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Maternidade no contexto da pandemia

Quais são as consequências do isolamento para a saúde física e mental de mães e bebês



Consequências do isolamento para a saúde física e mental de mães e bebês

Como é ser mãe em meio à pandemia? Só o fato de gerar um bebê, mesmo com os cuidados e as orientações do pré-natal, já provoca ansiedade. Imagina durante a maior crise sanitária do século XXI. Essa é uma das preocupações do projeto de pesquisa do grupo Exercício e Saúde Mental da UFSM, do Centro de Educação Física e Desporto, que conta com a participação de 65 mulheres.

O grupo de ensino e pesquisa, coordenado pelo professor Felipe Barreto Schuch, é conhecido por investigar os benefícios da atividade física para a saúde mental. No atual estudo, o foco é a alteração da rotina e as consequências na saúde física e mental das gestantes, bem como os comprometimentos no desenvolvimento motor dos bebês.

“Essa pesquisa é importante para pensarmos em estratégias de promover a atividade física, por meio de aconselhamento, orientações, escuta qualificada”, explica a co-orientadora da pesquisa, Ariadine Rodrigues, educadora física e mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física.

Conforme a pesquisadora Ariadine, gestantes e mães que ganharam bebê no último ano são convidadas a responder um questionário online. O instrumento de pesquisa identifica qualidade de vida das famílias, sinais de depressão e ansiedade das mães, cuidados e variedade de estímulos oferecidos às crianças na primeira infância

“Ao observar o número imenso de registros de recém-mães durante a pandemia, principalmente no Instagram, me questionei como seria vivenciar a maternidade na pandemia causada pelo Sars-cov-2 e os possíveis reflexos nos filhos e filhas”, conta a estudante Mayara Lindorfer, do curso de Fisioterapia, uma das idealizadoras da pesquisa.

Riscos da gravidez durante a epidemia do novo coronavírus

Segundo artigo publicado no periódico JAMA Psychiatry, a saúde mental materna é um termômetro da pandemia e soluções imediatas devem ser buscadas. Mulheres grávidas fazem parte dos grupos de risco da Covid-19, assim como idosos e pessoas com comorbidades, como diabetes, pressão alta e tuberculose. Durante a gestação, as mulheres ficam mais vulneráveis devido ao estresse, à mudança de humor e à ansiedade.

A pandemia trouxe novos fatores de preocupação, como o receio de contrair o vírus durante os procedimentos de rotina. Para que isso não ocorra, existem protocolos de biossegurança indicados para as instituições de saúde e recomendações, como as da Fiocruz, para que as gestantes sejam atendidas e recebam as orientações adequadas do pré-natal.

Ainda que os estudos acerca dos efeitos da Covid-19 em grávidas sejam recentes, sabe-se que gestantes são mais prováveis de necessitar cuidados intensivos no tratamento da doença – segundo revisão sistemática do PregCOV-19 Living Systematic Review Consortium  publicada no periódico BMJ.

Comorbidades pré-existentes, maior massa corporal e idade avançada são fatores que podem ameaçar as mães que contraem o vírus. Além disso, as gestantes infectadas podem ter parto prematuro ou  pré-eclâmpsia, complicação potencialmente perigosa, caracterizada pelo aumento da pressão arterial da gestante. Já os riscos ao bebê dependem da gravidade do quadro da mãe.

Gestante teve covid-19 antes de engravidar

A produtora de conteúdo Lauryen Américo deu à luz a Louise nesta quarta (6), com 38 semanas. Pouco antes de descobrir a gravidez, sentiu-se indisposta e ficou de cama por três dias. Ela procurou atendimento por suspeitar de Covid-19, mas como ainda não havia testes disponíveis pelo SUS, mandaram-na para casa. 

Depois, ficou 15 dias sem sentir cheiro nem gosto, e acabou por ter a confirmação de que estava contaminada. “Aquela primeira semana que eu estava doente fiquei na casa dos meus pais. Por incrível que pareça, não passei para eles. Após isso, meu obstetra disse que estava tudo bem, e que não teria riscos para a criança”, comenta.

No âmbito financeiro, Lauryen conta que não sentiu tanto impacto em relação à pandemia. Atualmente ela trabalha com produção de conteúdo para Instagram e Youtube, inclusive sobre a gestação no perfil @louisebylau. 

“A única angústia que tive foi que eu recém tinha voltado da Austrália. Morei lá por seis anos. E eu não pude sair, nem conhecer pessoas novas aqui no Brasil, então me senti muito sozinha. Por ser mãe solteira, foi bem complicado no início, mas agora já estou bem mais feliz”, desabafa.

A recém mãe permitirá apenas a visita de seus pais e de amigos próximos, com o máximo de cuidado e sem aglomeração. 

Família conhece bebê só por fotos

Alegria e medo: Crisciane Werbes Wesner Bevilaqua conta que esse foi o processo de gestação e do nascimento da pequena Emília, que está com 5 meses. Com o pré-natal completo, ela relembra os períodos de consultas. Apesar dos cuidados necessários em relação ao coronavírus, o receio era constante: medo de pegar em papéis, de encostar em portas e bancadas. Foi com diversas restrições e muita ansiedade pelo desenvolvimento da filha que Crisciane se manteve cuidadosa durante a gestação.  

“O parto ocorreu da mesma forma, nós agendamos a data com o obstetra que me acompanhou desde o início e tivemos todos os cuidados necessários. O andar da maternidade do Hospital de Caridade estava seguro, com limpeza completa da área, profissionais cuidadosos e sempre protegidos”, relata.  

Ainda que com condições diferentes, Crisciane contou com a companhia do marido durante o procedimento. O Ministério da Saúde permite que haja um acompanhante presente até mesmo se a mulher estiver positiva para o Sars-Cov-2. Existem apenas duas ressalvas: não haver revezamentos e o visitante não pertencer a nenhum grupo de risco. O parto normal também pode ser realizado em mães infectadas, caso elas não apresentem nenhuma complicação. 

Após o parto, Crisciane explica que contou com a ajuda de seu marido e de sua mãe, enquanto o resto da família conheceu o bebê através de fotografias. Ainda assim, a dualidade continua: por um lado, risos e gargalhadas, causadas pelo desenvolvimento de sua filha; por outro, angústia e incerteza, sentimentos presentes em cada passo da rotina do casal. 

Expediente

Repórter: Milena Camilo, acadêmica de Jornalismo da UFN e estagiária

Ilustradora: Yasmin Faccin, acadêmica de Desenho Industrial e estagiária

Mídia Social: Nathalia Pitol, acadêmica de Relações Públicas e bolsista

Editora de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Editor Geral: Maurício Dias, jornalista

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