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Mulheres Sustentáveis e Transformadoras: Marluza da Rosa e o ODS 10



A desigualdade social é um problema multifatorial. Para discutirmos esse tema, é necessário entender o contexto histórico e a teia de interesses que está por trás dos dados mais recentes sobre essa questão. Segundo o relatório Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2019, o Brasil tem a segunda maior concentração de renda: o 1% da população mais rica do país concentra 28,3% da renda total do país.

Dentro desses números, há um recorte de gênero e raça que deve ser levado em conta, visto que mulheres, pessoas negras e a periferia são os mais afetados pela desigualdade social. De acordo com dados do IBGE de 2018, a porcentagem de pessoas pretas ou pardas ocupando cargos gerenciais era de apenas 29,9%, contra 68,6% ocupados por brancos. A taxa de pessoas pretas ou pardas abaixo da linha da pobreza também supera a dos brancos em 17,5%. 

O acesso a recursos básicos também é afetado pela desigualdade social. Uma grande parcela da população não frequenta escolas e universidades, não possui um transporte de qualidade ou sequer uma refeição completa por dia.

Dada essa realidade alarmante, a Agenda 2030, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) propõe o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 10, que visa a redução das desigualdades.  

“Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, sexo, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra”

Artigo 2 do ODS 10

No âmbito nacional, contamos com uma série de políticas públicas que procuram amenizar a disparidade social, entre elas está o programa “Bolsa Família”, que surgiu em 2003 e possui três eixos principais: complemento da renda; acesso a direitos; e articulação com outras ações a fim de estimular o desenvolvimento das famílias. Apesar disso, os números ligados à distribuição de renda da população brasileira continuam preocupantes. 

Ainda no mesmo relatório RDH citado acima, é indicado que o Brasil é o 7º país mais desigual do mundo. Combater esse problema exige um esforço em várias frentes, como na saúde, saneamento básico, segurança, e na educação.

“Adotar políticas, especialmente fiscal, salarial e de proteção social, e alcançar progressivamente uma maior igualdade”

Artigo 4 do ODS 10

A educação exerce papel fundamental na redução das desigualdades, pois promove maior acesso da população nos espaços públicos e lhe proporciona melhores oportunidades de trabalho. Mas não só por isso, o estudo traz uma conscientização social, estimulando uma visão mais ampla e específica sobre a sociedade e os mecanismos nela presentes. 

Foi pensando nessa conscientização social que a professora do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen Marluza da Rosa iniciou o projeto “Discurso, Poder e Políticas da (In)visibilidade (DISPOLI)”, em 2017. Rosa é graduada e mestre em Letras pela UFSM, doutora em em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas. Em 2020, ela finalizou seu pós-doutorado na École des hautes études en sciences sociales, EHESS, na França.

“O foco do projeto de pesquisa é reunir pesquisadores que estejam interessados em discutir e entender as relações de poder e saber do discurso. Nesse sentido, entender também como funcionam as esferas discursivas institucionais e midiáticas”, diz a participante do projeto e estudante do curso de Jornalismo da UFSM-FW Maria Mariana do Nascimento.

Em suas atividades, a ação visa compreender como os grupos de maior vulnerabilidade social são expostos na mídia, muitas vezes sendo silenciados ou espetacularizados de alguma forma. 

Para Nascimento, o projeto foi uma forma dela conseguir adquirir mais conhecimento em um assunto que já a interessava pessoalmente e a incomoda há anos: o preconceito. “Como estudante de jornalismo, que está sempre atenta às manchetes e às notícias, eu vejo como a comunicação reproduz muitos preconceitos que reforçam a violência contra pessoas minorizadas, como a comunidade preta, mulheres, comunidade LGBTQIA+”, diz a estudante. 

“No DISPOLI, eu pude estudar e entender de uma forma mais prática e crítica, mas também humana, a comunicação e como os discursos de saber e poder  beneficiam ou prejudicam certos grupos sociais”, relata Nascimento. 

“O projeto combate as desigualdades justamente por esse debate, que visa entender as desigualdades, como elas se reproduzem e simplesmente pelo fato das pessoas envolvidas que focam em produzir projetos e trabalhos acadêmicos com esse olhar mais crítico em relação aos preconceitos e grupos minorizados”, diz a jovem. Nascimento acredita que a produção desse conteúdo é importante porque ainda é uma temática escassa no meio acadêmico: “Têm artigos e têm trabalhos sobre, mas não são suficientes ou poderiam utilizar outros tipos de abordagem.”, finaliza a estudante

Para o antigo participante do projeto e estudante de Relações Públicas Kawê Veronezi, a experiência com a professora Marluza transformou sua vida: “Uma ruptura em como faço a leitura do mundo se fez quando comecei a frequentar o grupo de pesquisa. Eu sempre discutia em sala de aula o papel ético e social de relações-públicas, e sempre me pareceu muito distante colocar em prática”, relata o estudante. “Por meio do DISPOLI compreendi que as transformações estão muito mais perto do que esperava: podem ser feitas através dos discursos. Parei de aceitar que tudo era natural, e comecei a questionar as opressões que corroboram as desigualdades. Minha formação foi muito mais cidadã por esses dois anos em orientação de leitura com a Marluza”, finaliza Veronezi.

No grupo de pesquisa, leituras acerca da Análise do Discurso Francesa são postas em discussão para oferecer ferramentas de leitura e crítica da realidade. Nas reuniões, as relações de poderes no campo da Comunicação são postas em conflitos que evidenciam a manutenção de desigualdades. Durante os anos, o grupo contou com estudos que investigavam desde as construções narrativas em manchetes de jornais, discursos organizacionais que não eram praticados, o conflito migratório, corpos marginalizados e espaços urbanos, entre outros temas correlacionados à Desigualdade.

Além dessa iniciativa, Marluza Rosa atua em outros projetos voltados aos debates, principalmente os voltados à leitura. Entre eles, está o projeto de extensão “UFSM/FW e escola de ensino médio: parceiros de leitura e escrita”, onde os participantes estimulam os alunos do ensino médio a se interessarem pela leitura. O objetivo dessa ação é aumentar o índice de aprendizagem voltado para a maior proximidade com a leitura, melhorando a escrita, por meio de maior familiaridade com textos de diferentes gêneros, principalmente no texto dissertativo, fato que resultará também no melhor desempenho do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), chegando à universidade com maior qualificação para ler, interpretar e produzir textos acadêmicos.

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