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Os seres humanos evoluíram e descendem de outros animais? 

Evidências fósseis, genéticas e anatômicas demonstram a ancestralidade comum entre humanos e outros animais



A evolução é um dos conceitos centrais da Biologia e explica como as espécies se transformam ao longo do tempo. Ela também mostra como os seres humanos compartilham uma longa história de adaptações que nos conectam a outros animais. Apesar de amplamente aceita na comunidade científica, a ideia de que “Os seres humanos evoluíram e descendem de outros animais” ainda enfrenta resistência em parte da população brasileira. De acordo com a Pesquisa de Percepção Pública da Ciência mais recente, 35,5% dos entrevistados discordam totalmente da ideia da evolução humana e outros 9,1% discordam em parte. 

O que é evolução?

Evolução é o termo utilizado para se referir ao processo de mudança pelo qual as populações passam ao longo do tempo, acumulando alterações que permitem sua adaptação aos ambientes. “Trata-se de um processo contínuo, inacabado e não linear”, afirma Camilo Silva Costa, biólogo e doutorando em Educação em Ciências na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele explica que esse processo é guiado por mecanismos da evolução, como a Seleção Natural. Esse conceito, introduzido por Charles Darwin, em 1859, no livro “A Origem das Espécies”, diz que as espécies evoluem ao longo do tempo por meio de um processo em que indivíduos com características vantajosas em determinado ambiente têm maior chance de sobreviver e deixar descendentes. “Por exemplo, há seres humanos adaptados a viverem em altas altitudes, como o povo tibetano na Ásia Central. Essas adaptações mostram como a seleção natural age no contexto do ambiente”, completa o especialista.

Ancestralidade comum

As evidências para a evolução humana vêm de diversas áreas, incluindo arqueologia, paleontologia, genética e anatomia comparada. “Os fósseis mostram nosso parentesco a partir da ancestralidade comum, quer dizer, que todos nos originamos de uma mesma espécie”, explica Camilo. Para exemplificar, ele propõe comparar a anatomia das patas dianteiras de vertebrados: as nadadeiras das baleias, as asas dos morcegos e as mãos humanas: “É o que chamamos de órgãos homólogos, ou seja, são estruturas que reforçam a origem de um ascendente comum”. 

No caso dos humanos, a evolução é traçada a partir de um grupo de primatas que viveu na África há milhões de anos, incluindo espécies do gênero Australopithecus, precursoras do gênero Homo. Camilo conta que esse grupo se dividiu em duas linhagens que começaram a evoluir independentemente. Uma delas permaneceu na floresta tropical africana, no noroeste da África, dando origem aos chimpanzés que conhecemos hoje; e a outra migrou para os campos abertos, nas savanas do leste africano, dando origem ao gênero Homo.

Fósseis encontrados ao longo do tempo mostram uma transição gradual entre características basais, presentes em Australopithecus afarensis, e outras presentes em espécies mais recentes, como Homo erectus e Homo sapiens. Além disso, estudos genéticos confirmam que os seres humanos compartilham uma alta porcentagem de seu DNA com outros primatas, como chimpanzés e bonobos, nossos parentes vivos mais próximos. Esses dados reforçam a ideia de uma ancestralidade comum. Embora muitas pessoas associem erroneamente a evolução à ideia de que “descendemos dos macacos”, o que a ciência afirma é que humanos e outros primatas compartilham um ancestral comum. Esse ancestral não era igual aos macacos atuais, mas sim uma espécie basal, que deu origem a diferentes linhagens, incluindo a humana. Portanto, não somos descendentes diretos de macacos como os que conhecemos hoje, mas sim primos evolutivos.

Rejeição à ideia

Apesar das evidências científicas, muitas pessoas ainda rejeitam a ideia de que os seres humanos evoluíram ao longo do tempo. Para o biólogo Camilo Silva Costa, a complexidade e a longa duração do processo evolutivo podem tornar sua compreensão mais desafiadora: “é muito mais fácil crer que o ser humano foi criado [criacionismo] do que acreditar que esse foi um processo longo de milhões de anos, muitas ramificações, adaptações, perdas e ganhos”.

O criacionismo é uma visão que interpreta de forma literal textos religiosos, como a Bíblia, para explicar a origem da vida. Contudo, é fato que o criacionismo carece de fundamentação científica e não oferece (nem busca oferecer) explicações testáveis para os fenômenos biológicos. Por outro lado, a evolução é respaldada por linhas robustas de evidências, incluindo fósseis que documentam a transição gradual entre espécies, semelhanças genéticas que indicam ancestralidade comum e registros geológicos que corroboram as sucessivas mudanças na biodiversidade ao longo de bilhões de anos.

Entender a evolução humana é fundamental não apenas para a ciência, mas também para a sociedade. Segundo o especialista, o estudo da evolução ajuda a interpretar processos adaptativos, genéticos e ambientais: “Não é apenas uma exploração do nosso passado, mas uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A partir da evolução, conseguimos interpretar e olhar para a ciência que nos rodeia de forma mais crítica”, conclui.

 

Veredito: COMPROVADO! Os seres humanos evoluíram ao longo do tempo e compartilham uma conexão ancestral com outros animais.

 

Texto: Luciane Treulieb
Ilustração: Vinicius Gumisson Motta
Revisão: Fabiana Coradini

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