Ao chegar no Brasil, após dois anos de estudos nos Estados Unidos, entre 1978 e 1980, o professor do departamento de Artes Cênicas, Irion Nolasco, trouxe consigo para o interior do Rio Grande do Sul uma ideia inovadora. Essa ideia consistia na criação de uma sala de teatro nos moldes que se popularizam entre 1960 e 1970, eram as chamadas Black Box ou Caixas Pretas.
Foi então, que em 1980, Beatriz Pippi, Maria Lúcia Raimundo e Irion Nolasco, que compunham o departamento de Artes Cênicas da UFSM, iniciavam o utópico projeto de construir o primeiro espaço teatral dessa natureza no Rio Grande do Sul. E foi em 1988, com protagonismo de Inês Marocco, Paulo Márcio Pereira, Nair Dagostini, Elisabeth da Silva Lopez, Beatriz Pippi e Edir Bizognin e Berenice Gorini das Artes Visuais, que o teatro Caixa Preta inaugurou.
Personagem Atrolino criado pelo professor Máucio Rodrigues do departamento
de Desenho Industrial – na época estudante – para ajudar na campanha
de construção do Caixa Preta. (Ilustração: arquivo pessoal)
Hoje essa data completa exatos 30 anos. Após muitos esforços por parte do departamento de Artes Cênicas e do Centro de Artes e Letras, em 1988 a UFSM abrigava em seu território um espaço para apresentação de espetáculos locais, nacionais e internacionais. Para os estudantes do CAL se tornou um espaço onde se pode construir e criar, que rompe as paredes das salas de aula e permite colocar em prática o que se aprende dentro delas. “O Caixa Preta tem importância regional, é referência em santa Maria, principalmente como um teatro que não é convencional. É um teatro moldável, o que facilita muito pra questão de composição de espetáculos contemporâneos. Então pra gente que estuda teatro ter um espaço que a gente pode modelar, fazer acontecer mesmo, é muito legal” conta Sidney Júnior, estudante do terceiro semestre de Teatro.
Caixa Preta em construção (Fotos: acervo UFSM)
Atualmente, o teatro possui três bolsistas que auxiliam na sua organização e realização de espetáculos e tem em sua direção os professores Daniel Plá e Raquel Guerra do departamento de Artes Cênicas. Para o ano de 2018, a intenção dos diretores é fazer esforços para uma arrecadação de fundos que serão investidas em melhorias no teatro.
De acordo com Raquel, a ideia é pensar o Caixa Preta como um espaço cultural público e para o ano a intenção é que se encontrem parcerias internas e externas, que possam ajudar o teatro a se manter. “A gente tem como ideia futura de prospecção duas frentes de produção cultural pro espaço. Uma delas é os colaboradores internos, porque é um espaço público, está dentro da universidade, dentro do CAL, então a universidade como instituição tem que garantir a manutenção do espaço. Aí a gente tem também uma ideia de fomento externo. Digamos que enquanto prospecção são esses movimentos que a gente pretende fazer, inicialmente, como formas de obter apoio” aponta a professora.
O que são as Black Box ou Caixas Pretas?
Estilo iniciado em 1920, na Europa, a Black Box era também conhecida como teatro experimental, já que buscava uma aproximação do público com a ação do palco. Outra particularidade, é que os assentos podiam ser trocados de lugar, o que dava para os produtores a liberdade de criarem efeitos e ações em maior contato com o público.