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O que diz o silêncio do cotidiano

Exposição do artista visual Carlos Donaduzzi nos faz questionar o isolamento criado pela tecnologia



Trabalhar com o cotidiano e ressaltar o trivial; contar, através de vídeos e da fotografia, os acontecimentos observados em bares, cafés e locais com aglomerações de pessoas. É assim que Carlos Donaduzzi descreve as motivações para sua mais nova exposição. Artista visual, fotógrafo natural de Santa Maria e integrante do Laboratório de Pesquisa em Arte Contemporânea, Tecnologia e Mídias Digitais (Labart), Donaduzzi inaugura em Santa Maria a exposição Do outro lado do silêncio.

A mostra faz parte do trabalho de qualificação de doutorado em Artes Visuais, no Programa de Pós-Graduação em Artes visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAV-UFRGS). As fotografias e vídeos produzidos revisitam a obra de Edward Hopper, artista norte-americano conhecido pelas imagens que traduziam a solidão urbana e a inércia do homem. “O interesse por Hopper foi imediato, logo na primeira aula da graduação, mesmo ainda sem saber o que me atraía em suas obras. Com o tempo, tornou-se praticamente uma influência involuntária”, relata Donaduzzi.

Chair Car, do artista Edward Hopper, principal referência de Carlos Donaduzzi
Entardecer das escolhas, fotografia em movimento, Carlos Donaduzzi, 2017

A maneira como Edward Hopper apresenta em suas obras a relação do personagem com o espaço e a sua presença na sociedade e consigo mesmo fizeram Donaduzzi pensar nas construções de cenas que apresenta na série. “Existe uma atmosfera de silêncio e incomunicabilidade nas obras de Hopper que me guia ao pensar o meu trabalho e em como desenvolver essa ideia de atualizar um pensamento sobre a sociedade”, ressalta o artista.

Sessão de um filme sem nome, fotografia em movimento, Carlos Donaduzzi, 2017

Foi em uma visita de Donaduzzi ao Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, que surgiu a ideia para a produção. Ao adentrar em uma das galerias, o artista percebeu que havia um acúmulo muito grande de visitantes; todos estavam ali para ver A Noite Estrelada (1889) de Van Gogh. Com algo semelhante a um cordão de isolamento diante da obra, era preciso aguardar para poder vê-la sem interferência. Já incomodado com a situação, Donaduzzi afastou-se e observou a cena com outro olhar. “Havia quase um protocolo seguido pela grande maioria dos visitantes. Começava com um entusiasmo por ver a obra, logo após a mão já ia em direção ao bolso para buscar o smartphone, depois vinha o movimento de tentar chegar perto do quadro. Quando a pessoa chegava, fotografava o quadro, depois tirava uma selfie com ele e logo depois se afastava procurando um local menos ocupado no museu para enviar a foto para alguém ou postar em alguma rede social”, conta Donaduzzi.

Já não consigo mais viver nesse mundo, fotografia, Carlos Donaduzzi, 2018.

Chegou então, à seguinte constatação: vivemos em um mundo onde o mais importante é fotografar ao invés de viver o momento. “As interfaces sociais nos roubam experiências. A exposição é uma sequência de imagens realizadas que possuem relações entre si e adquirem esse pensamento em torno do silêncio”, descreve o artista.

A curadoria da exposição fica por conta de Sandra Rey, artista visual, docente da UFRGS e orientadora de Donaduzzi. Sandra  destaca que “as celebrações, alegrias e dores, desde as mais singelas, ingênuas, mesmo tolas, até as grandes vitórias ou perdas pessoais, são compartilhadas, em tempo real, nas mídias sociais”. As fotografias apresentadas encenam situações e atitudes que estão cada vez mais presentes no cotidiano.

Insira sua obra de arte preferida, Carlos Donaduzzi, 2018.
Uma e muitas pessoas,, Carlos Donaduzzi, 2018.

Como santa-mariense e ex-aluno da UFSM, expôr na Universidade é, para o artista, uma forma de “apresentar um trabalho novo, onde ele iniciou”. A exposição inaugura nesta segunda-feira (21), às 17h, e pode ser conferida pelo público do dia 22 de maio ao dia 6 de junho. Do outro lado do silêncio acontece na sala Cláudio Carriconde, no Centro de Artes e Letras (CAL) das 9h às 12h e das 14h às 17h.

Reportagem: Mariana Machado

Fotografias:  Carlos Donaduzzi

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