No próximo dia 13 de novembro, ocorrerá o lançamento do 1º álbum do Ensemble Novas Tríades da UFSM, intitulado Atemporâneo #1.
O lançamento ocorrerá durante a cerimônia de abertura do II Festival Novas Tríades, às 16h, no Auditório do SIPEH II (Prédio 74E) da UFSM.
O pré-save já está disponível através do link https://tratore.ffm.to/novastriades.
Sobre o Ensemble:
O Ensemble Novas Tríades: Conjunto de Música Atemporânea da UFSM é um grupo
musical formado por professores, alunos e ex-alunos do Departamento de Música da
Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O foco do ensemble é a
difusão da música de concerto contemporânea brasileira, em especial aquela produzida
por compositores atuantes em território gaúcho. O grupo surgiu em 2022, dentro do contexto da primeira edição do Festival Novas Tríades, organizado pelos professores Paulo Rios Filho e Arthur Rinaldi, em Santa Maria. No evento, o ensemble fez o seu concerto de estreia, apresentando as três obras que integram, agora, este álbum. O álbum Atemporâneo #1 inclui obras de três compositores de diferentes gerações: Clara Lamonaca, nascida no Uruguai em 1997 e radicada atualmente em Pelotas/RS, com sua obra a última porta de uma viatura (2022), composição que explora a construção de paisagens sonoras de desolação e violência, explorando alguns afetos sonoros relacionados à tristeza, dor e impotência. Paulo Rios Filho, nascido na Bahia em 1985 e radicado desde 2020 em Santa Maria/RS, com sua música Agueré (2022), composição vibrante que promove uma diversidade de transformações rítmicas sobre o toque do orixá Oxóssi, para construir uma espécie de ode aos instrumentos membranofones, como os atabaques do candomblé. Celso Loureiro Chaves, nascido em 1950 em Porto Alegre, com sua composição Five Cadenzas (2018), uma música que explora de maneira detalhada, ora ritmicamente feroz, ora de maneira quase meditativa, as capacidades instrumentais do contrabaixo, que exerce função de solista na obra. Ao longo de seus três anos de existência, o Novas Tríades tem se apresentado em espaços de prestígio do estado do RS, como o Anfiteatro Caixa Preta (Santa Maria), o Centro Cultural da UFRGS (Porto Alegre) e o Auditório do Instituto Municipal de Belas Artes (Bagé). O ensemble tem como missão aproximar o público geral da criação musical contemporânea e valorizar a música de concerto como expressão da diversidade cultural do RS, em diálogo com tradições e tendências emergentes. Além de fomentar reflexões sobre a contemporaneidade musical, a sua proposta é a de democratizar o acesso à música de concerto atual, promovendo intercâmbio cultural e formação de novos ouvintes, em consonância com os valores do contexto de existência do grupo, qual seja, o da universidade pública brasileira como polo produtor e difusor de arte.
Compositores:
Clara Lamonaca (1997)
Graduada em violoncelo pela Universidade Federal de Santa Maria, sob orientação da Profa. Dra. Ângela Ferrari. Estudou e desenvolveu pesquisa em Composição Musical com o Prof. Dr. Paulo Rios Filho, tendo apresentado trabalhos em eventos como o XV SIMCAM, Jornada Acadêmica da UFSM e publicado na Revista Claves (UFPB). Teve peças estreadas pelo clarinetista André Ehrlich, pela violoncelista Mélani Grenzel, pelo Ensemble Novas Tríades, pelo quarteto de violoncelos da UFSM e pelo Quarteto Suassuna. Como violoncelista, participou de festivais como 36o Festival Internacional de Inverno da UFSM, com Hugo Pilger (UNIRIO); 22o Encontro de
Violoncelos do RS, com Nuria Rosa Muntañola (Espanha); 23o Encontro de Violoncelos do RS, com Elise Pittenger (UFMG); VII Gramado In Concert – Festival Internacional, com Fábio Presgrave; 37o Festival Internacional de Inverno da UFSM, com Fábio Presgrave (UFRN); e participa da organização dos Encontros de Violoncelo do Rio Grande do Sul desde 2020. Em 2023, foi chefe de naipe dos violoncelos da Orquestra
Parassinfônica de São Paulo. Em 2023, foi premiada na XXV Bienal de Música Contemporânea Brasileira, com seu quarteto de cordas palavras não me são familiares, sobre sua experiência como pessoa autista. Desde 2023, é violoncelista residente da Imersão em Composição do Instituto Brasileiro de Ópera Contemporânea. Desde 2024 é professora de violoncelo da Orquestra Jovem do SESC-RS.
