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Foram 83 tiros: um estudo de agendamento sobre as mortes de Evaldo Rosa dos Santos e Luciano Macedo nos jornais Folha de São Paulo e O Globo

Lavínia dos Santos Machado[1], Luana Alves Ferreira[2], Igor Euler Barbosa de Sousa[3], Alice Rodrigues Alexandre da Silva[4] com orientação da Janaína Gomes[5]

Na tarde do dia 7 de abril de 2019, o músico Evaldo Rosa dos Santos estava a caminho de um chá de bebê com a esposa Luciana Nogueira, o sogro Sérgio Gonçalves de Araújo, o filho de 7 anos e uma amiga. O carro de Evaldo foi confundido com o de bandidos durante uma operação militar. Segundo jornais analisados, a perícia revelou que o carro de Evaldo foi fuzilado por 83 tiros de pistola e fuzil.  Luciano Macedo era um catador de lixo que estava no local e foi morto tentando ajudar a família. No total foram disparados 257 tiros. O tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo disparou 77 vezes contra o carro, usando um fuzil. Evaldo morreu no mesmo dia e Luciano no dia 18. Segundo dados da Anistia Internacional (2017), a violência policial está relacionada ao racismo quando constata que, em 2015, na cidade do Rio de Janeiro, a polícia foi responsável por um a cada cinco assassinatos e que a maioria das vítimas foram jovens negros. Este trabalho é um estudo exploratório, utilizando a Teoria do Agendamento, para analisar a distribuição das notícias publicadas nos jornais Folha de São Paulo (FSP) e O Globo, do Rio de Janeiro, sobre o caso. Utilizamos os nomes de Luciano e Evaldo, separadamente, para recuperação das notícias. Segundo Hohlfeldt (1997), Rublescki (2011) e Sousa (2008), os meios de comunicação abordam temas que tenham uma parcela significativa de conhecimento público. A presença desses temas direciona a ação do pensamento na medida em que indicam o que e quando pensar determinado assunto. O objetivo deste trabalho é comparar a visibilidade recebida sobre o agendamento ao longo do tempo a partir das notícias publicadas sobre as duas vítimas. Foram publicadas 29 notícias pelo jornal FSP e 27 pelo O Globo, entre 8 de abril e 11 de maio de 2019. Apenas 5 notícias falavam sobre as duas vítimas no mesmo texto no jornal FSP (17% de dupla contagem) e 3 notícias no jornal O Globo (11% de dupla contagem). O auge do agendamento foi em 9 de abril, no jornal O Globo (6 notícias, 22%) e 11 e 12 de abril (5 notícias em cada dia) no jornal FSP (34%). Após essas datas os números de publicações variaram de zero a, no máximo, 3 notícias (14 de abril, no jornal O Globo). Foram publicadas 10 notícias no FSP e 12 no O Globo sobre a vítima Luciano Macedo, predominantemente após sua morte, em ambos jornais. Conclui-se que as notícias foram publicadas nos primeiros dias após o acontecimento quando houve a necessidade de compreender o fato e foram diminuindo. Por último, é possível afirmar que tanto Evaldo quanto Luciano receberam atenção dos jornais. A permanência na agenda dos jornais decorreu de atos de protestos advindos da sociedade civil e o marco de um mês após o fato e indícios de impunidade.

Palavras-chaves: Agendamento midiático; Teoria do Agendamento; Jornalismo Impresso; Violência Policial; Racismo.

REFERÊNCIAS

Amnesty International. Brazil: Police Killings, Impunity and Attacks on Defenders. 2017. Disponível em: https://www.amnesty.org/download/Documents/AMR1954672016ENGLISH.pdf. Acesso em: 19 mai., 2019.

FOLHA DE SÃO PAULO. Justiça aceita denúncia e 12 militares viram réus por morte em carro fuzilado no RJ. Folha de São Paulo, 11 mai., 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/justica-aceita-denuncia-e-12-militares-viram-reus-por-mortes-em-carro-fuzilado-no-rj.shtml. Acesso em: 19 mai., 2019.

HOHLFELDT, Antonio. Os estudos sobre a hipótese de agendamento. Revista Famecos, v. 4, n. 7, p. 42-51, 1997. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/2983/2265. Acesso em: 19 mai., 2019.

O GLOBO. Justiça militar aceita denúncia e 12 militares responderão pelas mortes de músico e catador em Guadalupe. O Globo, 11 mai., 2019.  Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/justica-militar-aceita-denuncia-12-militares-responderao-pelas-mortes-de-musico-catador-em-guadalupe-23659378. Acesso em: 19 mai., 2019.

RUBLESCKI, Anelise. Agendamento e mediação jornalística no jornalismo líquido. Comunicologia: Revista de Comunicação da Universidade Católica de Brasília, v. 4, n. 2, p. 48-61, 2011. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/view/2882/1781. Acesso em: 19 mai., 2019.

SOUSA, Jorge Pedro. A teoria do agendamento e as responsabilidades do jornalista ambiental: uma perspectiva ibérica. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação, v. 1, 2008. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-teoria-do-agendamento.pdf. Acesso em: 19 mai., 2019.


[1] Graduação. Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Estudante do Curso de Jornalismo.
[2] Graduação. Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Estudante do Curso de Jornalismo.
[3] Graduação. Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Estudante do Curso de Jornalismo.
[4] Graduação. Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Estudante do Curso de Jornalismo.
[5] Pós-Doutorado. Universidade Federal de Santa Maria, Campus Frederico Westphalen. Professora Adjunta do Curso de Jornalismo.
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