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O Passado da Pesquisa na UFSM

Inovação e internacionalização foram elementos-chave para o estabelecimento da produção científica na Universidade



Classificada em 15º lugar entre as universidades do Brasil no ranking geral de 2021 da Scimago Institutions Rankings, a Universidade Federal de Santa Maria tem uma história marcada por pioneirismos e por sua grande representatividade no âmbito nacional e internacional de educação. O ranking, que levou em consideração 7.533 instituições, tem como fonte o Scopus (um banco de dados de resumos e citações de artigos para  jornais e revistas acadêmicas). As classificações levantadas para a análise foram referentes à pesquisa, sociedade e inovação.

No âmbito da pesquisa – o qual contemplava o volume, o impacto e a qualidade dos resultados –, a UFSM se encontra em 334º lugar. Em comparação com o seu contexto (uma seção oferecida pelo site que posiciona as instituições a partir da localização geográfica e de realidades semelhantes), a sua posição entre as universidades foi a de 16º lugar, e a de 11º entre as do Brasil. Esses resultados podem ser considerados um reflexo do passado da instituição. Nele, a pesquisa foi um aspecto que continuamente teve destaque, desde a época das idealizações do que seria a Universidade, do seu desenvolvimento e expansão científica, chegando, por fim, até a UFSM que vivemos hoje.

As bases fundadoras

Fundada como Universidade de Santa Maria (USM) pelo professor José Mariano da Rocha Filho em 1960, representou um passo em direção à democratização do acesso à universidade no Brasil: foi a primeira universidade federal no interior do país. Até então, as instituições estavam localizadas em sua maioria nas capitais e, por motivos históricos e geográficos, nos litorais. Ainda assim, a localização central da cidade de Santa Maria em relação ao estado do Rio Grande do Sul foi um fator importante para incitar a criação de uma universidade no coração do estado.

A comunidade santa-mariense, que vivenciava em seu dia a dia o iminente crescimento econômico e social da cidade, também teve uma parcela de participação. Além dos diversos investimentos advindos de diferentes setores da cidade, em 1948 foi criada a Associação Santa-Mariense Pró-Ensino Superior (ASPES), que serviria como força política direcionada à implantação das faculdades que permitiriam a criação da Universidade. A imprensa também era um espaço que proporcionava visibilidade e estímulo aos empreendimentos, relatando os  acontecimentos que marcaram o desenvolvimento desse processo.

Na época, a cidade contava com a Faculdade de Farmácia, dirigida por Mariano da Rocha, a qual seria posteriormente incorporada à Universidade de Porto Alegre. Isso proporcionou, a partir de 1950, a presença do professor no Conselho Superior da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o que representaria o primeiro passo para a criação de outros cursos em Santa Maria. 

A conexão do primeiro reitor da UFSM com a instituição da capital foi fundamental, pois seria a partir de suas vivências como líder estudantil e professor que surgiriam muitos dos eixos formadores da educação e da pesquisa na UFSM. Em 1960, ocorreria a criação oficial da Universidade Federal de Santa Maria, na época, contando com quatro cursos: Farmácia, Medicina, Odontologia e o Ensino Politécnico. Em seu projeto fundador, existiam quatro principais eixos: a democratização do acesso à universidade; a territorialidade; o compromisso social e a cidadania; e a inovação e internacionalização – aspecto que norteou a pesquisa da Universidade.

Inovação e internacionalização

Desde os princípios fundadores da UFSM, a pesquisa foi considerada um elemento formativo da instituição. O acesso a equipamentos  tecnológicos avançados e a visão de mundo cosmopolita foram aspectos transpostos à Universidade, decorrentes da preocupação com a investigação científica, por parte do reitor fundador.

Antes mesmo de a UFSM ser criada (ou seja, no período de funcionamento de apenas algumas faculdades), a inovação que Mariano da Rocha tanto buscava se estabelecia, entre outras formas, através da internacionalização. Com a vinda de renomados professores das mais diversas áreas do conhecimento, seriam criados projetos que colocariam a Universidade em destaque nacional e mundial, e que também resultariam na criação de cursos de pós-graduação.

Para o professor dos programas de pós-graduação em Educação e em História, Jorge Luiz da Cunha, que também é coordenador do Núcleo de Estudos sobre Memória e Educação, esse é um dos aspectos mais interessantes referentes à criação da Universidade, na medida em que ele promoveu a diversidade dentro da instituição: “Ainda que fosse a primeira universidade no interior de um estado brasileiro, o projeto original previa uma expansão transnacional, abrindo vagas para pessoas que viessem de qualquer país da América (especialmente da América do Sul) e que pudesse construir uma consolidação de padrões de formação de cultura a partir da educação que garantisse a democracia”.

Segundo Cunha, embora tenha havido resistências por parte de instituições com sede em capitais em relação ao desenvolvimento da Universidade e deste contexto – muito por conta de sua localização no interior do estado –, o efeito disso foi extremamente positivo, visto que resultou em novos conceitos de educação, de desenvolvimento social e econômico, e de garantia da democracia.

