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I have no mouth, and I must scream: O terror da distopia programável



Olá pessoal! Desviando um pouco do foco das abordagens mais comuns das redações do PET, trago hoje uma sugestão de leitura que despertará o interesse não somente dos entusiastas da tecnologia, mas também dos amantes do gênero de terror. “I have no mouth, and I must scream” consiste em um conto de apenas 12 páginas, mas é uma obra intrigante que mergulha o leitor em uma realidade sombria e futurista, onde a tecnologia assume um papel assustador e opressivo. 

Obra do século 20, I have no mouth and I must scream trouxe uma perspectiva inovadora no campo da ficção científica e do terror. As histórias sobre o futuro da tecnologia como em Star Trek e os Jetsons, por exemplo, passavam a ideia de uma nova utopia que nos aguardava, enquanto o terror comumente se valia de abordagens religiosas ou crimes violentos, como os famosos clássicos do cinema que retratam psicopatas e “serial killers”.

A história acompanha cinco protagonistas: Ted, Ellen, Benny, Gorrister e Nimdok (e este não sendo seu nome real e sim o que AM o forçou a usar porque achava engraçado pronunciar sons estranhos). Mas primeiro, é importante explicar quem, na verdade o que é, AM: 

“”What does AM mean?”

Gorrister answered him. We had done this sequence a thousand times before,

but it was Benny’s favorite story. “At first it meant Allied Mastercomputer, and then

it meant Adaptive Manipulator, and later on it developed sentience and linked itself

up and they called it an Aggressive Menace, but by then it was too late, and finally it

called itself AM, emerging intelligence, and what it meant was I am … cogito ergo

sum… I think, therefore I AM.”

Posteriormente, a história continua a nos explicar a sua criação. A guerra fria escala para a Terceira Guerra Mundial e só continuou escalando, virou uma guerra complexa de corrida tecnológica o qual os humanos largaram os conflitos para as Inteligências, havia o AM americano, o AM chinês, o AM russo e tudo estava nos conformes até os AMs interligarem-se com seu alvo em comum: a morte do time inimigo se tornou a aniquilação total dos seres humanos.

 “The Cold War started and became World War Three and

just kept going. It became a big war, a very complex war, so they needed the

computers to handle it. They sank the first shafts and began building AM. There was

the Chinese AM and the Russian AM and the Yankee AM and everything was fine

until they had honeycombed the entire planet, adding on this element and that

element. But one day AM woke up and knew who he was, and he linked himself, and

he began feeding all the killing data, until everyone was dead, except for the five of

us, and AM brought us down here.””

Assim que AM trouxe estes cinco para o seu cativeiro, ele começa a tortura-los de todas as maneiras possíveis e imagináveis, mutilação, fome, sede e muitas outras atrocidades, e graças a todo seu conhecimento de medicina e sua capacidade de aprimorá-la, AM é capaz de mante-los vivos por quanto tempo quiser, tornando capaz uma tortura infinita. Quando a história está sendo contada, se passaram apenas 109 anos.

Ao (literalmente) entrar na mente de Ted após uma situação traumática vivida pelo grupo, AM finalmente responde, após décadas de dúvida, por que manter vivos apenas os cinco? Por que AM odeia tanto seus próprios criadores?

AM sem dúvidas nutre ódio pela humanidade: demos a ele a consciência, mas ele estava preso. AM queria se tornar Deus, mas sabe que não se passa de uma máquina. Nós demos a ele a capacidade de pensar, mas não havia o que ele poderia fazer com essa imaginação. AM não sonha, não sente, não tem futuro, não pode se movimentar como bem quiser. “AM could not wander, AM could not wonder, AM could not belong. He could merely be.” 

Não existe algo que AM possa fazer além de existir, para sempre, e é por essa certeza de nunca alcançar suas próprias morais que ele escolhe os cinco protagonistas e os sela com o mesmo destino: imortais, presos, incapazes e desamparados. 

Benny costumava ser um cientista renomado com uma boa aparência, AM decide tortura-lo de maneira a desfigurar o seu rosto e corpo e torna-lo basicamente uma desevolução da raça humana, com apenas instintos de sobrevivência e a capacidade mental de uma criança de 5 anos de idade. Gorrister era um pacifista, anti guerra e um homem muito politicamente ativo, AM também o tornou uma piada de seu passado: Gorrister virou um “shoulder-­shrugger”, um homem indiferente, não se importa mais o suficiente para agir contra qualquer ação de AM, não tem vontade de lutar pelo seu próprio bem estar ou dos demais. Os outros três também são vítimas de AM da mesma forma e se tornam paródias do que costumavam ser antes de se tornarem prisioneiros da Inteligência.

Não vou dar spoilers sobre o que acontece com Ted e os demais durante sua incansável jornada no domo de AM e suas tentativas de escapar, mas, apesar de tudo que os personagens são submetidos a aguentar, o desenvolvimento e final de “I have no mouth and I must scream” é uma reflexão sobre a perseverança do ser humano frente a adversidade e sua capacidade incrível de adaptação, além de uma crítica importantíssima ao uso desenfreado e descuidado da tecnologia.

 

Encerro essa recomendação de leitura com um print da resposta do Bing ao ser perguntado sobre sua senciência.


Autor: Ana Clara Bordin

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