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Geração ansiosa: por que estamos todos surtando em silêncio?



Você já sentiu o coração acelerar sem motivo? Ficou com a mente agitada, como se tivesse mil pensamentos ao mesmo tempo e nenhum deles tivesse solução? Muitas pessoas têm vivido isso nos últimos anos, e não é exagero dizer que a ansiedade se tornou uma das queixas mais comuns entre adolescentes e adultos jovens. Mais do que um sentimento de nervosismo ocasional, a ansiedade pode ser um sinal de que o corpo e a mente estão pedindo ajuda.

A ansiedade, em si, é uma reação natural do organismo a situações de estresse ou ameaça. Ela faz parte da nossa evolução como espécie: quando nossos ancestrais precisavam fugir de um perigo, o corpo entrava em estado de alerta, acelerava os batimentos cardíacos e preparava os músculos para agir. Esse mecanismo continua funcionando hoje, mas, em vez de fugirmos de predadores, lidamos com provas, com a pressão por desempenho acadêmico e profissional, com o medo de fracassar e com as incertezas sobre o futuro. O problema começa quando essa sensação de alerta se torna frequente, intensa e fora de proporção, afetando o sono, a concentração e a vida social como um todo.

É aí que entra o transtorno de ansiedade. Do ponto de vista médico, o transtorno de ansiedade é quando o medo ou a preocupação passam a ser intensos, frequentes e difíceis de controlar. Segundo o DSM-5 (um manual usado por profissionais de saúde mental), isso acontece quando os sintomas duram por pelo menos seis meses e causam sofrimento ou prejuízos na rotina da pessoa. E não é só na cabeça: a ansiedade também se manifesta no corpo através do coração acelerado, falta de ar, dores musculares, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade… tudo isso pode estar relacionado.

Além disso, existem diferentes tipos de transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de pânico, a fobia social e outros, cada um com suas particularidades, mas todos impactam significativamente a qualidade de vida. O que chama atenção é que, atualmente, os jovens são o grupo que mais tem apresentado sintomas ansiosos. Dados recentes da Rede de Atenção Psicossocial do SUS revelam que, pela primeira vez no Brasil, o número de crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade superou o de adultos.

Mas, por que isso está acontecendo? As causas são múltiplas. A pressão interna e externa por produtividade e sucesso, o medo de não “dar conta” de tudo, a constante comparação irreal que é imposta pelas redes sociais e o aumento de estímulos gerados no cérebro tem deixado muitos jovens esgotados mentalmente. A pandemia da Covid-19 também teve um papel importante, pois interrompeu rotinas, intensificou o isolamento social e aumentou o sentimento de vulnerabilidade.

O importante nesse contexto todo é ficar atento aos sinais! Se você sente que está sempre no limite, preocupado com tudo, tendo dificuldades para dormir ou se concentrar, tem pensamentos repetitivos, sinais de dificuldade respiratória, aceleração de batimentos cardíacos ou vive no modo “tensão constante”, talvez seja hora de olhar com mais carinho para isso. E a boa notícia é que existe tratamento para esse quadro.

Procurar ajuda especializada é uma medida necessária quando os sintomas de ansiedade começam a interferir significativamente na vida cotidiana. Assim como outras condições de saúde, os transtornos mentais exigem acompanhamento adequado, e o suporte profissional pode contribuir para um diagnóstico preciso e para a escolha do tratamento mais eficaz. Falar sobre saúde mental de forma aberta e sem estigmas é essencial, especialmente considerando o aumento dos casos entre jovens.

A terapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), é uma ferramenta muito eficaz para ajudar a identificar e modificar padrões de pensamento que alimentam a ansiedade. Em alguns casos, o uso de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos pode ser indicado, sempre com orientação médica. Além disso, hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, sono de qualidade, alimentação equilibrada, pausas das redes sociais e momentos de lazer e descanso fazem a diferença no controle dos sintomas.

 Se você sente que a ansiedade tem te atrapalhado a viver bem, converse com alguém de confiança e, se possível, procure apoio profissional. O mundo anda pesado mesmo, e você não precisa lidar com tudo sozinho!

Referências Bibliográficas:

  1. Mariani, Daniel, et al. “Registros de Ansiedade Entre Crianças E Jovens Superam Os de Adultos Pela 1a Vez No Brasil.” Folha de S.Paulo, 31 May 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folhateen/2024/05/registros-de-ansiedade-entre-criancas-e-jovens-superam-os-de-adultos-pela-1a-vez.shtml
  2. Tian, Jinrui, et al. “The Impact of Upward Social Comparison on Social Media on Appearance Anxiety: A Moderated Mediation Model.Behavioral Sciences, Dec 2024. Disponível em: https://doi.org/10.3390/bs15010008
  3. Anderson, Thea L, et al. Contributing Factors to the Rise in Adolescent Anxiety and Associated Mental Health Disorders: A Narrative Review of Current Literature.” Journal of Child and Adolescent Psychiatric Nursing, vol. 38, no. 1, 30 Dec. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jcap.70009

Autora:

Julia Piton, acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.

 Lattes: http://lattes.cnpq.br/7318426348944373

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