“UMA UNIVERSIDADE SEM PESQUISA É COMO PLANETA QUE GIRA EM TORNO DE SÓIS. SOMENTE A UNIVERSIDADE CAPAZ DE DESBRAVAR NOVOS RUMOS, ATRAVÉS DA PESQUISA, PODERÁ SER CONSIDERADA, EFETIVAMENTE UM SOL COM LUZ PRÓPRIA, COM CALOR VIVIFICANTE”. 

José Mariano da Rocha Filho, no livro Os 50 Anos da Nova Universidade

Descrição da imagem: Ilustração horizontal e colorida com fundo verde acinzentado. A ilustração está no centro. No lado esquerdo da ilustração, andaime preto, de ferro, na horizontal, com um guincho no topo. O guincho é quadrado e amarelo e está ligado a uma barra horizontal com duas espias nas pontas; na espia da direita, o gancho amarelo segura um cilindro cinza escuro. Abaixo do cilindro, microscópio branco com detalhes em cinza escuro. Do lado esquerdo do laboratório, três tijolos quadrados na cor marrom avermelhado; em cada um deles cresce uma muda de planta verde. Do lado direito do microscópio, na horizontal, lupa com corpo cinza escuro. A lupa é segurada por dois homens minúsculos com macacão cinza e camiseta e capacete de proteção amarelos. Acima, estante de três andares na cor marrom avermelhado; há uma escada preta apoiada na estante; sobre ela, um homem minúsculo de macacão cinza, camiseta e capacete de proteção amarelos; ele tem nas mãos um pincel e, na sua frente, um globo terrestre nas cores azul e verde. O fundo é verde acinzentado.

Para Jorge Luiz Cunha, a importância do simbolismo da criação da UFSM como a primeira universidade no interior do país se relaciona diretamente com a interpretação que fazemos da cultura brasileira. Quando uma universidade no interior é criada, abre-se espaço para uma maior representatividade e participação da sociedade, ao serem incluídas nas pautas de ensino e pesquisa camadas da população que, na época, encontravam-se muito distantes do ensino superior. “Eu acho que essa é a grande estratégia política da criação de uma universidade no interior. Nós passamos a criar a possibilidade de, a partir da pesquisa – um conceito que diz respeito ao ensino, à extensão e à produção de novos conhecimentos – nos aproximar da realidade”.

Nesse sentido, a existência de uma universidade como a UFSM representa, em toda a sua história, uma aproximação e uma abertura de perspectivas para a realidade fora das capitais. Esse aspecto caminha em conjunto com a diversidade proporcionada e promovida pela internacionalização, também presente ao longo de todo o percurso da instituição. A luta pela garantia da democracia e pelo acolhimento das diversidades – para os parâmetros da época –, já citados por Cunha, são princípios trazidos do passado e adaptados ao presente. Visto que, apesar dos grandes avanços que podem ser percebidos a partir desse projeto de democratização da educação e de promoção da cidadania, ainda hoje há muito o que evoluir como sociedade em busca de uma universidade para todos.

Assim, olhar para o passado da Universidade Federal de Santa Maria é ver o seu papel nessa luta, além de ser essencial para que se entenda o presente e se construa um futuro melhor. “Eu acredito que precisamos recuperar memórias do início da história da UFSM sobre novos conceitos aplicados no campo hoje. Eu acho que lembrar disso é uma estratégia para reagirmos a essa pandemia, que não é simplesmente relacionada à saúde, mas uma pandemia social, política, e cultural”, complementa Cunha.

A pesquisa através dos anos

A história da pesquisa na UFSM revela a participação de célebres cientistas – muitos deles estrangeiros – e o senso de pioneirismo.  Apresentamos, a seguir, alguns dos principais marcos das primeiras décadas dessa trajetória – até 1991, ano em que ocorreu a 1ª Jornada de Pesquisa da instituição:

1959

Os professores austríacos Richard e Mariana Wasicky e Richard Joachimovitz chegam a Santa Maria. Eles lecionaram nas faculdades de Farmácia e Medicina. Richard Wasicky havia sido professor do Departamento de Farmácia da Universidade de Viena. Ministrava aulas simultaneamente na UFSM e na Universidade de São Paulo. Em Santa Maria, lecionava Farmácia, Química, Botânica e Farmacognosia.

Descrição da imagem: Fotografia antiga em preto e branco de uma mulher em frente a uma mesa com equipamentos. A foto é em preto e branco. A mulher está de pé, em perfil, e tem pele clara, cabelos escuros e ondulados na altura do pescoço; está com a cabeça para baixo; usa camisa clara e calça escura; está com as mãos em uma bandeja clara com objetos circulares transparentes. A mesa é escura e larga, e está na parte direita da imagem. Na parte esquerda, armários de madeira escura e portas de vidro, e parede clara.

