Lançado recentemente, o aplicativo BUFSM já conta com centenas de usuários assíduos no campus da Universidade. Com ele, é possível rastrear em tempo real a localização do transporte intracampus da UFSM, facilitando a vida de quem utiliza o ‘businho’ com frequência. Mas como foi possível essa ideia ser colocada em prática? E como funciona essa tecnologia?
O professor do Departamento de Eletrônica e Computação Marcelo Zanetti e os acadêmicos de Ciência da Computação Matheus Dal Mago, Matheus Piotroski Neis e Matheus Rabuske, que participaram do desenvolvimento do BUSFM, ressaltam a tecnologia Lora como fundamental para a criação do aplicativo: “Foi um desafio para todos nós. Quando começamos a utilizar o sistema Lora, ele só existia em um outro lugar do Brasil, em Ijuí. É uma rede de longo alcance, que recebe pequenos pacotes de dados e tem um consumo baixo de energia”, explica Matheus Dal Mago.
Matheus Piotroski conta que a ideia inicial do grupo era utilizar redes móveis de celular para apontar a localização do veículo. No entanto, diversos problemas operacionais quase fizeram o projeto não sair do papel: “Seria necessário ter um chip dentro do ônibus com um plano de dados ativo, que teria de ser pago mensalmente. Além disso, a precisão do rastreio apresentou várias falhas e o consumo de energia era muito alto”, conta Piotroski.
O desenvolvimento do BUFSM foi possibilitado a partir do conhecimento da existência da tecnologia Lora. “Eles puderam aproveitar uma infraestrutura que já existia aqui na Universidade. Há uma antena instalada no topo da Reitoria, o que baixou significativamente os custos do projeto, já que não é necessário pagar um plano de dados, além de ser uma estrutura que consome menos energia”, comenta o professor Marcelo Zanetti.
Entenda como funciona a tecnologia por trás do BUFSM:
O Futuro
Com o BUFSM em funcionamento, as possibilidades de expansão dessa tecnologia são inúmeras. Dal Mago afirma que o grupo está aberto a melhorias na estrutura do aplicativo: “O objetivo é exatamente esse: incentivar outros projetos que facilitem ainda mais a vida dos estudantes”.
O Centro de Processamento de Dados (CPD) destacou, em nota, que há interesse em agregar a localização do ônibus intracampus ao aplicativo UFSM Digital. Não há, contudo, uma previsão de quando isso pode acontecer. Piotroski garante que o BUFSM está aberto à possibilidade: “não conversamos com o CPD sobre isso, mas se houver interesse da parte deles, daremos total apoio”.
O Grupo de Estudos em Mobilidade (GeMob), que apoiou o desenvolvimento do projeto, tem interesse na utilização dos dados coletados pelo aplicativo para o desenvolvimento de propostas de melhorias do transporte dentro da UFSM. Matheus Piotroski explica como isso pode acontecer: “O aplicativo coleta informações anônimas sobre o local e o horário em que o aplicativo é aberto, e o GeMob tem interesse em utilizar essas informações para saber quais os centros que mais utilizam o transporte, quais os horários de maior fluxo, quanto demora uma volta completa, quais mudanças acontecem em dias de chuva, entre outras coisas”. O acadêmico ainda ressalta que as informações coletadas não interferem na privacidade do usuário: “O aplicativo pede permissão para coletar esses dados. Caso seja negado, ele segue funcionando normalmente”.
Outra possibilidade de expansão da tecnologia trazida pelo BUFSM é sua utilização no transporte coletivo municipal. O professor Marcelo Zanetti se mostrou otimista com essa questão: “Existem aplicativos similares em diversos outros países. Esperamos que o BUFSM possa ser um incentivo para que isso aconteça por aqui em breve”. Em nota, a Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU) afirmou que essa iniciativa depende das empresas participantes do consórcio e, no momento, não há recursos para que isso chegue à totalidade da frota.
As últimas coletas de dados feitas pelo aplicativo mostram que cerca de 550 usuários abrem o BUFSM diariamente. A estudante de Relações Públicas Isadora Severo relata que sua relação com o transporte intracampus da UFSM melhorou: “O serviço prestado já é bom, e a possibilidade de saber a localização exata dele é um incentivo ainda maior para utilizá-lo com frequência”. Já o acadêmico de Jornalismo Leonardo Catto ressalta que o aplicativo é ideal para dias de chuva: “possibilita que não haja uma espera excessiva do lado de fora do prédio. É só abrir o celular, conferir onde o ônibus está e ir até a parada no horário certo”.
A localização do “businho” pode ser acessada a partir do navegador de um computador ou de um aparelho Android ou iOS. Para utilizá-lo como aplicativo é só adicionar o link “https://bufsm.github.io” à tela inicial do seu celular. Confira mais informações na página do Facebook do grupo.
Repórter: Lucas Gutierres, do Núcleo de Divulgação Institucional do Centro de Tecnologia da UFSM
Fotografia: Rafael Happke
Infográfico: Pollyana Santoro