Ir para o conteúdo PET Agronomia Ir para o menu PET Agronomia Ir para a busca no site PET Agronomia Ir para o rodapé PET Agronomia
  • International
  • Acessibilidade
  • Sítios da UFSM
  • Área restrita

Aviso de Conectividade Saber Mais

Início do conteúdo

Trigo duplo propósito: uma alternativa para o inverno



O trigo (Triticum) é um dos cereais mais cultivados do mundo, no Rio Grande do Sul pode ser cultivado no inverno, isso se deve ao fato de suportar baixas temperaturas. A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é outra opção para o inverno, a qual ocorre de forma intensiva em várias regiões do estado. Nesse sistema no verão as áreas são cultivadas com culturas de grãos como a soja e no inverno são utilizados como pastagem, normalmente para bovinos. De modo geral essas pastagens são formadas por aveia e/ou azevém. Assim o trigo duplo propósito se destaca como uma boa opção de cultivo, possibilitando o pastoreio do gado e produção de grãos em um mesmo período.

As cultivares de trigo duplo propósito possuem um ciclo tardio, com uma fase vegetativa mais longa e uma reprodutiva precoce. A cultivar BRS Tarumã possui um espigamento em 110 dias, maturação em 162 dias e proporciona alta produção de forragem, a qual produz cerca de 2442 kg/ha de Massa seca na soma de dois cortes (EMBRAPA). Outras cultivares que foram desenvolvidas ao longo desses anos de estudo da Embrapa foram: BRS Figueira, seguindo-se BRS Umbu, BRS Guatambu e BRS Pastoreio a última lançada até o momento.

A cultivar BRS Pastoreio — que é a cultivar mais recente — possui destaque, pois além do duplo propósito pode ser utilizada para a produção de silagem, tornando-se mais uma alternativa para o produtor. Visto que ela atinge valores de até 30 t/ha de Massa seca com propósito único, com o uso do pastejo, pode render cerca de 2 ciclos e possibilitar uma colheita de cerca de 3000 kg/ha de grãos (EMBRAPA).

A época de semeadura das cultivares é variável dependendo da região, clima e objetivos da lavoura. Geralmente no maior ciclo, a semeadura é feita de 20 a 40 dias antes da época indicada para o cultivo apenas para grãos. Com o início do cultivo mais cedo, é possível chegar ao ponto de pastejo mais rapidamente, obtendo assim o um melhor aproveitamento.

A adubação é um fator de extrema importância para essas cultivares. O recomendado é seguir as doses típicas indicadas pelo Manual de Adubação e Calagem RS/SC. Supondo que haja também o pastejo, a instrução é de uma aplicação de 30kg/ha de N após cada pastejo, desse modo, ocorrerá uma recuperação da planta para uma boa produção de grãos. A densidade de semeadura é cerca de 350 a 400 sementes por m², um espaçamento entre linhas de 14 até 20 cm, de acordo com os implementos disponíveis.

O pastejo dos animais deve ser bem manejado para evitar problemas na produção de grãos posteriormente. Quando as plantas estiverem com cerca de 25 a 40 cm no período de elongação do colmo, os animais iniciam o pastejo, o que ocorre de 40 a 70 dias após a implantação da lavoura. A massa seca nessa fase se encontra em torno de 900g a 1,5 kg/ha. A retirada dos animais ocorre quando a cultura está com cerca de 10 a 5 cm de altura. Após 30 dias da retirada dos animais já é viável realizar o segundo pastejo. Nunca deve-se deixar pastejar abaixo desse limite inferior (5 cm). Caso os animais pastem demasiadamente haverá danos aos primórdios foliares o que prejudica o desenvolvimento das plantas, afetando severamente a produtividade de grãos. Uma possibilidade é: ao invés de pastejo nesses mesmos períodos, realizar cortes para fornecimento ao cocho de corte verde ou para a fabricação de pré-secado.

Caso o intuito do produtor seja priorizar o pastejo, uma opção viável é aumentar o número de cortes para até 5 e utilizar a cultura para a fabricação de silagem de planta inteira, diminuindo a exigência da planta. Como o trigo possui um bom valor de proteína (entre 8 e 11%), essa se torna uma alternativa interessante, principalmente para produtores de bovinos de leite.

De modo geral, o trigo duplo propósito é uma excelente opção para os produtores, possibilitando que — por meio da colheita de grãos — seja possível pagar os custos da pastagem; além de ser uma opção para diversificar a produção, deixando o produtor tomar a decisão do que gostaria de priorizar (o pastejo ou o grão) de acordo com o cenário econômico, podendo inclusive ser utilizado para a produção de silagem. Para ocorrer o sucesso desse sistema é essencial um bom manejo de cortes, garantindo um sucesso das duas produções e maximizando a utilização da integração lavoura-pecuária.

Autor:

Augusto Monteiro Leal, acadêmico do 8º semestre de Agronomia e bolsista do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria

Divulgue este conteúdo:
https://ufsm.br/r-779-1075

Publicações Relacionadas

Publicações Recentes