Conversamos com a ilustradora Fernanda Redin, aluna de Produção Editorial, sobre como foi realizar a ilustração do livro Clube de Descobridores de Mistérios da Praça do Banco Rosa feito na disciplina Projeto Experimental em Edição de Livros.
O QI: Como foi o processo de ilustrar um livro? Você já tinha experiência na área?
Eu nunca tinha ilustrado um livro antes. Eu acho que foi mais difícil do que eu imaginava. Eu já imaginava que ia ser difícil, mas não imaginei que seria tão difícil.
O QI: Quais dificuldades inesperadas você teve?
Dificuldade inesperada? Eu acho que na verdade, mais o início, talvez, e o tempo. Eu acho que foi um pouco a minha saúde mental, porque foi muito difícil lidar com a pressão de ter que entregar e a gente passou muito do cronograma. E o conteúdo a gente tinha que ter mandado, tipo, um mês antes do que a gente mandou. Aí eu passei o mês de maio, se eu não me engano, inteiro, preocupadíssima com as ilustrações e eu saía de casa e eu pensava que deveria estar ilustrando.
O QI: Descobriu novas técnicas?
Acho que eu não descobri uma nova técnica. Eu acho que com o livro não, porque com o livro eu me mantive muito no que eu sabia. Exatamente para não dar ruim depois, no final. Porque houve a opção de fazer o livro em uma mesa digitalizadora, mas como eu não dominava e, além de tudo, a mesa não era minha, eu optei por fazer os desenhos em uma folha, escanear e colorir no photoshop.
O QI: Qual era sua percepção da ilustração antes e depois da realização do trabalho?
Acho que eu nunca pensei na minha percepção da ilustração. Foi uma coisa que na real eu nem cheguei a aplicar nas ilustrações do livro, de tipo: a ilustração por si só conta uma história. E ela traz coisas que o texto escrito não traz, e que poderia pintar uma imagem totalmente diferente se não houvesse a ilustração como um guia para o nosso imaginário. Mas eu acho que foi isso, de tipo: a ilustração ela conta uma história que traz outros elementos que não estão no texto escrito. E eu não tinha essa visão antes.
O QI: No geral, como a Produção Editorial te ajudou a desenvolver a ilustração?
Eu acho que com Produção Editorial eu tinha a desculpa para ilustrar, porque eu sempre fui uma pessoa artística. Mas antes de PE eu fiz um semestre de história da arte, no Rio de Janeiro, e lá eu exercitei um pouco a minha arte, mas não tive o tempo, também, de exercitar tanto quanto em PE. Mas quando a gente não tinha tantas disciplinas práticas, eu não ilustrava tanto, ou se eu ilustrava eram coisas pequenas, e que, não sei, acho que não significavam tanto para mim sabe? Mas aí quando chegou a revista Luna e a gente precisava, ou a gente queria, uma ilustração para a segunda capa eu falei: não, deixa que eu faço.
Com a disciplina de Produção e Tratamento de Imagem, a gente teve que fazer um quadrinho, que foi quando a Liz foi criada. E foi aí que eu me permiti comprar a caneta nanquim que eu queria a tanto tempo e eu acho que foi na verdade o primeiro incentivo de PE para eu fazer alguma arte. E a partir daí foi, tipo, trabalhos que eu poderia encaixar a minha ilustração. Foi num crescente assim, foi Produção e Tratamento de Imagem com o quadrinho, e aí na revista Luna eu tenho uma ilustração que eu fiz especialmente para ela e daí depois já veio o livro.
Mas uma coisa que não entrou no livro, mas que ficou para mim, acho que é um investir mais, e não tipo investir dinheiro, mas não deixa de ser dinheiro. Porque depois do livro eu comprei uma mesa digitalizadora para mim. Eu disse como um presente por ter ilustrado um livro inteiro. Mas de as vezes só fazer qualquer coisa, não me preocupar muito com o que eu estou fazendo, mas fazer alguma coisa, eu acho que não sei, ficou eu acho. E depois disso eu também fiz algumas coisas para vender. Mas é, eu acho que o livro me colocou nesse lugar de artista, ilustradora que faz arte.
Autora: Lívia M. Oliveira
Publicado originalmente no blog do WordPress em 15 de Setembro de 2020