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Giovanni Nobile | Banco do Brasil

1. A partir da organização em que atua, o que engloba a gestão de riscos de reputação e qual a contribuição deste processo para as operações? 
 
Entendemos que o risco de reputação é multidimensional, ou seja, é potencialmente afetado por diversos outros tipos de riscos numa organização. Desta forma, a gestão de riscos de reputação atua de forma multidisciplinar, uma vez que o risco de reputação reflete a percepção que diferentes públicos — como clientes, investidores, reguladores, mídia e sociedade — têm sobre uma instituição. Assim, a gestão do risco de reputação contribui no processo para as operações quando combina ações preventivas e reativas. É importante ter uma estrutura preparada para agir a qualquer momento. Se no lado preventivo, o foco está em antecipar tendências de crises corporativas (realizando estudos estratégicos, mapear megatendências, simular cenários, revisar processos, monitorar percepções e indicadores, além de promover uma cultura de gestão de riscos); no campo reativo, a atuação entra em cena quando há um fato desencadeante e, sendo o momento de consultar intervenientes especializados sobre o tema relacionado, consolidar informações e acionar estratégias de comunicação para mitigar impactos e proteger a imagem institucional.  
 
 
2. Quais os pilares/políticas da gestão de riscos e de crise na última década no BB? 
 
Os pilares que sustentam a gestão de riscos são as boas práticas na governança corporativa do BB, com decisões colegiadas e organização estrutural para atuar com este tema. Por exemplo, nosso modelo de governança conta com uma estrutura de comitês que reúne diversas áreas da instituição. Esse modelo inclui separação entre as funções de negócio e risco, alçadas de decisão distribuídas por diferentes níveis hierárquicos e alinhamento com as melhores práticas do mercado. Além disso, cabe destacar que o BB traduz os princípios de gestão em risco de reputação em alguns verbos que nos dão a diretriz de atuação no dia a dia, como identificar os riscos de diversas naturezas, avaliá-los, controlá-los, reportá-los aos gestores específicos, mensurá-los, mitigá-los, monitorá-los e, por consequência, aprimorar processos para que a boa gestão de riscos aconteça. 
 
 
3. Houve alguma mudança recente ou existe alguma perspectiva de alteração destes pilares/políticas? Se existe, em qual sentido? 
 
A própria criação de uma gerência específica de gestão de risco de reputação, em 2020, para além da já tradicional Diretoria de Riscos do Banco, foi uma mudança recente. A gestão de risco de reputação está ligada à Diretoria de Marketing e Comunicação do Banco. E, como mencionado acima, sobre as nossas diretrizes de atuação, nosso trabalho passa prioritariamente por combinar ações preventivas e reativas na gestão dos riscos de reputação, além de passar por esses verbos direcionadores de gestão, desde monitoramentos, até mensuração e análise de dados, potencializando aprimoramentos neste cenário. Antes, essa gestão ocorria, claro. Mas de forma agregada em outros setores, como na assessoria de imprensa, por exemplo. Agora, com esse ajuste organizacional relativamente recente, aprofundamos estudos e capacidade de análise de informações para atuarmos tanto com questões quantitativas, como qualitativas. 
 
 
4. Na atualidade, qual o principal foco de atuação do BB em termos de gestão de risco de reputação, quais os principais riscos a serem mitigados? 
 
Nosso principal foco é atuar com cada vez mais capacidade de análise de dados, inclusive com uso de ferramentas tecnológicas como IA para detecção de riscos, por exemplo. Por outro lado, um dos principais riscos é justamente um potencial impacto de IAs aliadas a potenciais cenários de desinformações. Acredito que são riscos complexos e que passam pelo olhar de todo gestor de riscos de reputação de empresas e instituições de qualquer segmento. 
 
 
5. Em meio às incertezas ligadas às mudanças climáticas, como o Banco do Brasil vem agindo de modo a manter o negócio sustentável e atender as demandas dos produtores rurais, por exemplo? 
 
O BB, inclusive por sua participação neste mercado, é reconhecido historicamente como principal parceiro do produtor rural brasileiro, assim como detém reconhecimento internacional de Banco mais sustentável do mundo.   
 
O BB reforça que a sustentabilidade está incorporada à Estratégia Corporativa do Banco do Brasil e que tem desdobramentos na gestão dos negócios e riscos. Por exemplo, em junho deste ano, anunciamos a captação de US$ 100 milhões em operação internacional voltada à agricultura sustentável. Esta operação de sustainable repurchase agreement foi contratada junto ao Banco Natixis Corporate & Investment Banking (Natixis CIB), como coordenador sustentável e contraparte, fortalecendo a parceria com o banco francês. Os recursos captados serão direcionados para financiar a aquisição de produtos agrícolas, garantindo suporte à produção responsável e alinhada aos princípios da sustentabilidade. 
 
Além do impacto financeiro, a “Climate-Smart Agriculture” reforça o compromisso do Banco do Brasil com finanças sustentáveis. A agricultura de baixo carbono é essencial para a mitigação dos gases de efeito estufa (GEE), e a alocação eficiente de recursos desempenha papel fundamental na competitividade e resiliência do setor agrícola. 
 
