o fungo já pode penetrar o tecido da planta e afetar seu metabolismo.

A sintomatologia da doença é caracterizada por uma mancha avermelhada na raiz principal e suas expansões se tornam mais escuras, típicas de necrose como demonstrado na figura 1. Ao retirar a planta infectada do solo, alguns pontos azuis podem ser notados, esses são os esporos do Fusarium solani, que se proliferam conforme a doença desenvolve-se no tecido vegetal.

 

Figura 1 — Sintomatologia característica de PVR em soja. Fonte: Álvaro Manuel R. Almeida

Outro fator notável é a presença das tradicionais folhas “carijó” nos estádios mais avançados da planta, definida por manchas cloróticas por entre as nervuras do limbo foliar. Quando em estágios avançados da doença, a folha pode se desprender e cair pela ação de uma toxina que o fungo produz na raiz da planta e acaba atingindo a área foliar através da ação dos vasos condutores. Vale ressaltar que a diagnose é de extrema importância no sistema produtivo, mas a prevenção é ainda mais importante, visto que muitas vezes os danos podem ser irreparáveis, causando grandes perdas de produtividade final.

 

Figura 2 — Sintomatologia foliar de Fusariose. Fonte: Agrolink

O nível de dano depende de diversos fatores, como o período de exposição e o estádio fenológico da planta ao ser infectada pelo fungo:

  • “A extensão das perdas de produtividade devido à PVR depende da gravidade e do tempo de expressão da doença em relação ao desenvolvimento das plantas. Caso a doença desenvolva-se no início da temporada, flores e frutos jovens vão abortar, intensificando as perdas. Quando se desenvolve mais tarde, a planta produzirá sementes menores e com menor quantidade por vagem.” DIANESE, Alexei et al. 2014.

O método de controle mais eficaz é uso de cultivares resistentes, por mais que essa resistência seja parcial, visto que a aplicação dos fungicidas sistêmicos é ineficaz para Fusariose, já que as fórmulas não possuem mobilidade em direção às raízes infectadas, permanecendo somente nas folhas. O tratamento de sementes é um ponto de grande importância, pois a presença de fungicidas ao redor do tegumento dificulta a penetração do patógeno nos estádios de pré-emergência, mas não garante controle total da doença. De acordo com manuais de identificação de doenças, produzidos pela Embrapa Soja, cultivares precoces tendem a sofrer menos danos a PVR.

 

Figura 3 — Comparativo entre cultivar resistente e suscetível à PVR. Foto: Austeclinio Lopes de Farias Neto

Algumas práticas de manejo podem ser aliadas no combate da PVR, como a descompactação do solo, que permite maior drenagem e evita acúmulo da umidade, sendo essa condição considerada favorável à proliferação do Fusarium solani. Podemos citar o mantimento da matéria orgânica de resíduos de colheita, o que alavanca a atividade microbiana do solo e gera inimigos naturais e predadores do patógeno.

Por ocorrer em ambientes de alta umidade, a irrigação excessiva pode favorecer a proliferação do fungo. O uso de tensiômetros é positivo nesse sentido por serem dispositivos que ajudam a monitorar a água no solo e permitem manter uma umidade adequada. Ou seja, o Engenheiro Agrônomo consegue obter dados específicos da disponibilidade de água no solo, para assim definir épocas ideais de irrigação com quantidades de água em níveis adequados, suprindo as plantas e evitando a proliferação de doenças, entre elas a PVR.

 

Figura 4 — Uso do Tensiômetro na Agricultura.

Portanto, como a doença é dependente de condições ambientais favoráveis, o produtor deve estar atento a suas práticas de manejo de solo, evitando a compactação e os processos de saturação do solo. Bem como, deve primar por sementes de qualidade para implantação em suas lavouras, com a escolha de cultivares que sejam resistentes à Fusariose e ao menor sinal de sintomatologia deve consultar um Engenheiro Agrônomo.

Referências:

FREITAS, Tânia Márcia de Queiroz; MENEGHETTI, Rosana Ceolin; BALARDIN, Ricardo Silveiro. Dano devido à podridão vermelha da raiz na cultura da soja. Ciência rural, v. 34, p. 991–996, 2004.

DE CAMPOS DIANESE, Alexei et al. PODRIDÃO VERMELHA DA RAIZ.

PAIVA, F. de A. Fusariose da cultura da soja. Embrapa Agropecuária Oeste-Documentos (INFOTECA-E), 1999.

DE FARIAS NETO, Austeclinio Lopes et al. Podridão-vermelha-da-raiz e Mofo-branco na Cultura da Soja. Embrapa Soja-Documentos (INFOTECA-E), 2008.

AGOSTINHO, J.; MARÇAL, R. A condução da Rega na Zona Vulnerável nº 1. Relat. Final do Projecto AGRO nº 35. Lisboa: INIA, 2005.

Autor:

Yuri Rafael Rissi, acadêmico do 6º semestre de Agronomia e Bolsista PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria — UFSM.

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