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8 informações sobre cookies que você precisa saber

Propaganda, autenticação e rastreamento são as principais funções dos cookies, mas também é importante atentar para questões de privacidade e segurança



“Nosso site armazena cookies em seu dispositivo e divulga informações de acordo com nossa Declaração de Cookies. Escolha ‘Personalizar configurações’ para controlar os cookies. Podemos coletar certos dados agregados e anônimos de seu navegador, independentemente de suas preferências de cookies”. Esses são exemplos de avisos que agora aparecem em muitos sites. Sabe aquele botão, no pé da página, que te pede para ‘aceitar cookies’? Você já parou para pensar o que são eles, para que servem e o que acontece quando você os aceita?

Em conversa com João Vicente Ferreira Lima, docente do Departamento de Linguagem e Sistemas de Computação no Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria, a Arco listou as respostas para oito questões que você precisa saber sobre os cookies.

1. O que são cookies?

“Toda vez que um site quer guardar alguma informação sobre o usuário, ele faz isso por intermédio de cookie”, explica João Vicente Ferreira Lima. Essas informações, em formato de dados textuais, não fazem sentido para o usuário, mas somente para o site que os armazena. O professor lembra que a origem dos cookies coincide com a criação do navegador Netscape, em 1994. A intenção era que o browser conseguisse armazenar, por meio do cookie, uma pequena quantidade de dados do usuário que visitava o site, para que, quando ele retornasse ao navegador, este soubesse que o usuário já esteve ali antes.

Preenchimento automático de senhas em diversas contas é um exemplo das informações que os cookies guardam. Além disso, se você entrar em um site de compras e adicionar itens ao ‘carrinho’, os cookies impedem que, ao fechar o site sem finalizar a compra, você perca as informações (os produtos) salvos no carrinho, e possa continuar a compra de onde parou.

João Vicente elenca três tipos de cookies, e que possuem diferentes funções: os de sessão, os persistentes e os de rastreamento.

2. Cookie de sessão

Os computadores têm um identificador conhecido como “endereço IP”Internet Protocol, em inglês. Em resumo, cada computador tem um endereço exclusivo que o identifica em toda a internet ou em uma rede local e/ou privada. Esse elemento permite que seja feito um registro de impressão digital do dispositivo, que é único para cada visitante. No caso dos cookies, as informações dos sites são salvas no disco rígido do computador. 

Quando são do tipo ‘sessão’, guardam informações sobre o que o usuário fez ou a forma como navegou em determinado site para que, quando mudar para outro site, as informações sejam preservadas.  Por ser vinculado às informações específicas do servidor do computador, ele não pode ser transmitido para outros dispositivos. Além disso, por serem temporários, quando o navegador é fechado, os cookies de sessão são excluídos automaticamente. 

3. Cookie persistente

Também conhecidos como cookies primários, são aqueles que guardam informações sobre o usuário por algum período de tempo e podem ser excluídos manualmente. João Vicente explica que a autenticação de senhas é um exemplo da maneira como esses dados são armazenados. Quando você entra em alguma conta, seja de loja, rede social ou aplicativo, e permite que o dispositivo “lembre a senha”, ela é armazenada no dispositivo para que, em acessos futuros, você não precise inserir os dados da conta novamente.

4. Cookie de rastreamento

“Qualquer site pode ler o cookie de rastreamento e saber por onde andei”, explica o docente. Este tipo coleta informações sobre o comportamento de um usuário, ou seja, de que maneira ele navega em determinado site, o que ele pesquisa, quais elementos em que clica, o que se interessa. Esse tipo de cookie está muito vinculado à publicidade e ao consumo, uma vez que permite que os sites direcionem a propaganda de acordo com as pesquisas prévias do usuário. Você já deve ter entrado em alguma loja online para pesquisar algum produto e, depois, ao acessar sites que não são de compras, deparou-se com uma publicidade daquele produto específico pesquisado antes. É assim que um cookie de rastreamento funciona.

5. Transparência

O site deve avisar ao usuário quando usar de cookies e que fim será dado a eles. No entanto, a maioria dos avisos é genérica e informa que a ferramenta é usada para melhorar a experiência do usuário. João Vicente explica que há um problema de transparência. “Na LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], o que se diz é que o site tem que deixar bem claro o que faz com os cookies.  Mas o que garante que sabemos que o informado é o real uso?”, questiona. A partir disso, muitos usuários aceitam os cookies sem o entendimento concreto e crítico do que eles são e o que fazem. Além disso, há sites que não apresentam a opção de “rejeitar os cookies”.

6. LGPD

A Lei nº 13.709, de 2018, também é conhecida como a Lei Geral da Proteção de Dados – LGPD. De acordo com o Ministério Público Federal, o objetivo principal é “proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural” na internet. Para João Vicente, a partir da LGPD, os sites que coletam cookies são obrigados a informar isso ao usuário. “Interpretando a LGPD, ela diz que o site tem que pedir permissão para guardar ou consultar informações pessoais minhas”, explica. É por esse motivo que os sites devem ter os botões de aceitar ou rejeitar cookies. A coleta, portanto, é feita com a permissão do usuário. No entanto, João Vicente alerta para a transparência, uma vez que o aviso genérico  inserido no pé da página nem sempre permite ao usuário compreender o que ele está aceitando.

7. Segurança

Para João Vicente, os cookies podem representar dois aspectos negativos para o usuário. Um deles é a segurança: “é uma falha que pode acontecer no navegador, por exemplo, quando você autentica em algum site, ele vai guardar cookies para saber qual é o usuário. Pode acontecer de outro site roubar aquele cookie, e aí temos uma falha do navegador”. João ainda acrescenta que os grandes vazamentos de dados, na maioria dos casos, não acontecem por conta de cookies, mas sim de informações de autenticação, a exemplo das senhas.

“Uma coisa a gente pode afirmar: não aceitarmos os cookies é sempre mais seguro”, afirma. Ao não aceitá-los, o prejuízo que o usuário pode ter é na personalização da experiência ou na necessidade de, sempre que entrar em uma conta, inserir login e senha. No entanto, para ele, há ganhos na privacidade que são importantes.

8. Privacidade

“A questão central do cookie é que grande parte dos sites usam eles para saber informações sobre o usuário”, explica João Vicente. Ele alerta que é necessário que as pessoas pensem na privacidade: “Aí volta aquela velha nova frase, de que se a gente está usando uma plataforma que é de graça, no fim, nós que somos o produto, eles que ganham com a gente”. O docente lembra que a principal receita das mídias sociais é a publicidade, que está diretamente ligada à atuação dos cookies.

Expediente

Repórter: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Fotografia e ilustração: Noam Wurzel, acadêmico de Desenho Industrial e bolsista

Mídia Social: Samara Wobeto, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Eloíze Moraes, acadêmica de Jornalismo e bolsista; Caroline de Souza, acadêmica de Jornalismo e voluntária; e Martina Pozzebon, acadêmica de Jornalismo e estagiária

Edição de Produção: Esther Klein, acadêmica de Jornalismo e bolsista

Edição Geral: Luciane Treulieb e Maurício Dias, jornalistas

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