Celso Loureiro Chaves (1950)
é professor aposentado da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde lecionou Composição e História da Música. Entre suas obras estão Estética do Frio I, II, III e IV, para diversas formações instrumentais, Estudo paulistano para piano mão esquerda, Portais e abside, para violão, e Museu das coisas inúteis para violino e orquestra, estreada pela OSESP em São Paulo e pela
Orquestra Gulbenkian em Lisboa. Tem doutorado em composição musical pela University of Illinois e é autor do livro Memórias do pierrô lunar.
Paulo Rios Filho (1985)
é doutor em composição musical pela Universidade Federal da Bahia. Suas obras têm sido apresentadas em diversos estados brasileiros, além de Portugal, Venezuela, Argentina, Holanda, Alemanha, EUA, Espanha, Rússia, Noruega e Suíça. Tem colaborado com importantes grupos musicais, como o Nieuw Ensemble (Holanda), ICE e Orpheus Ensemble (EUA), além de Ensemble Modern (Alemanha).
Atualmente, é professor de composição da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde ajuda a dirigir o Ensemble Novas Tríades e atua como líder do grupo de pesquisa “CM.ÊPA! – Criação musical, experimentação e pesquisa artística” (UFSM/CNPq).
Sobre as obras:
Celso Loureiro Chaves – Five Cadenzas (2018)
A origem de Five Cadenzas (2018), para contrabaixo, flauta, vibrafone, piano e percussão,
é Visitações (1983), para contrabaixo e orquestra. Composta por encomenda de Eleazar
de Carvalho, Visitações foi dedicada e estreada por Milton Romay Masciadri, um dos
músicos mais completos que já conheci. A peça era, na verdade, um conjunto de cadenzas
em busca de um concerto e, em 1988, incentivado por Alex McHattie, meu colega no
doutorado em Illinois, transformei-as em algo que chamei Five Cadenzas. Ainda não era
a versão definitiva: a instrumentação era maior, atendendo ao que se fazia em Illinois
naqueles tempos. Não houve estreia e a peça ficou esquecida até que Diogo Baggio se
interessou por ela em seu trabalho de doutorado. Inspirado por Diogo, reinstrumentei Five
Cadenzas e, em 2018, considerei a peça pronta e finalmente, depois de 30 anos, a obra
estreou como aquilo que deveria ter sido desde o princípio – uma peça para contrabaixo
solista, com comentários e contextos fornecidos por um pequeno grupo de instrumentos,
em cinco movimentos – as cinco cadenzas de Visitações. O primeiro movimento (Cadenza
I) sublinha uma das células básicas da obra, oitava descendente-semitom ascendente. A
Cadenza II, mais rítmica, apresenta outra célula básica, quinta ascendente-tom
descendente-quinta descendente-tom ascendente. O centro moral da obra é o terceiro
movimento (Cadenza III), muito breve em tempo, muito sereno em meditação. O terço
final da peça são as Cadenzas IV e V, uma privilegiando a flauta, a outra rememorando
algo que já se ouviu. Os três últimos compassos de Five Cadenzas foram recompostos em
julho de 2022, fechando o ciclo composicional iniciado muitas décadas antes. (Celso
Loureiro Chaves, fevereiro de 2025)
Clara Lamonaca – a última porta de uma viatura (2022)
a última porta de uma viatura foi composta por convite do Prof. Paulo Rios Filho, que,
em 2022, entrou em contato para que eu escrevesse algo que seria tocado no evento Novas
Tríades pelo Conjunto de Música Atemporânea da UFSM. Já existia a ideia de compor
algo sobre violência policial: é um tema presente no meu cotidiano – e que não tem como
não ser presente, considerando os índices altíssimos de letalidade por parte da polícia
brasileira. Especificamente nessa peça, esse ímpeto foi suscitado pela tortura e assassinato
de Genivaldo Santos por membros da Polícia Rodoviária Federal do Sergipe. Genivaldo
foi assassinado em maio de 2022 e, até o momento de estreia da peça, em setembro,
nenhum dos três policiais tinha sido preso — a demissão deles da corporação só ocorreu
um ano após o assassinato. Em a última porta de uma viatura, tentei imaginar o entorno
sonoro dessa abordagem. Através da imaginação da ecologia desse acontecimento, surgiu
a ideia de tentar representar esse ambiente sonoro de pontos de observação diferentes.
Como alguém que está passando ouve o acontecimento? Alguém que estava dentro de
casa, dentro de um carro, alguém que estava ali do lado? E, além disso, quais os elementos
sonoros que vão ficar na memória dessas pessoas? Emocionalmente, um evento
traumático faz com que a pessoa lembre nitidamente de algumas coisas e de outras não.
