Qualidade de vida no ar

No Brasil, 84% da população vive em áreas urbanas. O crescimento das cidades e desenvolvimento de grandes centros urbanos leva a formação de “ilhas de calor” – fenômeno que concentra as maiores temperaturas em determinados locais da cidade, devido à dificuldade de dissipação de calor, e baixos graus de umidade relativa do ar. Segundo dados da OMS, o índice de umidade considerado saudável não deve ser inferior a 60%. Valores abaixo de 30% são considerados Estado de Atenção.

A vegetação em parques e praças é reponsável pela redução da temperatura do ar, que propicia melhores condições climáticas para o ambiente. Temperaturas amenas são ideais para quem utiliza o local como espaço de atividades físicas e convívio social. Segundo a OMS, fazer caminhadas de 30 minutos cinco vezes por semana reduz em até 40% as chances de problemas cardiovasculares.

Pensando nisso, os alunos de Engenharia Elétrica da Universidade de São Paulo (USP) Renata de Camillo Corrêa Bernardes e Renato Nunes Moraes criaram um Sistema Automático de Umidificação de Parques, o SAUPA, premiado no ano passado pelo Telit Cup Brasil, competição universitária que incentiva o desenvolvimento de projetos para melhoria da qualidade de vida urbana.

O SAUPA funciona através da liberação de água para umidificação de ambientes abertos. Ele combina quatro fatores: temperatura, umidade, raios ultravioletas e presença de pessoas. Os três primeiros fatores foram escolhidos pois são indicadores de conforto e qualidade de vida em um ambiente externo. Já a contagem de pessoas no local serve para evitar desperdícios: impede que o sistema seja acionado com a mesma intensidade em momentos dispensáveis.

Todos esses elementos são combinados através de um cálculo do sistema, que controla as variações climáticas e de ocupação dos parques ao longo do dia. Assim, é possível acionar os difusores de água automaticamente, sempre que o processo de umidificação for necessário.

O sistema busca tornar o ambiente mais agradável, menos sujeito à influência da poluição e mais propício para o desenvolvimento vegetal e realização de atividades físicas e sociais através do controle microclimático da umidade do ar.

Projeto Premiado

O SAUPA é composto por sensores de umidade e temperatura do ar e do solo, sensores de velocidade e direção dos ventos, sensores de presença e radiação UV que devem monitorar o ambiente e enviar os dados captados à central de processamento, instalada em um ponto estratégico do local. A comunicação dos sensores com o módulo central é realizada através de um sistema wireless. Segundo os idealizadores, “por ser wireless, o sistema pode ser facilmente integrado, tem manutenção facilitada pois ela pode ser feita remotamente. É um sistema inteligente, os usuários têm acesso a todas as informações do sistema em tempo real, em qualquer lugar.”

Os primeiros testes do SAUPA foram realizados em ambientes fechados, devido ao alto custo de aplicação. O próximo passo do projeto é buscar parcerias com prefeituras e adminitração de parques, além de empresas que trabalham com questões socioambientais, para colocar o projeto em prática.

Conquistar o primeiro lugar entre 1200 estudantes na Telit Cup Brasil significou viajar para Las Vegas, visitar e apresentar o projeto na CTIA, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo. Para Renato, ganhar a competição “é um incentivo imenso, passamos a confiar ainda mais no potencial do projeto e na possibilidade de ele se tornar um produto vendável.” Os estudantes acreditam que o SAUPA possa ser levado a qualquer lugar onde o sistema seja necessário, visando sempre a qualidade de vida da população.