1961

Arthur e Ana Primavesi, também austríacos, tornam-se docentes na UFSM. Permaneceram na Universidade por 15 anos e criaram o Instituto de Solos e um dos primeiros programas de pós-graduação, o de Biodinâmica e Produtividade do Solo, em 1972.

1962

O Instituto da Fala é criado na UFSM pelo otorrinolaringologista e professor Reinaldo Fernando Coser. O instituto, na época único na América do Sul, destinava-se ao desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão na área da adição, fala e linguagem.

Fotografia preto e branca de três pessoas em volta de uma mesa com dois equipamentos. Na esquerda, mulher de pele clara e cabelos escuros está sentada; ela veste camisa e calça claras, e usa um fone de ouvido headset escuro na cabeça. Está de perfil. Em sua frente, mesa comprida com tampo claro. Em cima, dois equipamentos: o de trás é escuro e o da frente é claro. Do outro lado da mesa e em frente a cada um dos equipamentos, dois homens de pele clara, cabelos curtos e escuros, vestem roupas claras e olham para o equipamento claro. O fundo é uma parede com textura de material acústico.
Descrição da imagem: Fotografia quadrada e em preto e branco de pessoas ao redor de uma casa no meio de um campo. A casa é pequena, com madeira e telhas de barro, em cor clara e telhado escuro. Na frente da casa e em frente à porta, cerca de 20 pessoas de roupas formais, a maioria de pele clara, estão em pé. Ao fundo, um carro escuro. É um campo grande, com vegetação baixa. Ao fundo, bosque de árvores e céu com nuvens.

1969

Thomas Tafael começa a trabalhar como professor assistente no Departamento de Zootecnia, onde implantou o projeto “Fazenda de Peixes”. Também lecionava nos cursos de biologia dos peixes e gestão de piscicultura na graduação e pós-graduação.

 

1970

É criado o primeiro curso de pós-graduação, o Mestrado em Educação, na Faculdade Interamericana de Educação (FIE). Ele fez parte de um projeto desenvolvido a partir de um convênio entre o governo brasileiro e a Organização dos Estados Americanos (OEA) e tinha como objetivo a integração educacional entre os países latino-americanos para a formação de recursos humanos. Eram disponibilizadas 30 bolsas por ano, sendo 15 para brasileiros e 15 para estrangeiros.
Descrição da imagem: Fotografia horizontal e em preto e branco de nove pessoas sentadas atrás de mesas de madeira, em meio círculo. Estão em uma sala de paredes claras e seis janelas amplas. As mesas estão dispostas em formato de meia lua; são mesas de madeira com tampo claro e estrutura escura. São quatro homens e cinco mulheres. Um dos homens tem pele escura, e o restante tem pele clara.

1974

Criação da Pró-Reitoria de Ensino e Pós-Graduação. “Com a instalação, na UFSM, da Faculdade Interamericana de Educação, houve a necessidade de criar uma estrutura administrativa que possibilitasse fazer a gestão da pós-graduação”.
Paulo Schneider, atual Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

1983

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa é criada. O primeiro Pró-Reitor foi o professor Zosymo Lopes dos Santos, que originalmente tinha atuação como docente e pesquisador na área da Farmácia.

“(…) no mesmo ano, para estimular a pesquisa, foi regulamentado o Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIPE). Este tinha como objetivo fundamental auxiliar e incentivar os pesquisadores a incorporar a atividade de pesquisa no seu cotidiano acadêmico. A incorporação da pesquisa à pós-graduação foi fundamental para destacar, dar mais personalidade e importância às atividades de pesquisa desenvolvidas, aumentando com isto a capacidade de concorrência entre os pares nas agências de fomento à pesquisa.”

1985

É estabelecida a estrutura administrativa da pesquisa, com a criação dos Gabinetes de Projetos (GAP) vinculadas às unidades de ensino da Universidade. Isso possibilitou um registro contínuo dos projetos de pesquisa desenvolvidos, uma padronização das produções e um maior controle da instituição, por meio da cobrança de relatórios técnicos parciais e finais.

1986

É criada a primeira edição do Catálogo da Produção Intelectual da UFSM, organizada pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP). Nela, os docentes da instituição tinham a oportunidade de publicar os seus trabalhos, em formato semelhante ao que hoje se observa na Plataforma Lattes.

“A Plataforma Lattes do CNPq surgiria apenas em 1999, mas a UFSM já fazia seus movimentos no sentido de informatizar seus registros de pesquisas. Nesse processo, os Gabinetes de Projetos foram e ainda são um importante suporte ao planejamento e controle para os pesquisadores e para a instituição.”

1991

Ocorre a 1ª Jornada de Pesquisa. Posteriormente, em 1998, ela chegaria ao que é conhecida atualmente como a Jornada Acadêmica Integrada (JAI).

Expediente:

Reportagem: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo;

Ilustração e Diagramação: Yasmin Facchin, acadêmica de Desenho Industrial.

Conteúdo produzido para a 12ª edição impressa da Revista Arco (Dezembro 2021)

 

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