O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Gênero, Vulnerabilidade e Cuidado em Saúde (GENVULC) realizou no dia 10 de dezembro a webinar intitulada “Interseccionalidades: Gênero, Raça e Saúde das Travestis”, com a participação de Lins Roballo. Lins é assistente social, especialista em violência intrafamiliar e comunicação não violenta, Mestre em Ciências Sociais, vereadora eleita no mandato de 2021/2024, no município de São Borja-RS e também coordenadora do grupo Girassol Amigos na Diversidade.
Durante a webinar, entre os assuntos que foram debatidos, Lins trouxe suas experiências como travesti e sua transição. Falou sobre violência, exclusão social, saúde mental, os símbolos que permeiam a feminilidade e masculinidade e relatou sobre sua inserção na política.
Segundo dados do Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras, o Brasil continua sendo o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Em 2019, foram 124 mortes, seguido do México (65) e Estados Unidos (31), em um total de 74 países que reportaram. Esse é um dos principais fatores que contribui para a expectativa de vida das transexuais ser em média de 35 anos. “Dados como esses reforçam que a temática deve ser abordada em ambientes acadêmicos, a fim de conscientizar as pessoas a mudar este cenário”, afirmam os integrantes do GENVULC.
Na ocasião, Lins ainda relatou sobre o contexto em que as travestis estão inseridas na sociedade, como a violência, maior exposição ao uso de álcool e drogas, dificuldade de conseguir emprego devido ao preconceito, o que faz com que muitas insiram-se na prostituição como forma de sobrevivência. Além disso, as travestis pouco procuram os serviços de saúde, por relatos de preconceitos já sofridos anteriormente nesses espaços. Lins também abordou alguns aspectos de suas vivências quanto a preconceito por conta da sua cor de pele.
Sobre a participação da mulher na política, Lins afirmou que ainda é escassa, visto que somente a partir de 1930 as mulheres passaram a ter direito ao voto. Atualmente, as mulheres ocupam cargos em pleitos eleitorais, existindo cotas que asseguram uma porcentagem mínima de 30% e máxima de 70% a participação de determinado gênero em qualquer processo eleitoral vigente. Entretanto, por mais que as mulheres consigam ser eleitas, dentro dos cargos políticos, enfrentam inúmeros obstáculos, pois estes lugares ainda são dominados pelos homens, os quais possuem maior voz. Para Lins, esse cenário deve mudar com o tempo, pois acredita que, aos poucos, as mulheres estão garantindo seu espaço dentro dos mais diversos contextos.
Assessoria de Comunicação UFSM-PM