O projeto de extensão Paralelo 33, vinculado ao curso de Relações Internacionais da UFSM, realizará dia 18 de outubro o CineCOP30, pré-evento oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
A atividade contará com a exibição gratuita do filme Iracema: uma transamazônica (1974), em cópia remasterizada em 4K, seguida de debate com convidados. A sessão ocorrerá no Shopping Praça Nova, em parceria com a rede Cinépolis, e será aberta à comunidade.
O coordenador do projeto, Cauê Queiroz Santos, contou que a ideia surgiu a partir do desejo inicial de participar presencialmente da COP30, que será sediada em Belém (PA) neste ano. Por ser natural do Pará, ele via na ida à conferência uma oportunidade de conexão pessoal e acadêmica. No entanto, os custos elevados inviabilizaram a viagem, levando o grupo a buscar alternativas de participação.
Foi então que descobriram os chamados diálogos autogestionados, categoria de eventos paralelos reconhecidos pela COP e organizados por sociedade civil, instituições e movimentos sociais. Essa possibilidade permitiu ao Paralelo 33 inscrever uma atividade em Santa Maria e, assim, trazer parte do debate climático global para dentro da universidade e da cidade.
Entre os formatos possíveis de diálogo, o grupo optou pelo cine-debate, inspirado em experiências anteriores já realizadas com o Cine Paralelo, atividade já realizada dentro do projeto. O filme escolhido, Iracema: uma transamazônica, dirigido por Jorge Bodanzky e Orlando Senna, é considerado um marco do cinema brasileiro, sendo vítima de censura durante a ditadura militar.
A obra acompanha a construção da rodovia Transamazônica e expõe os impactos sociais e ambientais do processo, denunciando a exploração de comunidades indígenas, o avanço do desmatamento e a violência do projeto desenvolvimentista na Amazônia. Segundo Cauê, trazer o filme para o público local tem um peso simbólico. “O filme aborda uma questão que queremos trazer, que as mudanças climáticas não trazem apenas consequências ambientais, como o desmatamento ou o efeito estufa. Elas também impactam diretamente a sociedade, e esses efeitos sociais são tão graves quanto os que atingem a natureza”.
Sem certeza se o evento sairia do papel, a equipe começou a estruturar a organização mesmo assim. A intenção inicial era realizar a sessão no prédio 67 da UFSM, porém graças ao crescimento da ideia, se criou uma grande mobilização estudantil para fazer o projeto acontecer para além da Universidade, e assim foi criado um grupo de trabalho com 37 integrantes, que envolve diferentes projetos e até mesmo o Diretório Acadêmico de Relações Internacionais.
Na busca por legitimar a atividade como representação oficial da UFSM na COP30, Cauê também articulou apoio junto ao DCE, que marcou reunião com a Pró-Reitoria de Extensão para discutir possibilidades de financiamento e suporte institucional.
Então, o grupo de trabalho como os 37 integrantes se formou para organizar as diferentes etapas, desde a negociação da cópia do filme com a produtora Gullane, que mantém os direitos do filme, até a articulação com o shopping e a rede de cinemas Cinépolis, que cederam o espaço gratuitamente. O evento também foi incluído no programa “UFSM na COP30”, que reúne iniciativas da universidade relacionadas à Conferência. Para Cauê, o processo foi uma construção coletiva é um exemplo de como a extensão universitária pode articular conhecimentos e parcerias.
A realização do CineCOP30 insere Santa Maria no circuito de debates que antecedem a COP30, e conecta o interior do Rio Grande do Sul a um dos principais fóruns globais sobre mudanças climáticas. “Eu acho que a gente reconhecer que o Brasil é grande, e que o Rio Grande do Sul também está no mesmo país em que está o Pará, é algo muito importante. E eu acho que, apesar da COP30 estar em Belém, e a gente estar aqui no sul do Brasil, isso não impede em nada a gente descobrir um estado irmão. Porque todos nós somos irmãos aqui no Brasil.”, afirma Cauê.
O CineCOP30 acontece no dia 18 de outubro de 2025, a partir das 10h, no Cinépolis do Shopping Praça Nova. A programação prevê a exibição do filme Iracema: uma transamazônica, seguida de um debate com três professores convidados, Francielle Tybush, do curso de Direito, Nathaly Tissot, da Meteorologia e Gilvan Dockhorn, dos cursos de História e Turismo, e será aberto também à participação do público. A proposta é que a discussão seja coletiva e interativa, e que reúna diferentes percepções sobre a obra.
Toda a atividade será registrada em vídeo e áudio, com posterior edição e divulgação nas redes sociais do projeto. O material também será encaminhado como contribuição oficial ao diálogo autogestionado da COP30, com expectativa de que seja exibido em Belém durante a conferência.
Os ingressos para participar da sessão estão disponíveis de forma gratuita na plataforma Sympla. Mais informações nas redes sociais do Paralelo 33.





