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Outras cosmotécnicas e futuros possíveis pautaram ABCiber



Conferencistas indígenas, negros e negras foram os protagonistas das duas últimas mesas do Congresso.

O final da tarde e o começo da noite da última quinta-feira, 20 de novembro, foi marcado pelas conferências de encerramento do XVI Simpósio Nacional da ABCiber, além do lançamento de livros por parte de integrantes da Associação, de conferencistas e convidados.

Na primeira sessão de encerramento, intitulada “Outras Cosmotécnicas e Futuros Possíveis”, Kátia Gualter, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), evidenciou a urgência por corporeidades girantes e a necessidade de se construir uma pluriversidade ao invés da universidade. “Eu entendo que os futuros possíveis serão construídos a partir dessas corporeidades girantes, que são as potências que atravessam, que giram, que movem e que se deslocam em tempos e espaços, e que deslocam tempos e espaços também”, destaca Kátia. Para a pesquisadora, os corpos girantes movem-se por meio dos ancestrais. “Eles vivem aqui agora, são mobilizações de memórias, e elas vivem e se deslocam e estão configurando redes”, reflete.

O antropólogo Jósimo da Costa Constan Kãdeyruy, do povo Puwanawa, também da  Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), enfatizou a necessidade uma antropologia que enfoque e veja aspectos que a antropologia tradicional não quer ver. Para Jósimo, os saberes ancestrais, as cosmotécnicas, são conhecimentos tecnológicos que povos indígenas usam e carregam até hoje, também como formas de sobrevivência. “Temos que unir conhecimentos para desconstruir, descolonizar e mostrar que os povos indígenas também tem seu modo de ver o mundo”, destaca. Para Jósimo, a educação é uma forma de transformação, e esse entendimento começou na infância, com seu pai, que é professor aposentado. “Nós, enquanto estudantes, precisamos valorizar a nossa presença na universidade”, afirma. Para ele, é necessário que os povos indígenas que ingressam no ensino superior vejam esse espaço a partir de dois âmbitos: o da prioridade do estudo e o da luta por direitos. E, para o antropólogo, essa luta passa pela garantia de alimentação, moradia, estrutura, internet, entre outros. “São coisas básicas que a Universidade deve providenciar para os alunos indígenas, para que eles permaneçam”, enfatiza.

Foto: Julian Andrey

Anderson Santos, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, da Universidade Federal de Santa Maria (Neabi – UFSM), por sua vez, ressaltou a importância de reposicionar a África no campo do conhecimento, e também de reconhecer as cosmotécnicas construídas pela diáspora africana. Um dos exemplos de saberes científicos criados na África e citados por Anderson é o da matemática, que tem sua origem no Egito. Na finalização desta primeira mesa, Joceli Sales, também da UFSM, relatou seu trabalho de preservação da cultura como uma cosmotécnica, apresentando um jogo desenvolvido para abordar questões identitárias e culturais dos kanhgangs. Ele destaca as metodologias de educação criadas para o resgate dos costumes dos povos indígenas e de respeito ao próprio povo. A mediação da mesa foi do professor da UFSM, Flávio Campos.

Já na segunda sessão (foto), mediada por Alessandra Barros Marassi (Cásper Líbero), presidente da ABCiber, Nina da Hora (UNICAMP) ofereceu um relato pessoal sobre como ela se interessou e passou a investigar o racismo algorítmico, que resultou na criação do Instituto da Hora. Ela também refletiu sobre a necessidade das implicações das nossas escolhas e decisões sobre os usos de tecnologias digitais e de Inteligência Artificial (IA). “Eu não acredito no uso de reconhecimento facial na segurança pública, porque parte de uma matriz eugenista para dizer quem é culpado por algo ou não”, destaca Nina.

Foto: Fernanda Redin Oliveira

Já Alexsandro Mesquita, do povo Potiguara da Paraíba, falou sobre a (co)criação artificial pelas populações indígenas, que utilizam IAs para (co)criar arte, evidenciando as expressões criativas dos povos indígenas: a agricultura, a economia, a educação e a espiritualidade. No entanto, para ele, as imagens geradas por IAs não são representativas da população indígena e, inclusive, reforçam estereótipos.


Notícia: Samara Wobeto e Eduardo Ruedell, bolsistas do POSCOM-UFSM
Edição: Viviane Borelli, docente no POSCOM-UFSM
Fotografias: Julian Andrey e Fernanda Redin Oliveira, bolsistas do POSCOM-UFSM

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