Centro de Educação celebra legado do educador com a nomeação do Jardim das Esculturas “Prof. Dr. Jorge Luiz da Cunha”
Na tarde do dia 7 de maio, o Centro de Educação da UFSM viveu um momento de grande emoção ao homenagear o professor Jorge Luiz da Cunha, falecido em 2024, com a nomeação oficial do Jardim das Esculturas Prof. Dr. Jorge Luiz da Cunha. A cerimônia contou com discursos, descerramento de placas e o plantio simbólico de um ipê-roxo — gesto que representou o enraizamento de seu legado acadêmico e humano na universidade.
Legado acadêmico e humano
Natural de Roca Sales (RS), Jorge Luiz da Cunha teve uma trajetória brilhante como historiador, gestor, pesquisador e professor. Com doutorado na Alemanha, atuou na UFSM desde 1996, liderando pesquisas sobre História da Educação, Memória e Migração, além de coordenar o grupo CLIO e o Programa de Ações Afirmativas. Também teve papel fundamental na criação da UNIPAMPA e na expansão do ensino superior no país com o REUNI.
Imagem de 1999.
O Jardim das Esculturas
De 1997 a 2005, Jorge foi Diretor do Centro de Educação, trabalhando na consolidação e expansão dos programas do CE e idealizando o Jardim das Esculturas.
O Professor José Francisco Flores Goulart, um dos idealizadores e responsável pela revitalização do Jardim, relatou que Jorge, então Diretor, após ver o projeto inicial de uma praça , queria mais, expressando seu gosto pelas artes e, em particular, pela escultura, chegando a mencionar ter um irmão escultor.
Isso levou à ideia de instalar esculturas no espaço e renomeá-lo como Jardim das Esculturas. O jardim foi concebido com caminhos não lineares e esculturas que possibilitam um olhar múltiplo, singular, variante e desacomodado, como o próprio conhecimento e os encontros com o professor.
O Professor José Francisco, em nome dos escultores, agradeceu a Jorge pela oportunidade de contribuírem com sua arte neste espaço. As administrações seguintes continuaram o legado de acreditamento do jardim como espaço de convívio e reflexão.





Entre 2005 e 2010, Professor Jorge Luiz da Cunha foi Pró-Reitor de Graduação, coordenando o REUNI e o Programa de Ações Afirmativas da UFSM . Ele se destacou pelo trabalho em prol da inclusão e equidade no ambiente universitário , defendendo as políticas afirmativas com muito diálogo. A Professora Maria Rita P. Dutra o descreveu como um grande aliado em relação às cotas, expressando gratidão por ter convivido com ele como orientanda e aprendido muito com sua vitalidade, humanismo e amorosidade. A Professora Marilene Gabriel Dalla Corte, Diretora do CE, reforçou que ele iniciou a política institucional de ações afirmativas na UFSM.
Depoimentos de colegas e orientandos, como Maria Rita Dutra e João Heitor Macedo, ressaltaram a profunda marca deixada pelo professor Jorge em suas vidas, tanto como educador quanto como ser humano. “Ele nos ensinava com humanidade cotidiana, muito além da sala de aula”, disse Maria Rita.
Sua influência se fez sentir na implantação da UNIPAMPA, como membro da comissão do MEC entre 2006 e 2008, e na inauguração de Cátedras de Cultura Brasileira no México em 2014, em reconhecimento ao seu prestígio internacional.
Ao longo de sua carreira, publicou diversos trabalhos, orientou inúmeros estudantes e formou gerações de historiadores e educadores. Sua pesquisa sobre a História das Migrações, especialmente a imigração alemã no Brasil, resultou em contribuições significativas, sendo sua tese de doutorado um marco nos estudos sobre o tema.
Como docente, foi descrito por seus alunos e colegas como um mestre dedicado, acolhedor e aberto ao diálogo, com capacidade única de transmitir conhecimento de maneira clara e envolvente. Sua presença no CE era um ponto de referência para conhecimento e reflexão crítica.

Depoimentos que emocionaram
Diversos colegas e ex-alunos trouxeram à tona o lado humano do professor Jorge.
“Ele não só formou pessoas. Ele formou pessoas transformadoras.”
— Professora Martha Adaime, vice-reitora da UFSM
“Jorge era o amigo, o conselheiro, o ser humano. Ele ensinava com a vida.”
— Maria Rita Dutra, professora e orientanda de longa data
“Um jardim para circular ideias, descansar a alma e lembrar do Jorge.”
— José Francisco Goulart, idealizador do espaço
Um dos momentos centrais foi o descerramento das placas, realizado pela Vice-Reitora, Pró-Reitores, Diretora e Vice-Diretor do CE, Professor João Heitor representando o Povo de Clio e familiares.
Houve também a entrega de uma placa de agradecimento ao trabalho do Professor José Francisco Flores Goulart no Jardim das Esculturas e um buquê de flores à família.
A solenidade culminou com o plantio simbólico de um ipê roxo, um gesto que representa não apenas a homenagem, mas também o enraizamento de valores como memória e legado do Professor Jorge Luiz da Cunha. Para o Povo de CLIO, a homenagem faz com que eles se sintam também homenageados, sabendo que a presença de Jorge está ali conosco. A Professora Marilene Gabriel Dalla Corte destacou que o jardim é onde se quer encontrar o Jorge, lembrar dele, conversar, rir, e que ele permanece entre nós a partir de tudo que plantou.
Com sua partida, a UFSM e o CE perderam um professor, pesquisador e líder brilhante, mas a renomeação do Jardim das Esculturas e as lembranças compartilhadas asseguram que seu legado de integridade, generosidade e dedicação incansável ao conhecimento continue a inspirar a comunidade acadêmica.
Texto: Alessandra Alfaro Bastos – Núcleo de Comunicação do Centro de Educação
Imagens: Acervo Centro de Educação