Foi realizado na última quarta-feira (19) um encontro que encerrou a primeira etapa do Ciclo de Debates que percorre o Rio Grande do Sul para esclarecer as mudanças trazidas pelas Instruções Normativas (INs) 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). As regras estão em vigor desde 30 de maio e alteram a forma de produção, coleta e armazenagem do leite cru. O encontro ocorreu no auditório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e reuniu diversos produtores de leite da região, que foram em busca de informação prestada por especialistas.
O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, abriu o debate ressaltando a importância dos encontros que geraram esclarecimentos e proporcionaram novos caminhos para que os integrantes da cadeia produtiva possam atender às exigências do Ministério da Agricultura. “Observar questões como certificação do leite para tuberculose e brucelose agrega qualidade e benefício a toda a cadeia e diz respeito à saúde pública”, alertou. O dirigente também apresentou números que revelam a liderança do setor leiteiro gaúcho nas indenizações do Fundesa no primeiro trimestre deste ano. Foram R$ 1,07 milhão em contribuições, R$ 1,079 milhão em investimentos setoriais e R$ 24, 8 milhões de saldo até 31 de março.
O desempenho da cadeia no Fundesa está diretamente ligado aos resultados do Programa Mais Leite Saudável, implementado em 2017 pelo Ministério da Agricultura e que visa certificar processos dentro das propriedades rurais e que hoje já soma mais de 30 mil produtores beneficiados, conforme apresentou o médico veterinário do Mapa, Roberto Lucena. Em âmbito regional, a Lei do Leite, criada de forma pioneira no país, foi destacada pela médica veterinária da Secretaria da Agricultura do Estado Karla Pivato. A especialista lembrou que a lei 14.835/2016 foi criada para dar maior transparência na produção, coleta, transporte e recepção do leite para a indústria.
O depoimento ficou a cargo do produtor Ari Busanello, de Boa Vista das Missões. Preocupado em se adequar aos parâmetros de qualidade, já iniciou a implantação de ordenhadeiras robotizadas em sua propriedade. Outro investimento recente foi em umcompost barn, que atualmente abriga 80 vacas. “Ou investia ou parava de trabalhar”, contou o produtor. Outro exemplo positivo veio da professora da UFSM Ione Pereira Velho, que falou sobre os resultados obtidos na Escola Técnica Estadual Celeste Gobbato, instituição de Palmeira das Missões que reúne 318 alunos de 51 cidades. Segundo ela, os animais da Escola Técnica já produzem dentro dos padrões exigidos pela legislação, e citou exemplo da CBT, cuja média de vários anos está em 37,03 mil UFC/ml e, em CCS, de 271 mil/ml.
A veterinária do Mapa, Milene Cé, lembrou que as mudanças chegam para beneficiar os consumidores, que, por meio das Instruções Normativas, terão à disposição produtos de vida mais longa nas prateleiras. Neste sentido, ela salientou que a interrupção da coleta do leite não adequado às normas não se dará imediatamente após o primeiro resultado negativo. Mas, sim, após um cálculo médio baseado em três meses de coleta.
O encontro encerrou com uma mesa redonda, cujo objetivo foi responder as dúvidas dos participantes que acompanharam o evento presencialmente ou através do Facebook do Sindilat. A reunião foi promovida pela Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no Estado (Mapa/RS), Secretaria da Agricultura, Sindilat, Apil, Famurs, Sistema Farsul, Fetag, Sistema Ocergs, Emater, Embrapa, Conseleite, Gadolando, Associação dos Criadores de Jersey, Fecoagro, Simvet, CRMV/RS, Corede Rio das Várzeas, Escola Técnica Celeste Gobbato e Prefeitura Municipal de Palmeira das Missões.
Com informações das JornalistasCarolina Jardine, Thaíse Teixeira e Luciana Radicione