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O corpo perfeito tem um preço: riscos invisíveis à saúde de quem coloca silicone



Bumbum empinado, rostos esticados, cinturas afinadas e pernas delineadas se tornaram o desejo de muitas mulheres — e até mesmo de homens — que buscam um corpo dentro do chamado “perfil ideal”. Na sociedade atual, movida por aparências e padrões inalcançáveis, procedimentos estéticos são cada vez mais procurados como forma de atender a esse suposto ideal de beleza. Contudo, nesse processo, os riscos à saúde acabam sendo frequentemente ignorados ou minimizados, seja pela indústria, pela medicina ou pelos próprios pacientes.

Um marco histórico aconteceu em 11 de agosto de 2025, quando a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) publicou uma  declaração com mais de 6.000 mulheres, reconhecendo oficialmente a chamada Doença do Silicone (Breast Implant Illness — BII) como uma condição clínica real. O estudo mostrou que os implantes mamários podem causar inflamações graves, reações alérgicas, presença de biofilmes bacterianos — que aumentam o risco de infecções — e até a liberação de metais pesados no organismo. Esses processos foram associados a sintomas como fadiga intensa, dores crônicas, insônia e mal-estar generalizado, sintomas que muitas vezes só melhoram após a retirada do implante.

Outro levantamento importante foi realizado por Ferreira e colaboradores, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, em Portugal. Eles analisaram 33 estudos que investigaram a Doença do Implante Mamário, somando 6.048 pacientes. Mais de 60% desses trabalhos foram publicados na última década (2014–2024), o que mostra o crescimento do interesse científico sobre o tema. A média de idade das mulheres foi de 46 anos (com variação entre 39,2 e 54,0 anos). Em média, os sintomas começaram a aparecer 6,4 anos após a cirurgia, e o tempo entre a colocação e a retirada do implante foi de aproximadamente 12 anos.

Os resultados confirmaram que a BII pode afetar diferentes sistemas do corpo. Os sintomas mais comuns foram: fadiga, dores musculares e articulares, dificuldades de memória e concentração, problemas de sono e sinais de inflamação generalizada. Além disso, foram encontradas associações com doenças autoimunes e complicações próprias dos implantes, como ruptura e endurecimento, que agravam o quadro clínico. Embora fatores emocionais e psicológicos também influenciam a percepção da doença, as evidências científicas mostram claramente que existe um processo físico e imunológico real.

A pesquisa ainda revelou que a remoção dos implantes (explante) trouxe melhora significativa para cerca de 8 em cada 10 mulheres, com redução de mais da metade dos sintomas relatados. Isso reforça a importância de que cada paciente seja bem informado antes da cirurgia e acompanhado de perto após o procedimento.

Apesar de a BII ainda não ser unanimidade entre médicos, órgãos internacionais como o FDA (EUA) já reconhecem sua relevância e orientam com maior cuidado. A Doença do Implante Mamário deve ser levada a sério. A saúde precisa estar sempre acima da estética, e as mulheres afetadas merecem informação clara, respeito e acompanhamento adequado.

 

 

Referências Bibliográficas:

1.      FERREIRA S. BARROS A. S. MARQUES M. Breast Implant Illness: Symptoms, Outcomes with Explantation and Potential Etiologies-A Systematic Review and Meta-analysis. Aesthetic Plast Surg. 2025. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/40788544/

2.      GLICKSMAN, C, A. et al. Patient Safety Advisory—Breast Implant Removal and Capsulectomy. Spring Nature. v. 47, p. 1666- 1668, 2023. 

Autora:

Graziela Moro Meira, acadêmica do curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e colaboradora do Portal Ciência e Consciência.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/9393790545039879

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