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Se é bomba, estoura: efeitos e danos dos anabolizantes



A busca por um corpo musculoso e definido vem crescendo a cada ano, principalmente com a divulgação em massa de “corpos perfeitos” nas redes sociais e o uso crescente de substâncias sintéticas por famosos. Uma maneira rápida de conquistar o físico dos sonhos é a utilização de esteróides anabólico-androgênicos (EAA), que são versões sintéticas da testosterona, o principal hormônio sexual masculino. Entretanto, essa alternativa, frequentemente divulgada como uma opção “natural” por ser um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano, pode causar sérios problemas à saúde, quando se trata de suplementação.

Os EAA atuam tanto como anabolizantes, tendo efeitos sobre características sexuais secundárias, como crescimento de pelos e engrossamento da voz. E como esteróides, que agem estimulando o corpo a produzir e reter mais proteínas nos músculos, o que ajuda no crescimento e fortalecimento muscular, dando o aspecto de músculos mais definidos.

O uso de esteróides anabolizantes (EAAs) sem indicação médica começou na década de 1950, principalmente entre levantadores de peso e atletas, com o objetivo de aumentar a massa muscular e a força. Nas últimas décadas, essa prática se expandiu para atletas recreacionais, mulheres e adolescentes, buscando fins estéticos ou de melhora de desempenho. No Brasil, um estudo realizado em Porto Alegre com praticantes de musculação encontrou prevalência de 11,1% de usuários de EAAs em academias, o que mostra que a utilização dessas substâncias está alcançando pessoas fora do meio esportivo. 

Os anabolizantes podem ser administrados de diferentes formas, como por injeção, via oral (em comprimidos), adesivos transdérmicos ou implantes hormonais. Entre esses, destaca-se o chamado “chip da beleza”, um tipo de implante que se popularizou especialmente entre mulheres que buscam melhorar a aparência física, promover o emagrecimento e aliviar sintomas da menopausa, como cansaço e desconforto. Esses dispositivos geralmente contêm hormônios como testosterona, gestrinona e oxandrolona. No entanto, não há comprovação científica de sua eficácia, e seu uso pode representar sérios riscos à saúde, uma vez que envolve substâncias anabolizantes.

Esses hormônios sintéticos afetam todo o corpo e, embora possam gerar resultados rápidos na aparência, trazem riscos sérios e duradouros como elevação dos níveis de colesterol e impotência sexual. No sistema cardiovascular o uso exagerado aumenta a pressão arterial e a força com que o coração precisa trabalhar, há associação com infarto ou parada cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), arteriopatias dos membros inferiores que são os estreitamentos ou obstruções das artérias que levam sangue para pernas e pés, aumentando o risco de amputações. No fígado, as substâncias podem provocar intoxicação e insuficiência hepática, já que esse órgão precisa eliminar o excesso de hormônios artificiais. Ainda, há associação entre aparecimento de câncer no fígado e na próstata com o uso de EAAs

 

Também são comuns mudanças de humor, como irritação, agressividade e ansiedade, que afetam o convívio social e a saúde mental. Além disso, pode haver queda na libido, já que o corpo passa a produzir menos testosterona naturalmente. Nos músculos e ossos, o risco de ruptura de tendões aumenta, porque o crescimento muscular é rápido demais para a estrutura corporal acompanhar. Na pele, surgem acnes, espinhas e manchas, e em alguns casos até queda de cabelo.

A utilização de anabolizantes com fins estéticos é proibida no Brasil, e a sua comercialização só pode ser realizada com receita médica, em drogarias e farmácias, conforme determina a ANVISA e o Conselho Federal de Medicina. 

 

Atualmente, a principal indicação do tratamento com andrógenos por médicos especialistas é a terapia de reposição no hipogonadismo masculino orgânico (baixos níveis de testosterona). Também pode ser utilizado na terapia hormonal transgênero, tratamento de queimaduras e em alguns casos de HIV.

 

Em síntese, os esteróides anabólico-androgênicos podem até promover mudanças rápidas no corpo, mas colocam em risco a saúde física e mental. Seus efeitos colaterais, muitas vezes graves e irreversíveis, superam qualquer ganho estético temporário. Cuidar do corpo de forma segura e consciente — por meio de exercícios regulares, alimentação equilibrada, sono de qualidade e manejo do estresse — é a verdadeira chave para um bem-estar duradouro e saudável.

Referências Bibliográficas:

  1. ARIAS, C. E. N.; ROMERO, C.; LA ROTA, G. Intoxicación por metanol. Acta Neurol Colomb. vol.41 no.2 Bogotá abr./jun. 2025 Epub Junho 24, 2025.

  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde recebe lote com 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol. Disponível em: <Ministério da Saúde recebe lote com 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol — Ministério da Saúde>. Acesso em: 16 out. 2025. 

  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Estados e municípios recebem novas orientações para atendimento e notificação de casos de intoxicação por metanol. Disponível em: <Estados e municípios recebem novas orientações para atendimento e notificação de casos de intoxicação por metanol — Ministério da Saúde>. Acesso em: 16 out. 2025.

  4. BRASIL. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA CONJUNTA Nº 376/2025-SVSA/SAES/SECTICS/MS. Disponível em: <Nota Técnica Conjunta nº 376/2025-SVSA/SAES/SECTICS/MS — Ministério da Saúde>. Acesso em: 16 out. 2025

Autora:

Giovana Bolzan, acadêmica de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.

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