E esse foi apenas um exemplo. O Banco do Brasil está comprometido em ir além, promovendo o incentivo na adoção de práticas responsáveis ambientalmente. Somos uma empresa que exerce papel transformador na construção e no desenvolvimento econômico e social do país. Seguimos as melhores práticas de gestão e governança, aderindo a compromissos nacionais e internacionais de incentivo ao crescimento sustentável e apoiando a execução de políticas públicas, promovendo negócios de relevância para a sociedade. 
 
 
6. Qual caso ocorrido, externa ou da própria instituição, impactou a imagem do Banco do Brasil junto à sociedade e demandou esforços significativos de gestão? Relate como se deu a gestão da comunicação nesse caso. Por exemplo, há casos em que o Banco do Brasil emitiu comunicados/notas/informes configurados como comunicação de risco? Se sim, cite um exemplo e comente o conteúdo e a necessidade desta comunicação.  
 
Recentemente, por exemplo, observamos atuação de golpistas utilizando o nome do Banco para disseminar informações sobre um falso concurso público. A partir disso, geravam links, obviamente também falsos, para pagamentos de falsas inscrições. Detectamos isso rapidamente em nossas atuações de monitoramento, reportamos internamente e preparamos comunicado via imprensa e redes sociais para desmentir o caso, além de contar com serviços de checagem de fatos que apoiaram na disseminação das informações verdadeiras da nossa nota à imprensa. Este caso específico pode ser consultado em nossa sala de imprensa, com o comunicado “BB esclarece que não há previsão de novo concurso e alerta sobre “golpe do falso concurso”, de 30 de janeiro de 2025 (link: Imprensa | BB esclarece que não há previsão de novo concurso e alerta sobre “golpe do falso concurso”). Felizmente, estamos falando de um caso que passou longe de ser uma crise, , mas muito pela atuação ágil para detectar e agir. 
 
 
7. No seu ponto de vista, as organizações brasileiras avançaram na gestão de riscos nos últimos tempos? 
 
Entendo que sim, já que há um avanço desse tipo de debate tanto em frentes acadêmicas, como empresariais. Em termos acadêmicos, por exemplo, temos frentes como essa, do OBCC, que apoia estudantes e dissemina conhecimento para que organizações possam consumir conteúdos relevantes para buscarem aprimoramentos, inclusive com ótimas pílulas de conteúdos no Linkedin. É o tipo de ação que ajuda a aproximar os conteúdos de boa gestão de riscos de um público profissional. Além disso, instituições como a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) ou a Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) têm se pautado cada vez mais sobre este assunto. A Aberje, por exemplo, possui uma frente de estudos de comunicação que frequentemente se debruça sobre gestão de riscos e comunicação de crises. E a ABCPública recentemente pautou um seminário para debater sobre a gestão de risco de reputação no setor público. Mas vou além disso: a própria Copa do Mundo de Futebol de Clubes da Fifa acabou pautando o tema na sociedade, com os alertas de tempestades parando jogos. Num primeiro momento, isso chegou a causar certa perplexidade nas pessoas, mas de alguma forma nos ajuda a aprender sobre como a cultura de riscos pode ser importante, inclusive em grandes eventos. Vejo o tema ser cada vez mais debatido e observo companhias atuando com aprimoramentos relevantes no dia a dia, sim. 
 
 
8. De que formas os profissionais da Comunicação podem contribuir para a área de gestão de riscos numa instituição financeira? Qual você acredita ser o papel comunicação na gestão de riscos?  
 
Como o risco de reputação possui natureza transversal, pois pode ser desencadeado por fatores ou eventos relacionados a qualquer outro risco, o papel da comunicação é semelhante a de um intermediador relevante nesses processos de gestão de riscos. O profissional de comunicação deve ter uma atuação que combine ações preventivas e reativas — e que são igualmente importantes. Ter uma estrutura preparada para agir nesses momentos é o que garante uma resposta ágil e alinhada com os valores das empresas. Neste contexto, a comunicação auxilia os “tomadores de risco”, que são todas as áreas de uma empresa, em suas tomadas de decisões que envolvam a reputação da organização, oferecendo ferramentas que ajudam a visualizar, de forma prática, os possíveis impactos à imagem institucional. O objetivo é, assim, o de orientar escolhas estratégicas que protejam e promovam os melhores interesses da instituição, seja em contratações, parcerias, ações promocionais, patrocínios e outras iniciativas. Ou seja, o papel da comunicação deve ser central na gestão de riscos, com posição junto aos principais comitês da empresa, na formulação de estratégias e também à frente de gestão de crises. 
 
  
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*Giovanni Nobile é gerente de risco de reputação no BB e diretor do capítulo Aberje Brasília. Jornalista especializado em comunicação em crises em organizações públicas e privadas e em comunicação popular e comunitária. Nos últimos 15 anos, atuou como assessor de imprensa do Banco do Brasil, além de ter passagens pela comunicação interna, planejamento e orçamento do Banco e pela comunicação integrada da Fundação BB. Foi repórter na revista Piauí e em outros jornais.