A peça acontece em três partes, portanto: uma imitando o efeito Doppler, (que é o efeito
de distorção sonora causada pelo deslocamento da fonte do som em relação ao
observador), uma seção de respiração e uma seção de lamento. (Clara Lamonaca,
fevereiro de 2025)
Paulo Rios Filho – Agueré (2022)
Agueré é o toque de Oxóssi, orixá da caça, da fartura e da comunidade, no candomblé
ketu. A composição Agueré (2022) é, assim, um esforço particular de arranjo poético da
força e da energia de Oxóssi, a partir da manifestação rítmica de seu toque. Isso se dá a
partir da expansão da ideia básica de três ataques, na primeiro célula da clave, mais dois
ataques, na segunda, que pode ser escutada no gâ, mais o dobramento característico do
primeiro ataque de cada célula dessa mesma estrutura, que pode ser notado nas partes do
Hunpi e do Lé. As frases do Hun, tais quais transcritas por Rafael Palmeira (Revista
OPUS, v. 27 n.2 de 2021), a partir da interpretação de Iuri Passos, são levemente
modificadas e encaixadas em estruturas métricas diversas. Para compor Agueré, tais
devaneios rítmicos juntam-se a transformações harmônicas e a momentos de citação
literal da canção Odékomodorodé, para se contrapor a momentos de intervenção vocal
dos músicos, que sussurram e gritam “milho, trigo, trago!” e recitam uma pequena ode
aos membranofones do candomblé, que cantam para Oxóssi e para tantos outros seres.
(Paulo Rios Filho, setembro de 2023)
FICHA TÉCNICA
Ficha Técnica UFSM
Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva
Vice-Presidente da República: Geraldo Alckmin
Ministro da Educação: Camilo Santana
Reitor: Luciano Schuch
Vice-Reitora: Martha Adaime
Pró-Reitor de Extensão: Flavi Ferreira Lisboa Filho
Pró-Reitora Adjunta de Extensão: Dra. Jaciele Carine Vidor Sell
Coordenadora da Coordenadoria de Cultura e Arte: Vera Lúcia Portinho Vianna
Diretor do Centro de Artes e Letras: Gil Roberto Costa Negreiros
Vice-Diretora do Centro de Artes e Letras: Andreia Machado Oliveira
Chefe do Departamento de Música: Jaime Renato Serrano Muñoz
Coordenador do Curso de Música: Paulo Oliveira Rios Filho
Coordenador do Curso de Música e Tecnologia: Pablo da Silva Gusmão
Ficha Técnica Ensemble Novas Tríades
Arthur Rinaldi, regência (Five Cadenzas)
Paulo Rios Filho, regência (Agueré, a última porta)
Marina Montero, flauta (Agueré, Five Cadenzas)
Lucius Mota, oboé (Agueré, a última porta)
Glaubert Nüske, fagote (Agueré, a última porta)
Diogo Baggio, contrabaixo (Agueré, a última porta e solista em Five Cadenzas)
Claudia Deltregia, piano (Agueré, a última porta e Five Cadenzas)
Gilmar Goulart, percussão e vibrafone (Agueré, a última porta e Five Cadenzas)
Lucia de Oliveira, percussão (Agueré, a última porta e Five Cadenzas)
Lara Montero, produção executiva
Ficha técnica do álbum
A gravação do álbum foi inteiramente realizada entre os dias 22 e 24 de Junho de 2024,
no palco do Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria, em Santa
Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Paulo Rios Filho: produção musical e executiva, edição de áudio (Agueré, a última porta).
Arthur Rinaldi: produção musical e executiva, edição de áudio (Five Cadenzas).
Glaubert Nüske: produção executiva.
Lara Montero: coordenação de ensaios, produção de palco, registro e divulgação.
Guilherme Barros: coordenação de gravação de áudio, captação de áudio, mixagem e
masterização.
Luiz Vinícius Costa: assistente de gravação de áudio.
Patricio Orozco Contreras: coordenação de gravação de áudio e vídeo, captação e edição
de vídeo, direção de fotografia.
Arthur Reckelberg, Mateus Beledelli e Jordiel Casali Biniek: captação e edição de vídeo.
João Vitor Azevedo: assistente de palco e captação.
Tiago Quintana: assistente de palco e captação.
Gabriel Forgiarini: assistente de palco e claquete.
Fotografia do encarte: Patrício Orozco Contreras
Design gráfico: Larissa Taís Ferreira
Siga o Ensemble Novas Tríades nos seguintes canais:
Site: ufsm.br/grupos/ensemblenovas
Email: novastriades.ensemble@ufsm.br
Instagram: novas.ensemble.ufsm