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A coerência entre o ser e o parecer no jornalismo

por Paola Jung



Você já viu o estudo que diz que apenas meio segundo já é o suficiente para formar a sua primeira impressão a respeito de uma pessoa? O estudo conduzido pela Universidade de Glasgow pediu para que mais de 300 pessoas relatassem suas impressões após ouvir 64 gravações diferentes de pessoas dizendo “olá”. Ao final, a maioria teve as mesmas opiniões, com um julgamento formado entre 300 e 500 milésimos de segundo.

Podemos relacionar esse rápido julgamento com os conceitos da Análise do Discurso da Escola Francesa, estudos que iniciaram em 1960. Nessa ótica, a construção da imagem social de uma pessoa está ligada à retórica como fonte persuasiva, ou seja, o que o sujeito fala deve estar alinhado com a sua imagem e com os seus posicionamentos ideológicos, para fazer sentido e produzir um efeito de convencimento (PISA et. al, 2018).

Aqui entra também a noção de ethos, já que o fato do locutor ter ou não certas características tornam o seu discurso mais ou menos aceitável pela audiência. Quando há uma quebra de expectativa entre a aparência e a forma como a pessoa age, pode existir um refutamento de suas declarações. Ethos é um termo inicialmente ligado à vem de Aristóteles, que significa personagem, o qual se entende como uma imagem que o locutor constrói em seu discurso para persuadir o seu alocutário, e nesse sentido, todo o ato de tomar a palavra implica na construção de uma imagem de si. Esse ethos pode ser dito explicitamente, ficar implícito ou se demonstrar na escolha de não dizer. 

A partir disso, podemos pensar em vários exemplos, inclusive no campo jornalístico. Um estudo importante sobre a credibilidade no contexto do Jornalismo foi desenvolvido por Silvia Lisboa, em seu doutorado na UFRGS. No texto publicado na revista Estudos de Jornalismo e Mídia em 2017, ela e a professora Marcia Benetti discutem que a credibilidade é elaborada por alguém, em uma relação intersubjetiva baseada em fatores éticos e morais. Nesse caso, a credibilidade seria acionada como uma expectativa sempre que um texto for percebido pelo interlocutor como sendo jornalístico. Esta pode ser dividida em duas dimensões: credibilidade constituída e credibilidade percebida, sendo que a primeira é a visão do orador e a segunda é a percepção do interlocutor. Ou seja, espera-se por parte do jornalismo criar uma imagem entre os pilares da verdade para que isso reflita no interlocutor a confiança e a credibilidade. 

Assim, podemos refletir que os conceitos estudados pela Análise do Discurso e pelo Ethos estão presentes a todo o instante em nossas vidas. Até mesmo na construção e no consumo de produtos jornalísticos, os quais necessitam ter uma coerência entre como se apresentam e como são percebidos, para que exista de fato uma relação de sentidos entre produtores e interlocutores. 

Referências:

LISBOA S; Benetti, M. Estudos em Jornalismo e Mídia. Vol.14, N. 1. Janeiro a Junho de 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1984-6924.2017v14n1p51

PISA, L.F., MOREIRA, R. e VIZIBELI, R. Análise do Discurso: conceitos e aplicações, Pouso Alegre: IFSULDEMINAS – Lume Editora, 2018.

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